A Nintendo está no mercado de videogames há quase cinco décadas. Entre seus inúmeros consoles e propriedades intelectuais lançados, é natural que a gigante de Kyoto tenha deixado algumas de suas séries de lado ao longo do tempo, seja por baixo sucesso ou questões criativas. Vamos relembrar (e lamentar) algumas dessas franquias esquecidas da Big N.
F-Zero
F-Zero é uma das séries que vem à nossa cabeça quando envolve negligência da Nintendo. A última entrada inédita foi F-Zero Climax para GBA, mas o último título principal foi o alucinante F-Zero GX de Game Cube, com seus visuais belíssimos e velocidade alucinante.
O clamor popular por um novo título de Captain Falcon e companhia existe, mas Shigeru Miyamoto citou em uma entrevista para o site francês GameKult que não vê motivo para o retorno da série enquanto não surgir uma ideia realmente nova — o que, na minha opinião, não é exatamente necessário para justificar um novo jogo.
Até lá, pelo menos podemos aproveitar o divertido F-Zero 99, que adapta o jogo do SNES e o coloca num estilo Battle Royale.
Kid Icarus
Kid Icarus é uma franquia clássica originária da época do NES que entrou em hiato por muitos anos após um lançamento pouco lembrado para Game Boy. Vários anos depois, Pit retornou em Super Smash Bros. Brawl com um novo design, o que atraiu a atenção dos fãs.
Após um lançamento inusitado no 3DS de autoria de Masahiro Sakurai, Kid Icarus voltou a ser deixado de lado pela Nintendo. Pit, Palutena e Dark Pit seguiram nos Smash Bros. seguintes e, desde então, resta apenas a torcida para o relançamento de Uprising para alguma plataforma atual da Nintendo.
Wario Land
Esse é um dos que mais me dói pessoalmente. Wario Land foi uma vertente iniciada de Super Mario Land que ganhou identidade própria nos portáteis da Nintendo, trazendo um jogo de plataforma com ênfase na coleta de tesouros e reflexos rápidos, especialmente no quarto jogo.
Após o visualmente impressionante, porém pouco lembrado, Wario Land: Shake It! no Wii, não houve mais sinais de uma nova aventura tradicional do ganancioso anti-herói. Para quem sente saudade, apenas restam os jogos que se inspiram em sua jogabilidade como Pizza Tower e Antonblast.
Star Fox
Star Fox teve uma chance mais recente com um lançamento no Wii U, mas a franquia deixou de ter alguma prioridade para a Nintendo desde então. Pioneiro nos gráficos tridimensionais no Super Nintendo, a série teve um jogo lançado em praticamente todos os consoles (com exceção do Wii) desde seu lançamento.
Desde 2016, não houve mais novidades, e essa é uma das franquias com um futuro incerto. As esperanças não só são muito baixas, como fica à mercê do desejo constante de Miyamoto de inovar na jogabilidade para justificar uma nova missão de Fox McCloud e seus amigos. Quem sabe seja sonhar alto demais esperar um remaster de Star Fox Zero com reformas em seu esquema de controles.
Punch-Out!
Outra figura que está fora dos holofotes desde o Wii, Punch-Out! é uma daquelas franquias importantes para a Nintendo que a própria empresa parece ter deixado de lado. Nascido nos fliperamas, teve lançamentos pelo NES e SNES, entrando em hiato até o excelente reboot no Wii.
Não se sabe exatamente por que não há um novo título ou ao menos um remaster do último. Contudo, suspeito que, além do estilo mais arcade — que talvez não seja o que a Big N deseja na direção atual —, os personagens estereotipados de cada nacionalidade podem gerar controvérsia.
Chibi-Robo!
A época do GameCube foi uma das gerações mais criativas da Nintendo, e Chibi-Robo! foi um dos frutos dessa era. Desenvolvido pela Skip Ltd., o jogo é uma mistura de aventura e plataforma, em que controlamos um pequeno robô que deve realizar uma série de tarefas usando sua tomada como recurso principal e, enquanto isso, conhecer mais sobre a família com a qual vive.
A franquia conseguiu certa longevidade ao ter títulos no DS e 3DS, mas não foi além disso. Os jogos nunca tiveram vendas tão expressivas, especialmente no ocidente, mas seria interessante ver as ideias de explorar uma casa com uma criaturinha em um hardware mais potente.
Golden Sun
Golden Sun foi um dos primeiros trabalhos da Camelot com a Nintendo, e fizeram uma estreia marcante em sua primeira criação solo no Game Boy Advance. A série de JRPG foi extremamente aclamada pela sua história intrigante, jogabilidade divertida e visuais impressionantes para um portátil. Após isso, teve uma continuação ainda no GBA e outra no DS.
Considerando que a Big N só conta com Mario & Luigi como representante dos RPGs tradicionais, há espaço para um novo Golden Sun. Seria uma oportunidade de expandir tanto o potencial dos combates quanto o da exploração baseada em puzzles com poderes psíquicos.
1080º/Wave Race/Pilotwings
É possível colocar todas as séries de esportes radicais da Nintendo (que não envolvam o Mario) na mesma situação de stand by. Pilotwings, 1080º e Wave Race foram inicialmente lançados como demonstrações do potencial gráfico de cada console, mas conseguiram oferecer mais do que uma simples demonstração técnica e são jogos bem divertidos.
Enquanto Pilotwings teve uma sobrevida no 3DS, Wave Race e 1080º não tiveram sequências após o GameCube. Consigo ver algum valor neles como demonstrações de tecnologia ainda hoje, mas somente se fornecidos com preços mais acessíveis e alinhados com a proposta.
Advance Wars/Batallion Wars
Advance Wars deve ser tratado com cautela, pois até tivemos o remake Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp em 2021. Entretanto, não causou tanta repercussão e sofreu um lançamento conturbado devido ao estouro da Guerra Russo-Ucraniana, o que levou ao adiamento do lançamento.
A franquia de estratégia esteve presente desde o NES e obteve maior prestígio no GBA, entrando em hiato após Advance Wars: Days of Ruin. Mesmo que sua série irmã, Fire Emblem, tenha pegado o nicho de jogo de estratégia da Nintendo, ainda há espaço para as batalhas coloridas, especialmente devido ao seu sistema estratégico único, sem elementos de RPG.
Entretanto, um subproduto indiscutivelmente negligenciado pela Nintendo é Batallion Wars, spin-off que transforma as estratégias de turno em uma mescla de RTS com jogo de tiro — praticamente uma versão em tempo real das batalhas de Advance Wars. É uma proposta tão diferente para a Big N, que seria interessante vê-la com uma direção mais moderna.
Menções honrosas (?)
- Dr. Mario: os jogos de puzzle onde o bigodudo desempenha a função de médico estiveram em cada plataforma da Nintendo desde sua estreia no NES, mas o Nintendo Switch ficou de fora dessa tradição;
- Excitebike: junto com Kid Icarus, é um daqueles originários do NES que de vez em quando aparece, mas está sumido desde o Wii. Algo no estilo de um jogo tipo 99 ou uma experiência mais compacta funcionaria bem com as corridas de moto atualmente;
- Fossil Fighters: série de RPG de turno em que fósseis de dinossauros podem ser revividos e transformados em répteis com poderes. Nasceu no DS e até conseguiu um jogo no 3DS, mas nunca mais vimos novamente desde então;
- Custom Robo: RPG de ação com batalha de mechas, em que o principal foco é customizar nosso robô com peças adquiridas durante a campanha. Passou pelo Nintendo 64, GameCube, Game Boy Advance e DS.
- Mother/Earthbound: apesar de Mother 3 ser conclusivo, ainda haveria espaço para um quarto jogo da franquia de JRPG de Satoshi Ito. Infelizmente, a aventura de Lucas e seus amigos ainda não foi lançada no ocidente, então as chances de algo novo são muito improváveis;
- Sin & Punishment: títulos de tiro em trilhos em parceria com a Treasure são um daqueles tesouros escondidos do N64 e Wii que quem conhece, ama. Divertidos e estilosos, uma nova entrada seria muito bem-vinda.
Um cemitério esperando a ressurreição
Com o lançamento iminente de um novo console da Nintendo, as expectativas por uma nova chance para essas franquias voltam a crescer entre os tópicos mais comentados nos videogames. Basta lembrar que Metroid estava em um limbo por anos até seu retorno nos últimos oito anos, então nada está descartado.
Veremos o que o Nintendo Switch 2 nos reservará nos próximos anos, afinal, nem só de Mario, Zelda e Pokémon vivem os consoles da empresa. Pessoalmente, torço por um retorno triunfante de Star Fox e F-Zero — sonhar não custa.
Revisão: Beatriz Castro
