Blast from the Past: Mystical Ninja - Starring Goemon (N64)

em 14/12/2012

Lembro-me como se fosse ontem do lançamento do Nintendo 64. O console era diferente de tudo que já havia sido lançado e representava um sa... (por Unknown em 14/12/2012, via Nintendo Blast)


Lembro-me como se fosse ontem do lançamento do Nintendo 64. O console era diferente de tudo que já havia sido lançado e representava um salto tecnológico gigantesco para a indústria. Eu, uma criança de sete anos, deslumbrada com toda a qualidade do console, tratei de fazer um escândalo para garantir que aquele fosse meu presente de natal. Como um bom garoto mimado, consegui o que queria. Do natal de 1996 até o lançamento de The Legend of Zelda: Ocarina of Time em novembro de 1998, muitos jogos excelentes passaram pelo meu console, mas poucos me marcaram tanto como Mystical Ninja: Starring Goemon, um inusitado jogo de aventura passado no antigo Japão e com doses fortíssimas de humor nonsense.

O maior palco do mundo!

Logo de inicio já dá para notar o quão bizarro é este jogo. Com uma divertidíssima música (cantada em japonês) na abertura, o título conta a história de Goemon, um garoto de cabelo azul que decide viajar pelo Japão para impedir os planos dos Momoyama Shoguns, uma banda que deseja transformar todo o país em um gigantesco palco, já que o grupo se sente injustiçado por ter que se apresentar em espaços tão pequenos. Além disso, os vilões desejam sequestrar todas as crianças do mundo e transformá-las em dançarinas, tudo isso a bordo de uma nave em forma de pêssego! E você achando que já tinha visto de tudo...



Como se desse para chamar de outra coisa...
Goemon e seu melhor amigo, Ebsumaru, um gordinho desastrado que adora tirar suas roupas aleatoriamente, decidem partir nesta aventura ao testemunharem os vilões transformando o castelo de sua cidade em um castelo medieval. Vejam só que maravilha, o título conta a história de uma vingança completamente sem sentido, tais quais as vinganças da teledramaturgia brasileira! Durante sua jornada, os dois ainda encontrarão Yae, uma garota rebelde e de cabelos verdes e Sasuke, um ninja robô movido a pilhas. Cada personagem possuía habilidades únicas que o jogador podia alterar o controle sobre cada um deles em tempo real, o que dava um toque de estratégia ao título. Durante sua jornada, os heróis cruzavam com pessoas completamente piradas, dragões histéricos que previam o futuro e outras bizarrices engraçadíssimas, sendo boa parte calcada na cultura japonesa. O resultado é um jogo diferente, divertido e extremamente bem feito.

Zelda, só que no Japão!


Os cenários são baseados no Japão feudal
O quinto game da franquia Mystical Ninja é um adventure 3D que se assemelha bastante com Zelda. Fato engraçado é que o jogo tem muito das entradas tridimensionais da lendária franquia da Big N, mas nem Ocarina of Time havia sido lançado até o momento. Goemon deve atravessar o mundo, coletando itens especiais, passando por templos e calabouços cheios de quebra-cabeças e inimigos. Além disso, no decorrer da aventura, são aprendidas novas habilidades que dão acesso a lugares antes inacessíveis que possibilitam o progresso na aventura. Confesso que o título foi um substituto e tanto enquanto eu esperava pelo jogo que veio a se tornar um dos, senão o melhor, jogos de todos os tempos. O jogo era relativamente longo, durando cerca de quinze horas para ser concluído. Contudo, diversos minigames e sidequests prolongavam a vida útil do título.

Impact, o Megazord de Goemon
A jogabilidade era bem simples, mas funcional. Goemon e seus amigos corriam, pulavam e utilizavam suas armas que iam desde um martelo até uma katana, tudo isso em um ambiente totalmente tridimensional e com livre movimentação por eles. A parte mais peculiar, na verdade, eram as fases em que o jogador deveria controlar um robozão que funcionava como um Megazord do Japão feudal para enfrentar inimigos gigantescos, no melhor estilo dos tokusatsus mais clássicos de nossa infância. Além de tudo, a entrada triunfal do personagem acontecia com outra engraçadíssima música cantada em japonês. Impagável!

Gráficos bons, desempenho, nem tanto


Pague e receba dicas de como seguir na jornada
Mystical Ninja possuía gráficos até que bem legais para sua época. Os cenários eram amplos, coloridos, detalhados e até aconchegantes, já que possuíam um clima bastante agradável. Os personagens não ficavam para trás e eram marcantes e carismáticos. O único problema é que o Nintendo 64 não conseguia processar tanta coisa ao mesmo tempo, ou pelo menos, a Konami não conseguiu tirar proveito do hardware da Nintendo, já que o jogo sofria com slowdowns sofríveis que em alguns momentos chegavam até a atrapalhar a jogatina. A câmera também não é das melhores e, às vezes, fica presa em partes do cenário ou em posições que desfavorecem completamente a jogabilidade, o que é uma pena.

O que realmente brilhava na produção do jogo era sua trilha sonora inspiradíssima. Sejam pelas lindíssimas músicas tipicamente japonesas que tocavam nas cidades e calabouços, sejam as mais engraçadas, as cantadas em momentos chave do título, a criação da Konami era impecável. Aposto com todos vocês, que estão lendo este texto, que depois de uma hora de jogatina todos estarão assobiando e cantarolando diversas das melodias do título. Atualmente, praticamente nenhum jogo consegue realizar tal feito, diferentemente dos clássicos das eras 8 e 16 bit, que possuíam diversos títulos com composições brilhantes.



Uma aventura para se lembrar


Mystical Ninja pode não ser um dos jogos mais lembrados quando pensamos no Nintendo 64. E não é para menos, já que o console possui uma quantidade invejável de clássicos atemporais que são vistos como referência até hoje. No entanto, o game é tão legal e competente que merecia ser jogado por todos que curtem uma boa aventura tridimensional. Com uma temática completamente inusitada, humor pastelão de primeira e personagens memoráveis, Mystical Ninja foi um dos jogos que fizeram a minha infância, e tenho certeza que agradaria a muitos que lhe dessem uma chance!


Revisão: Catarine Aurora

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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