Um pouco além de Pokémon: conheça Bushi Seiryuuden: Futari no Yuusha, inusitado RPG da Game Freak para SNES

em 16/10/2013

Uma garota raptada por um monstro maligno é a trama principal de inúmeros jogos. Bushi Seiryuuden: Futari no Yuusha (algo como “Guerreiro... (por Farley Santos em 16/10/2013, via Nintendo Blast)

Uma garota raptada por um monstro maligno é a trama principal de inúmeros jogos. Bushi Seiryuuden: Futari no Yuusha (algo como “Guerreiros da Lenda do Dragão Azul: Os Dois Heróis”) é mais um título que utiliza esse tipo de história. Mas felizmente o game, que se passa no Japão feudal, se destaca pela jogabilidade repleta de conceitos interessantes e únicos. Este RPG é um dos poucos títulos da Game Freak para SNES, famosa mundialmente pela série Pokémon. Por ter saído no fim da vida do console, infelizmente o título não foi lançado fora do Japão.

Desafiando deuses

Jin é um jovem espadachim em treinamento que vive tranquilamente com sua irmã Nami. Um dia o rapaz sai em uma expedição para melhorar sua técnica com a espada e encontra uma estranha criatura chamada Wokuu. A besta afirma ser, na verdade, uma garota sob um feitiço antigo e pede ajuda para quebrar tal maldição. O espadachim acredita em Wokuu e promete ajudá-la.


Antes de sair na jornada para ajudar o curioso monstro, Jin decide voltar para casa e visitar sua irmã. Ao chegar lá, o herói se deparou com uma cena terrível: uma criatura gigante levando Nami em suas garras e sua casa em chamas. O espadachim descobre que o monstro é o Deus do Oceano e que ele precisa de Nami para executar algum plano macabro, sendo que a garota é mantida cativa em uma imensa torre no oceano. Jin parte em uma jornada para salvar Nami, derrotar o Deus do Oceano e desfazer a maldição lançada sobre Wokuu.

Uma aventura de várias perspectivas

As imagens de Bushi parecem sugerir que ele é um jogo de plataforma 2D, mas não é bem o caso. A aventura de Jin e Wokuu é na verdade um RPG com toques de estratégia e ação. O que torna este título único é a mistura de perspectivas de visão: aérea, em primeira pessoa e lateral. A visão aérea é utilizada no mapa e lembra muito The Legendo of Zelda: A Link to the Past (SNES). Jin pode cortar arbustos, pular de penhascos e encontrar itens e calabouços nesta perspectiva. Ao conversar com alguém ou entrar em alguma residência, a visão muda para a primeira pessoa. É possível mover a câmera para os lados e acessar outros cômodos, além de interagir com pessoas e cenário.


Ao tocar algum inimigo ou ao entrar em algum calabouço, a visão é alterada para lateral, como em um jogo de plataforma 2D. Curiosamente estas sessões funcionam por turnos, de maneira similar à série Mystery Dungeon. Cada ação – seja ela andar, atacar ou usar algum item – consome um turno, sendo que os inimigos realizam ações em conjunto com o herói. Os movimentos são ativados apertando botões, sendo que um menu aparece somente ao utilizar itens. Jin pode desferir ataques com a espada, defender com um escudo mágico e executar várias técnicas especiais que atingem vários inimigos simultaneamente. Wokuu também participa do combate e exploração, sendo utilizada principalmente para alcançar locais de difícil acesso.


Para conseguir adentrar a torre do Deus do Oceano, os heróis precisam recolher inúmeras magatamas, jóias curvadas características do período Jomon da história japonesa. A principal maneira de obter estes itens é derrotando inimigos. Por mais que o combate seja interessante, a tarefa acaba se tornando maçante. Para evitar isso, existe um sistema de bônus: basta derrotar os inimigos utilizando uma pequena quantidade de turnos. Não é uma tarefa trivial, sendo necessário pensar bem e montar estratégias para conseguir os magatamas extras. Jin conta também com uma habilidade que permite analisar o cenário e inimigos, sendo possível encontrar segredos por meio disso.

Um belo Japão feudal

Por ter saído no fim da vida do SNES, Bushi apresenta belos sprites 2D. Os personagens e cenários são grandes e detalhados, por mais que não exista muita variedade de cenários – o que costuma ser fato recorrente em jogos cujo o tema é o Japão feudal. Outro ponto interessante é o desenho dos personagens: idealizado por Ken Sugimori, o traço lembra fortemente os primeiros jogos da série Pokémon. A música é de autoria de Junichi Masuda, que também trabalhou na trilha sonora das aventuras dos monstrinhos de bolso.

Lenda oriental

Bushi Seiryuuden: Futari no Yuusha é um dos jogos mais ousados da Game Freak. O título mistura vários conceitos diferentes e em pouco lembra os outros jogos da desenvolvedora. O maior destaque é o sistema de batalha único, que pega emprestado características de vários gêneros diferentes. Assim como Drill Dozer (GBA) e HarmoKnight (3DS), Bushi mostra que a Game Freak consegue produzir títulos criativos e completamente desvinculados da série Pokémon. E vocês, gostariam de testar este jogo?

Revisão: José Carlos Alves
Capa: Sybellyus Paiva

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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