Blast from the Past: Rayman 2: The Great Escape (N64)

em 23/05/2009

Michael Ancel talvez seja um dos únicos gamer designers capazes de tornar cada um de seus games obras primas memoráveis. Sua maior criação, ... (por Gustavo Assumpção em 23/05/2009, via Nintendo Blast)

rayman2_box_big_nintendo64_usaMichael Ancel talvez seja um dos únicos gamer designers capazes de tornar cada um de seus games obras primas memoráveis. Sua maior criação, o herói sem braços e pernas Rayman, foi o game responsável por colocar a Ubi Soft no cenário internacional dos games. Rayman não foge da típica forma dos personagens de games de plataforma: é bonitinho, meio bobão e possui amigos prontos para ajudar na hora que a coisa aperta. E é dessa maravilhosa série, do herói desmembrado e rayman2extremamente carismático que falaremos agora. Mais precisamente do segundo episódio considerado por muitos como um dos melhores games em três dimensões já feitos. Rayman 2: The Great Escape

Globooooooooooooooox!

Rayman 2 começa com o herói que dá nome à série sendo capturado e levado à Nave Prisão e encontrando lá seu amigo Globox. Este diz que os dois precisam ir resgatar a fada Ly, que é capaz de devolver os poderes de Rayman. Para escaparem dali, Globox dá a Rayman um Lume de Prata e Rayman descobre que pode disparar pequenas "bolas" de suas mãos, graças ao lume de prata. Assim, Rayman abre um túnel para escapar da nave, mas qual não é a sua surpresa quando descobre que a nave está voando acima das nuvens? Infelizmente, Globox também escorrega pelo túnel, e acaba se separando de Rayman quando o empurra (sem querer) para o precipício abaixo do navio. Aí sim, começa este incrível e viciante jogo.

A história se desenrola parecida com um filme de animação. Cada personagem presente (seja Rayman, Globox ou Ly) possui características pessoais próprias e personalidades distintas. Eles interagem de uma forma interessante, sempre necessitando de resgate e ajudando Rayman em sua busca pelas Lums.

De um visual lindo em 2D para um mundo mágico em 3D

Rayman 2 saiu em 1999, primeiramente para PC e Nintendo 64 e teve versões para Dreamcast e Playstation lançadas em 2000, para Playstation 2 em 2001 e para Nintendo DS (Em 2005). Logo em 1999, ficava claro que o universo dos games tinha nas mãos um dos grandes games, não só daquele ano, como de toda a história. O próprio primeiro Rayman já tinha sido uma grata surpresa apesar de não ter inovado muito a formula básica dos games do gênero.

Com Rayman 2, o processo de desenvolvimento e criação durou quase quatro anos. Cada pequeno detalhe foi pensado pela equipe de criação para influenciar de forma decisiva na experiência de jogo. E isso pode ser observado logo no visual. Deixando de lado o visual 2D com cenários pintados a mão do primeiro Rayman, o novo game teve recriado o mesmo universo de fantasia surrealista para um visual 3D que inclusive superava qualquer outro game de plataforma (e isso inclui os Marios e Crashs da vida).

Cada detalhe dos cenários, e isso inclui pântanos, florestas e cavernas íngremes, foi trabalhado a exaustão para parecer real e ao mesmo tempo ter um toque de fantasia. As animações de Rayman são muito bem trabalhadas, deixando o game com aquele jeitão de animação da Disney, que se acentua devido ao visual colorido e cheio de efeitos de luz. É praticamente impossível achar defeitos. Todas as versões estão num nível gráfico altíssimo apresentando pouca diferença entre elas, mesmo que a versão Playstation tenha mais granulação e serrilhados que as demais, e a versão Dreamcast pareça mais limpa e fluente. Seja uma ou outra, elas apresentam um visual lindo até mesmo para os padrões atuais.

Jogabilidade maravilhosa

2d0m5atRayman 2 representou um novo patamar nos jogos de aventura. Ao invés de focar as peripécias do herói em “chegue ao fim da fase”, Rayman 2 evolui o estilo apresentado em games como Mario e Crash adotando um estilo mais Banjo-Kazooie, ou seja, a jogabilidade é focada muito mais na obtenção de itens do que no combate com os inimigos ou término de fases. Coletando itens (no caso as Lums), o jogador destrava novas fases para coletar mais lums e destravar novas fases... num processo contínuo e nada cansativo.

O design de cada ambiente é fabuloso. Cada localidade foi feita pra privilegiar o uso das habilidades de Rayman. E cada uma das fases é original e diferente das demais seja na própria aparência seja no objetivo, presença de inimigos ou outros pormenores. E falando em inimigos e chefes, eles exigem o domínio das habilidades de Rayman como esquiva e ataque de uma forma consistente. Não são raras as vezes em que eles possuem inteligência artificial para fazer a briga durar alguns minutos. Mas nem sempre isso é resultado de uma boa inteligência artificial. É um problema que está nos pequenos defeitinhos apresentados pelo posicionamento da câmera. Nada que comprometa a grandiosidade do game, mas atrapalha em algumas ocasiões.

Quanto a trilha sonora, ela segue o padrão europeu trazido pela UbiSoft em seus games. As canções são ora doces e suaves, ora carregadas de tensão. Mas é necessário deixar muito claro que algumas vezes a música chega a irritar, principalmente em fases mais longas onde a variação melódica é muito pequena.

Fabuloso design, game quase perfeito...     Imperdível!

2rd860pSe você nunca teve a oportunidade de experimentar Rayman, saiba que está perdendo um dos grandes games da UbiSoft e o trabalho mais próximo da perfeição feito por Michael Ancel. Apesar dos pequenos problemas com a câmera, em momento algum Rayman 2 parece necessitar de algo diferente. Ele é muito bom do jeito que é. Visual impecável, trilha sonora boa, jogabilidade simples e funcional. Que Rayman 4 siga essa receita e nos presenteie com mais um grande game depois da decepção que foi Rayman 3.


Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
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