Análise: Croc: Legend of the Gobbos traz de volta o pequeno crocodilo em um remaster simples

O jogo de plataforma 3D já está disponível no Switch.

Entre as minhas memórias de infância, lembro de um CD-ROM com Croc 2 ter me chamado a atenção, mas nunca cheguei a conferir o título nessa época. Com o anúncio de um relançamento do primeiro jogo, Croc: Legend of the Gobbos, decidi conferir a obra pela primeira vez para analisá-la, mesmo que sem as camadas de nostalgia de alguém que já conhecesse a obra mais a fundo.

Um funcionamento básico

Croc é um jogo no estilo plataforma 3D em que controlamos um pequeno crocodilo homônimo na exploração de várias áreas do Gobbo Valley. Tudo começa com uma cutscene que mostra o lugar sendo dominado pelo vilão Baron Dante, que acaba com a paz do vale. Conforme avançamos, vemos como ele corrompe as criaturas, tornando-as seus lacaios e criando os chefes que encaramos.

O nosso personagem tem um sistema de controle bem simples. Podemos nos movimentar de um lado para outro, usando controles de tanque no direcional comum ou de forma moderna no analógico esquerdo. Já o analógico direito serve para mudar a posição da câmera, facilitando a visualização dos ambientes.

Para alcançar áreas mais altas ou afastadas, podemos pular e nos agarrar a objetos quando os alcançamos por pouco. Curiosamente, enquanto estamos pulando, o direcional para de funcionar como controle de tanque, passando a movimentar o personagem para os lados, uma mudança que costuma ser confusa para momentos que exigem ajuste de posicionamento no ar.

Enquanto estamos no ar podemos apertar o pulo novamente para cair rapidamente e usar o impacto para eliminar inimigos ou quebrar blocos. Também podemos atacar com a cauda, o que não destroi blocos, mas serve para os confrontos com criaturas. Além disso, algumas paredes de textura diferente são escaláveis e também podemos agarrar em grades por um tempo para avançar por algumas áreas de terreno perigoso.

Explorando as fases

Em Croc, cada mundo é dividido em várias pequenas fases com duas fases de chefões cada. Se o jogador quiser simplesmente avançar, há caminhos relativamente rápidos para chegar até o gongo que devemos bater com o rabo para concluir a fase. Porém, há gemas coloridas e criaturinhas (os tais Gobbos) escondidos e encontrar todos permite ao jogador liberar fases secretas e até mesmo um final alternativo.

Desde o primeiro mapa, temos trechos escondidos que o jogador pode encontrar se vasculhar. Essa estrutura ajuda a deixar a experiência básica acessível enquanto valoriza o esforço de quem é mais observador e gosta de explorar todos os cantos. Durante a exploração dos mapas, podemos encontrar chaves que servem para abrir fechaduras para liberar gobbos presos ou passar por um portão trancado.

Há uma boa variedade nos mapas, com cada mundo tendo um tema específico mais geral, como floresta, montanha de neve ou deserto. Para o desafio de plataforma, muitas áreas possuem abismos sem fim ou líquidos que podem causar dano como lava, mas há também alguns corpos d’água nos quais podemos nadar, afundando ou subindo para alcançar joias e encarar os inimigos sem nenhum tipo de limite de tempo.

Joias, vidas e extras

Um ponto importante de se ter em mente para Croc é que nosso personagem tem um sistema de joias similar aos anéis de Sonic. Começamos as fases sem nenhuma joia e podemos encontrar várias delas durante a exploração, sendo o número variável de acordo com a área em que estamos. Se formos atingidos por um inimigo ou um obstáculo, perdemos todas as nossas joias e precisamos recuperar pelo menos uma delas antes de desaparecerem para poder sobreviver a um dano subsequente.

Infelizmente, o jogo não leva em conta a vulnerabilidade dessa perda quando se trata de contato com o ambiente em vez dos inimigos, sendo fácil morrer imediatamente depois de cair em uma área que causa dano. Ao perder uma vida, o jogador continua da última entrada que abriu, não tem mais joias para se proteger e precisa coletá-las novamente.

Caso perca todas as vidas, terá que começar a fase desde o início, perdendo todo o progresso nela e voltando ao menu de seleção de áreas. O mesmo acontece com os chefes, que, apesar de seus padrões simples (geralmente é só esperar ele ficar atordoado para bater), podem ser difíceis sem nenhuma joia para se defender. Há todo um caminho até chegar neles que permite coletar joias, mas não há reservas dentro das arenas em si, o que faz com que o jogador fique bastante vulnerável se perder uma vida.

De forma geral, também chamam a atenção alguns problemas que podem afetar consideravelmente a gameplay. Em um dos chefes, Chumly the Rocket Man, notei que a hitbox estava completamente errada, sendo necessário saltar à esquerda do seu corpo para causar dano. Se Croc encostar em um inimigo durante o pulo, a morte não acompanha nenhuma animação específica também, não transmitindo o feedback necessário.

Em se tratando de um remaster, Croc tenta fazer o mínimo de ajuste possível para manter a experiência próxima à original. O resultado é que a diferença fica mais no campo visual, que traz uma boa variedade de opções ao permitir atualizar ou não a textura e a iluminação e até adicionar filtros de monitor antigo, e dos controles, mas a obra não tem cuidado com falhas de design, sejam elas de pequeno ou grande porte.

Mesmo assim, há uma “Crocipedia”, que permite ver vários documentos de design, entrevistas com os desenvolvedores (infelizmente sem legendas até mesmo em inglês) e fotos de bastidores variadas. Há até instruções para fazer o seu próprio Croc em crochê, sendo esses conteúdos extras um esforço que realmente valoriza o pacote, especialmente para fãs.

Uma opção divertida

Croc: Legend of the Gobbos é um plataforma 3D divertido, mas básico em tudo que se propõe e sem grandes atrativos que o tornem particularmente relevante em detrimento a outros títulos do gênero. O remaster é uma boa forma de experimentá-lo e traz conteúdos extras fascinantes para os fãs, mas não é o suficiente para revitalizar a obra em um mercado com tantas opções de maior qualidade.

Prós

  • Um plataforma básico divertido em que é possível se movimentar de diversas formas pelos mapas;
  • Cada fase conta com áreas secretas que valorizam a observação;
  • O complecionismo permite liberar ainda mais mapas de desafio;
  • A Crocipedia é bem rica em conteúdos para conhecer mais sobre a produção do jogo;
  • Boa variedade de opções visuais.

Contras

  • A necessidade de joias para se defender de golpes pode deixar o jogador vulnerável em várias situações após um único erro;
  • Perder todas as vidas leva à perda total do progresso da fase atual;
  • Erros variados envolvendo elementos como hitbox e feedback visual dão uma aparência desengonçada ao jogo e podem atrapalhar a experiência.

Croc: Legend of the Gobbos — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Argonaut Games

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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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