Presos em uma trama de guerra
Após os eventos do segundo jogo, as crianças voltaram a uma vida pacífica, porém essa tranquilidade infelizmente durou pouco. Um dia, Malt escuta uma voz misteriosa e acaba indo para a caverna em Petit Mona, onde encontra novamente o Taranis, o tanque de guerra que as crianças usaram em suas jornadas.Dentro da caverna, um grupo de indivíduos misteriosos aparece e rapta Malt. O menino, que sempre atuou como uma espécie de líder por ser o mais velho, passa a ser um prisioneiro do Império. Incapazes de deixar um amigo para trás, as crianças partem novamente em uma jornada a bordo do grande tanque de guerra.
Começamos a história apenas com as crianças de Petit Mona, mas avançamos em direção ao Império e reencontramos velhos aliados e até mesmo inimigos conhecidos. Um detalhe interessante do jogo é que ele busca dar mais espaço para o desenvolvimento de personagens em comparação com os anteriores.
Desta vez, temos uma espécie de fluxograma chamado Akasha Panel que nos permite explorar vários momentos da história. Em particular, temos ocasiões especiais envolvendo aliados que podemos convocar durante as batalhas como “Assists”, explicando assim alguns eventos relacionados a esses personagens secundários.Existem múltiplos finais que dependem da sua competência em manter as crianças em segurança e outros aspectos. É importante ter cuidado para não tomar dano demais nos combates contra os chefões, pois isso pode deixar as crianças desesperadas e forçar uma delas a entrar no Soul Cannon por vontade própria na tentativa de proteger as demais.
Assim como nos jogos anteriores, o Soul Cannon é um canhão especial do tanque que pode causar danos devastadores ao custo da vida de um personagem. Além dele, a nova versão do Taranis, Omega Taranis, conta com um canhão ainda mais poderoso, o Mega Soul Cannon, que sacrifica todas as crianças para poder eliminar os inimigos. Ter essas medidas extremas como resultado do seu péssimo gerenciamento no jogo adiciona uma camada considerável de peso à experiência.
Uma jornada de escolhas
A ideia básica da gameplay de Fuga continua valendo para o terceiro jogo da saga: no comando do tanque, devemos atravessar o campo de guerra. Essa zona de perigo é representada como uma espécie de linha com vários pontos de interesse que resultam em eventos.Podemos encontrar inimigos, pontos de restauração de HP e SP, materiais úteis para a jornada e ruínas, etc. Sempre seguindo reto em direção ao objetivo, nós temos alguns momentos de ramificação que permitem escolher rotas diferentes com níveis de desafio claramente indicados para o jogador.
Em alguns pontos específicos, temos paradas nas quais podemos dedicar um tempo para fazer tarefas dentro do tanque. Durante a viagem, podemos fazer com que os personagens interajam uns com os outros, fortalecendo seus laços. Também é possível fazer upgrades no tanque, aumentando atributos ao custo de alguns materiais.
Uma novidade é que agora também temos um novo terminal que pode ser usado para desbloquear funcionalidades, como teletransporte para pontos anteriores do mapa ou o uso de um canhão para eliminar inimigos. Entre as paradas, é possível deixar avatares virtuais dos personagens escavando minérios que podem ser usados para comprar esses upgrades ou itens úteis. Essa funcionalidade não envolve gasto de pontos de ação, então pode ser feito todas as vezes sem preocupação de consumir o tempo das outras opções do tanque.Além de melhorar os laços entre os personagens com diálogos e fazer melhorias no tanque, podemos cozinhar para obter bônus passivos, colocá-los para dormir a fim de restaurar sua saúde ou buscar materiais. Existem quatro métodos de coleta de materiais: a plantação, a criação de animais, a pesca de partes robóticas e a exploração de ruínas. Cada um deles pode gerar tipos diferentes de recursos dependendo das escolhas do jogador.
Em particular, as ruínas são um método de coleta de recursos que envolve um pouco mais de ação. É necessário de fato avançar pelas áreas com um dos personagens da tripulação, encarando armadilhas, pequenos puzzles e inimigos com recursos limitados. A ideia envolve sempre pensar na melhor forma de gastar sua munição limitada para poder pegar todos os itens que estão disponíveis nas pequenas salas da dungeon.Até mesmo dentro do tanque é muito importante ter em mente suas opções, já que cada personagem da equipe pode desejar que você faça uma coisa diferente e a quantidade de ações é limitada. Deixar todos os personagens satisfeitos melhora o humor deles para os combates posteriores e pode levar a um ganho extra de experiência para todos, porém negligenciar as melhorias do tanque pode impactar significativamente a performance em combate.
Batalhas dinâmicas
Quando falamos dos combates, Fuga 3 também mantém a essência de seus antecessores. O que vemos são lutas baseadas em turnos cuja ordem é definida por uma série de fatores, incluindo velocidade-base dos indivíduos atacantes e quais técnicas eles usam.O tanque como um todo conta com uma única barra de HP e outra de SP, e elas serão mantidas entre as batalhas, sendo fundamental ter isso em mente para o longo trajeto de cada capítulo. Cada personagem da equipe é associado a uma cor específica (azul, amarelo e vermelho), que define os parâmetros de força e precisão dos ataques.
Para encarar os inimigos, é possível usar golpes básicos ou técnicas mais elaboradas que consomem SP. Cada personagem possui habilidades bem distintas que podem ser utilizadas na composição das três equipes de dois personagens que podemos comandar por vez. O personagem ativo define os tipos de ataques que estarão disponíveis enquanto o suporte que o acompanha concede benefícios passivos, como mais ataque ou resistência a efeitos.
Um ponto importante do combate é que os inimigos possuem fraquezas específicas ligadas às três cores. Cabe então ao jogador explorar isso, já que eliminar todos os símbolos que aparecem na tela para um oponente implica em atrasar a chegada do seu turno, uma vantagem significativa na luta.Para poder aproveitar isso ao máximo, o jogador pode mudar a ordem dos personagens durante o combate. Todavia, essa funcionalidade é limitada e fica bloqueada por três turnos logo após o jogador executá-la, sendo essencial o bom planejamento para usá-la no momento certo.
Em comparação com os jogos anteriores, temos adições significativas com os Assists e as Leader Skills. Todos os personagens possuem novas habilidades passivas, as Leader Skills, que podem ser ativadas aleatoriamente em combate, realizando ações como contra-ataques, cura do efeito especial medo, impedir inimigos de atingir o próximo golpe, etc.
Já os Assists são aliados que podemos invocar durante as batalhas como um golpe adicional. Além do dano extra, todos possuem efeitos úteis para melhorar as condições de combate, seja aprimorando os parâmetros de aliados, eliminando armadura de redução de dano dos inimigos, acelerando toda a equipe para que possam atacar imediatamente, etc.O uso de Assists está associado a um cooldown variável e uma barra que precisa ser preenchida ao longo do combate com os ataques. Além delas, temos ainda duas técnicas que não são novidade de Fuga 3: o Hero Mode, com efeitos específicos para cada aliado, e o Burst Attack, um golpe poderoso que é executado automaticamente após preencher uma barra especial relacionada a abusar das fraquezas dos inimigos.
Todos esses fatores podem vir à tona com frequência durante os combates, e seus efeitos são bem significativos. Embora isso possa deixar o jogo mais fácil, a estrutura é riquíssima em opções estratégicas, os inimigos podem causar muito dano e um pouco de descuido na evolução dos personagens e do tanque pode ser o suficiente para encarar um desafio mais complexo.
Vale destacar que o jogo também conta com um modo “Fast”, que basicamente elimina todos os desafios para quem quiser realmente só aproveitar a história. Não considero esse modo nem um pouco aconselhável, já que uma parte muito importante da experiência é a complexidade mecânica do jogo, porém essa opção existe.O único ponto negativo que ainda tenho em relação ao game é que, mesmo com melhorias significativas, os menus ainda podem deixar a desejar no fornecimento de informações. Por exemplo, na hora de ajustar o posicionamento de aliados, sabemos que um indivíduo está em Hero Mode, mas não qual é o efeito desse poder (que é específico para cada um) se o jogador não gravar essa informação na cabeça. Da mesma forma, temos a descrição das Skills, porém não quanto de SP elas custam nesse menu. É uma falha pequena, mas que pode ser bem inconveniente para os jogadores.
Construindo em cima dos antecessores
Fuga: Melodies of Steel 3 é mais um grande acerto da CyberConnect2. A obra não apenas reforça o polimento e esforço que os desenvolvedores trazem desde o primeiro jogo como também aproveita para mergulhar ainda mais nos personagens adicionais e na criação de mais opções estratégicas para o combate.
Prós
- Sistema de combate por turnos com grande maleabilidade estratégica e variedade de recursos;
- O Akasha Panel e o sistema de Assists ajudam a expandir mais a história e dar mais presença aos personagens secundários;
- O gerenciamento de tempo dentro do tanque e dos caminhos a percorrer são camadas ricas de escolha para a progressão.
Contras
- Alguns menus, mesmo com melhorias, ainda não fornecem todas as informações necessárias.
Fuga: Melodies of Steel 3 — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela CyberConnect2