Das telinhas para os quadrinhos: saiba como os mangás de Pokémon são muito melhores do que se imagina

em 08/08/2013

Na semana passada, vimos emergir uma  petição para a vinda do mangá de Pokémon para o Brasil . Aposto que muita gente vidrada nos monstri... (por Rafael Neves em 08/08/2013, via Nintendo Blast)


Na semana passada, vimos emergir uma petição para a vinda do mangá de Pokémon para o Brasil. Aposto que muita gente vidrada nos monstrinhos de bolso parou para pensar: mas como seria um mangá de Pokémon? Será que vale a pena pagar pela conversão do que jogamos nos nossos portáteis para as páginas monocromáticas de um mangá? Estou aqui para mostrar a vocês o curioso mundo dos mangás da série Pokémon e dizer que, sim, os quadrinhos orientais da franquia são muito interessantes. Na verdade, os mangás de Pokémon estão muito acima da versão em anime da série. Não acredita?




Após se aventurar por Kanto, Johto e por aí vai, Red ruma para o Brasil.
Ou pelo menos quem dera
Primeiramente, se você está acostumado com as lineares e centralizadas aventuras de Ash e seu Pikachu pelas diversas regiões do mundo Pokémon na televisão, saiba que, com os mangás, a coisa é muito mais... diversa, para não dizer complicada. Há dezenas de versões mangá da franquia, cada uma com suas particularidades, temas, estilo de arte... Enfim, é realmente muita coisa. Tanta coisa que, como pouquíssima foi publicada no Ocidente, fica muito difícil apurarmos todos os detalhes. Tentaremos mostrar o que se destaca mais, e não há como não começar por...


As jornadas épicas de Pokémon Adventures

Facilmente a maior linha de mangás inspirados em Pokémon, Adventures ganha uma nova saga a cada jogo da série lançado. A proposta de Pokémon Adventures não é a de meramente popularizar os games da série, mas de construir uma verdadeira visão "mangástica" do mundo criado por Satoshi Tajiri.

E há muita coisa que faz de Adventures uma adaptação muito mais interessante do que o anime. Por exemplo, há muitos protagonistas, que se relacionam, se substituem, reaparecem, etc. Também vemos, incrivelmente, monstrinhos morrendo, assim como personagens (Alguém viu a Arbok cortada ao meio abaixo?). Na verdade, o próprio clima de Adventures é muito mais sombrio do que o do anime e até o dos videogames. Aqui, as batalhas não são confrontos regrados de um Pokémon contra o outro, mas, sim, embates de rua nos quais o treinador luta junto com seu monstrinho com o objetivo de derrubar o treinador adversário. Para isso, é possível abusar armas e não interessa quantos Pokémon você usa de uma vez. Basicamente, vale tudo.
Um dos aspectos mais interessantes de Pokémon Adventures é como as histórias se cruzam e os protagonistas se encontram mesmo após a conclusão de seus arcos originais
Essa característica aproxima as aventuras vividas por Red, Blue, Green, Yellow, Gold, Silver, Crystal, Ruby, Sapphire, Diamond, Pearl e todos os outros protagonistas de um realismo maior. Por exemplo, você não ia achar que a Equipe Rocket, uma organização criminosa macabra, iria duelar seguindo todas as regras e a ética, não é? Outra característica legal é que os líderes de ginásio podem ser, na verdade, vilões, e obter sua insígnia envolverá derrubá-lo para "arrancar" o troféu dele. E tem mais: diferentemente do anime, em Pokémon Adventures não há nenhuma restrição quanto à captura de Pokémon lendários. Ou seja, não existe aquele papinho moralista de Ash - então, se você vir um Arceus, faça como nos jogos e capture-o. Falando em fazer como nos games, Pokémon Adventures ainda coloca em suas páginas sprites e capturas de tela dos games da série.
Nenhum Pokémon foi ferido durante
a produção deste quadrinho
A série é dividida entre os capítulos Red & Blue, Yellow, Gold & Silver & Crystal, Ruby & Sapphire, FireRed & LeafGreen, Emerald, Diamond & Pearl, Plantinum, HeartGold & SoulSilver, Black & White e Black 2 & White 2. Estes dois últimos capítulos não foram terminados e espera-se que logo comece a saga X & Y para aumentar alguns volumes aos mais de quarenta que já compõem a coleção. A adaptação para os mangás foi tão bem recebida que até mesmo os próprios envolvidos na série, como o criador Satoshi e o produtor Tsunekaz recomendam fortemente Pokémon Adventures.

Poké-piadas

Mas nem toda adaptação de Pokémon para os quadrinhos japoneses foi séria como Pokémon Adventures. Outras séries preferiram o estilo de comédia para levar o riso aos quase 700 monstrinhos de bolso. Foi o caso de Pokémon Pocket Monsters, a primeira série de mangá da franquia. Nele, temos Ash, seu Clefairy e seu Pikachu em hilárias aventuras por Kanto, Johto, Hoenn, Shinnoh e Unova. A escolha de Clefairy como protagonista provavelmente se deu por ser este monstrinho o primeiro candidato a mascote da série, lugar cedido posteriormente a Pikachu. Diferentemente de Adventures, Pokémon Pocket Monsters foi traduzido para poucos países fora do Japão, justamente pela temática eminentemente nipônica. Trata-se de uma adaptação que foge, em diversos aspectos, à mitologia oficial da série. Por exemplo, aqui os monstrinhos falam como seres humanos, podem evoluir a qualquer momento (inclusive regredir ou pular estágios evolutivos) e apresentam caras e bocas que só mesmo existem em um mangá. Mas talvez o pior furo sejam órgãos sexuais (não só de humanos, mas de... Pokémon também) explicitamente (para não dizer bizarramente) visíveis. É, fãs brasileiros, é melhor não fazer petição para qualquer coisa não.

O autor deste artigo se abstêm da obrigação de pôr um comentário nessa imagem
Temos também diversos mangás em formato 4-koma (ou "Yonkoma", que significa, literalmente, "quatro quadrinhos"), que correspondem às nossas populares tirinhas. São histórias de poucos quadrinhos que contam uma piada envolvendo os monstrinhos de bolso. Há diversos volumes 4-koma de Pokémon, com diferentes estilos, artistas e "nível" de piadas.
A arte de reciclar

Da TV para o mangá

Aproveitando o sucesso da série televisiva, muitas adaptações do universo dos monstrinhos de bolso para os quadrinhos japoneses tomaram como base as aventuras de Ash, Misty e Brock. Um mangá que se baseia em anime pode ser justamente o contrário do que normalmente acontece, mas, ainda assim, rendeu páginas e mais páginas de quadrinhos preto e branco. Embora nenhum mangá conte, do início ao fim, toda a saga de Ash, há adaptações de momentos da história e sobretudo dos filmes da série. Praticamente todos os longas-metragens de Pokémon receberam versões em quadrinhos (algumas até coloridas).

Destacamos também The Electric Tale of Pikachu, uma visão alternativa das viagens de Ash pelo mundo Pokémon. Nessa versão , acompanhamos os esforços de Ash para ser campeão nas Liga Indigo e a das Ilhas Laranja, mas com uma participação bem menor dos companheiros Misty e Brock. Apesar de o protagonista ser Ash, o seu visual é inspirado, na verdade, em Red (que aliás, não difere muito do próprio Ash).

Mais alguma Pokébola?

Bom, como já dissemos, o universo dos mangás de Pokémon é extenso. Não nos esqueçamos que mangás são muito populares no Japão, diversas empresas o produzem e a sua leitura é muito associada à cultura de videogames, então é comum que os monstrinhos de bolso caiam nos quadrinhos japoneses. Para se ter uma ideia, até obras inspiradas em Pokémon Trading Card Game existem (à lá Yu-Gi-Oh!). Em suma, se queremos mesmo que os mangás de Pokémon venham para o Brasil, precisamos escolher sabiamente qual desejamos em nosso país. E eu acho que começar por Pokémon Adventures é uma ótima pedida!

Revisão: José Carlos Alves
Capa: Stefano Genachi

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