Michael Ancel talvez seja um dos únicos gamer designers capazes de tornar cada um de seus games obras primas memoráveis. Sua maior criação, o herói sem braços e pernas Rayman, foi o game responsável por colocar a Ubi Soft no cenário internacional dos games. Rayman não foge da típica forma dos personagens de games de plataforma: é bonitinho, meio bobão e possui amigos prontos para ajudar na hora que a coisa aperta. E é dessa maravilhosa série, do herói desmembrado e extremamente carismático que falaremos agora. Mais precisamente do segundo episódio considerado por muitos como um dos melhores games em três dimensões já feitos. Rayman 2: The Great Escape
Globooooooooooooooox!
Rayman 2 começa com o herói que dá nome à série sendo capturado e levado à Nave Prisão e encontrando lá seu amigo Globox. Este diz que os dois precisam ir resgatar a fada Ly, que é capaz de devolver os poderes de Rayman. Para escaparem dali, Globox dá a Rayman um Lume de Prata e Rayman descobre que pode disparar pequenas "bolas" de suas mãos, graças ao lume de prata. Assim, Rayman abre um túnel para escapar da nave, mas qual não é a sua surpresa quando descobre que a nave está voando acima das nuvens? Infelizmente, Globox também escorrega pelo túnel, e acaba se separando de Rayman quando o empurra (sem querer) para o precipício abaixo do navio. Aí sim, começa este incrível e viciante jogo.
A história se desenrola parecida com um filme de animação. Cada personagem presente (seja Rayman, Globox ou Ly) possui características pessoais próprias e personalidades distintas. Eles interagem de uma forma interessante, sempre necessitando de resgate e ajudando Rayman em sua busca pelas Lums.
De um visual lindo em 2D para um mundo mágico em 3D
Rayman 2 saiu em 1999, primeiramente para PC e Nintendo 64 e teve versões para Dreamcast e Playstation lançadas em 2000, para Playstation 2 em 2001 e para Nintendo DS (Em 2005). Logo em 1999, ficava claro que o universo dos games tinha nas mãos um dos grandes games, não só daquele ano, como de toda a história. O próprio primeiro Rayman já tinha sido uma grata surpresa apesar de não ter inovado muito a formula básica dos games do gênero.
Com Rayman 2, o processo de desenvolvimento e criação durou quase quatro anos. Cada pequeno detalhe foi pensado pela equipe de criação para influenciar de forma decisiva na experiência de jogo. E isso pode ser observado logo no visual. Deixando de lado o visual 2D com cenários pintados a mão do primeiro Rayman, o novo game teve recriado o mesmo universo de fantasia surrealista para um visual 3D que inclusive superava qualquer outro game de plataforma (e isso inclui os Marios e Crashs da vida).
Cada detalhe dos cenários, e isso inclui pântanos, florestas e cavernas íngremes, foi trabalhado a exaustão para parecer real e ao mesmo tempo ter um toque de fantasia. As animações de Rayman são muito bem trabalhadas, deixando o game com aquele jeitão de animação da Disney, que se acentua devido ao visual colorido e cheio de efeitos de luz. É praticamente impossível achar defeitos. Todas as versões estão num nível gráfico altíssimo apresentando pouca diferença entre elas, mesmo que a versão Playstation tenha mais granulação e serrilhados que as demais, e a versão Dreamcast pareça mais limpa e fluente. Seja uma ou outra, elas apresentam um visual lindo até mesmo para os padrões atuais.
Jogabilidade maravilhosa
Rayman 2 representou um novo patamar nos jogos de aventura. Ao invés de focar as peripécias do herói em “chegue ao fim da fase”, Rayman 2 evolui o estilo apresentado em games como Mario e Crash adotando um estilo mais Banjo-Kazooie, ou seja, a jogabilidade é focada muito mais na obtenção de itens do que no combate com os inimigos ou término de fases. Coletando itens (no caso as Lums), o jogador destrava novas fases para coletar mais lums e destravar novas fases... num processo contínuo e nada cansativo.
O design de cada ambiente é fabuloso. Cada localidade foi feita pra privilegiar o uso das habilidades de Rayman. E cada uma das fases é original e diferente das demais seja na própria aparência seja no objetivo, presença de inimigos ou outros pormenores. E falando em inimigos e chefes, eles exigem o domínio das habilidades de Rayman como esquiva e ataque de uma forma consistente. Não são raras as vezes em que eles possuem inteligência artificial para fazer a briga durar alguns minutos. Mas nem sempre isso é resultado de uma boa inteligência artificial. É um problema que está nos pequenos defeitinhos apresentados pelo posicionamento da câmera. Nada que comprometa a grandiosidade do game, mas atrapalha em algumas ocasiões.
Quanto a trilha sonora, ela segue o padrão europeu trazido pela UbiSoft em seus games. As canções são ora doces e suaves, ora carregadas de tensão. Mas é necessário deixar muito claro que algumas vezes a música chega a irritar, principalmente em fases mais longas onde a variação melódica é muito pequena.
Fabuloso design, game quase perfeito... Imperdível!
Se você nunca teve a oportunidade de experimentar Rayman, saiba que está perdendo um dos grandes games da UbiSoft e o trabalho mais próximo da perfeição feito por Michael Ancel. Apesar dos pequenos problemas com a câmera, em momento algum Rayman 2 parece necessitar de algo diferente. Ele é muito bom do jeito que é. Visual impecável, trilha sonora boa, jogabilidade simples e funcional. Que Rayman 4 siga essa receita e nos presenteie com mais um grande game depois da decepção que foi Rayman 3.