O maior palco do mundo!
Logo de inicio já dá para notar o quão bizarro é este jogo.
Com uma divertidíssima música (cantada em japonês) na abertura, o título conta
a história de Goemon, um garoto de cabelo azul que decide viajar pelo Japão para
impedir os planos dos Momoyama Shoguns, uma banda que deseja transformar todo o país em um gigantesco palco, já que o grupo se sente injustiçado por ter que
se apresentar em espaços tão pequenos. Além disso, os vilões desejam sequestrar
todas as crianças do mundo e transformá-las em dançarinas, tudo isso a bordo de
uma nave em forma de pêssego! E você achando que já tinha visto de tudo...
Como se desse para chamar de outra coisa... |
Goemon e seu melhor amigo, Ebsumaru, um gordinho desastrado
que adora tirar suas roupas aleatoriamente, decidem partir nesta aventura ao
testemunharem os vilões transformando o castelo de sua cidade em um castelo
medieval. Vejam só que maravilha, o título conta a história de uma vingança
completamente sem sentido, tais quais as vinganças da teledramaturgia
brasileira! Durante sua jornada, os dois ainda encontrarão Yae, uma garota
rebelde e de cabelos verdes e Sasuke, um ninja robô movido a pilhas. Cada
personagem possuía habilidades únicas que o jogador podia alterar o controle sobre
cada um deles em tempo real, o que dava um toque de estratégia ao título. Durante sua jornada, os heróis cruzavam com pessoas
completamente piradas, dragões histéricos que previam o futuro e outras
bizarrices engraçadíssimas, sendo boa parte calcada na cultura japonesa. O
resultado é um jogo diferente, divertido e extremamente bem feito.
Zelda, só que no Japão!
Os cenários são baseados no Japão feudal |
O quinto game da franquia Mystical Ninja é um adventure 3D
que se assemelha bastante com Zelda. Fato engraçado é que o jogo tem muito das
entradas tridimensionais da lendária franquia da Big N, mas nem Ocarina of Time
havia sido lançado até o momento. Goemon deve atravessar o mundo, coletando
itens especiais, passando por templos e calabouços cheios de quebra-cabeças e
inimigos. Além disso, no decorrer da aventura, são aprendidas novas habilidades
que dão acesso a lugares antes inacessíveis que possibilitam o progresso na
aventura. Confesso que o título foi um substituto e tanto enquanto eu esperava
pelo jogo que veio a se tornar um dos, senão o melhor, jogos de todos os tempos. O
jogo era relativamente longo, durando cerca de quinze horas para ser concluído.
Contudo, diversos minigames e sidequests prolongavam a vida útil do título.
Impact, o Megazord de Goemon |
A jogabilidade era bem simples, mas funcional. Goemon e seus
amigos corriam, pulavam e utilizavam suas armas que iam desde um martelo até
uma katana, tudo isso em um ambiente totalmente tridimensional e com livre
movimentação por eles. A parte mais peculiar, na verdade, eram as fases em que
o jogador deveria controlar um robozão que funcionava como um Megazord do Japão
feudal para enfrentar inimigos gigantescos, no melhor estilo dos tokusatsus
mais clássicos de nossa infância. Além de tudo, a entrada triunfal do personagem
acontecia com outra engraçadíssima música cantada em japonês. Impagável!
Gráficos bons, desempenho, nem tanto
Pague e receba dicas de como seguir na jornada |
Mystical Ninja possuía gráficos até que bem legais para sua
época. Os cenários eram amplos, coloridos, detalhados e até aconchegantes, já
que possuíam um clima bastante agradável. Os personagens não ficavam para trás
e eram marcantes e carismáticos. O único problema é que o Nintendo 64 não
conseguia processar tanta coisa ao mesmo tempo, ou pelo menos, a Konami não
conseguiu tirar proveito do hardware da Nintendo, já que o jogo sofria com
slowdowns sofríveis que em alguns momentos chegavam até a atrapalhar a
jogatina. A câmera também não é das melhores e, às vezes, fica presa em partes do
cenário ou em posições que desfavorecem completamente a jogabilidade, o que é
uma pena.
O que realmente brilhava na produção do jogo era sua trilha
sonora inspiradíssima. Sejam pelas lindíssimas músicas tipicamente japonesas que
tocavam nas cidades e calabouços, sejam as mais engraçadas, as cantadas em
momentos chave do título, a criação da Konami era impecável. Aposto com todos
vocês, que estão lendo este texto, que depois de uma hora de jogatina todos
estarão assobiando e cantarolando diversas das melodias do título. Atualmente, praticamente nenhum jogo consegue realizar tal feito, diferentemente dos
clássicos das eras 8 e 16 bit, que possuíam diversos títulos com composições
brilhantes.
Uma aventura para se lembrar
Mystical Ninja pode não ser um dos jogos mais lembrados
quando pensamos no Nintendo 64. E não é para menos, já que o console possui uma
quantidade invejável de clássicos atemporais que são vistos como referência até
hoje. No entanto, o game é tão legal e competente que merecia ser jogado por
todos que curtem uma boa aventura tridimensional. Com uma temática
completamente inusitada, humor pastelão de primeira e personagens memoráveis,
Mystical Ninja foi um dos jogos que fizeram a minha infância, e tenho certeza
que agradaria a muitos que lhe dessem uma chance!
Revisão: Catarine Aurora