Nintendo eShop: Aumento no preço dos jogos é uma péssima política da Big N

A sequência de anúncios e políticas de preço impopulares tem alarmado e revoltado os fãs da Big N.

em 07/03/2025
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Como ser consumidor e fã da Nintendo é sempre difícil, e muitas vezes por conta da própria Nintendo, infelizmente não é surpresa que às vésperas da Direct do Switch 2, tenhamos recebido péssimas notícias.

Recentemente, a Nintendo implementou aumentos significativos nos preços dos jogos digitais do Nintendo Switch, especialmente na América Latina e no Brasil. Essas mudanças ferveram a comunidade em uma opinião unânime: a Nintendo está prestes a ser insustentável no país.

Preços mais altos, benefícios reduzidos


Nos últimos anos, os preços dos jogos digitais para o Nintendo Switch têm aumentado de forma consistente. Em fevereiro de 2021, títulos que custavam R$ 250,79 passaram para R$ 299,00 na eShop brasileira. Mais recentemente, em março de 2025, jogos que antes custavam R$ 299,00 foram reajustados para R$ 349,00, e títulos que estavam em R$ 357,00 agora chegam a R$ 399,00. O preço dos jogos beirando 1/3 do salário-mínimo tem deixado os consumidores ainda mais revoltados e com razão.

Além do aumento de preços, há as constantes reduções nos benefícios oferecidos. As moedas de ouro, que proporcionavam descontos em compras futuras, foram descontinuadas, somado ainda à retirada de um título do NSO, podendo abrir precedentes para a perda de ainda mais jogos disponíveis no serviço, que recentemente passou por um aumento.

Além disso, os Nintendo Switch Vouchers, que permitiam a aquisição de dois jogos digitais a um preço reduzido, sofreram reajustes, tornando-se menos vantajosos para os jogadores. Essas mudanças tornam o ambiente digital da Nintendo menos atrativo, desincentivando compras na plataforma.

Políticas controversas na América Latina


A América Latina, e particularmente nós no Brasil, temos sido significativamente afetados por essas mudanças. Os aumentos constantes do valor das versões digitais estavam tornando mais atrativa a aquisição de mídias físicas, apesar do preço elevado. Entretanto, os constantes aumentos tornaram incoerente optar pela mídia digital.

Enquanto concorrentes oferecem políticas mais acessíveis, como assinaturas com vastos catálogos de jogos e promoções frequentes, a Nintendo mantém uma abordagem mais conservadora. Essa postura afeta e amplia a distância entre a empresa e os consumidores latino-americanos, que já enfrentam desafios econômicos significativos. Sem uma estratégia clara para tornar seus produtos mais acessíveis, a empresa pode acabar perdendo parte de sua base de jogadores na região.

A falta de uma política de regionalização de preços que considere o poder aquisitivo dos consumidores locais intensifica a percepção de que a Nintendo não está alinhada às realidades econômicas dos países. Essa desconexão tem frustrado os fãs e pode resultar em uma diminuição da base de consumidores e na perda de competitividade no mercado regional.

Consequências: mercado de usados e pirataria


O aumento nos preços dos jogos digitais pode levar os consumidores a buscar alternativas mais acessíveis. Uma dessas alternativas é o mercado de jogos usados, no qual os jogadores podem adquirir títulos a preços mais baixos. Com o aumento dos preços digitais, é provável que a venda de cartuchos físicos usados cresça, já que muitos jogadores buscarão opções mais baratas.

Outra consequência potencial é o aumento da pirataria. Com os preços elevados, alguns consumidores podem recorrer a métodos ilegais para acessar os jogos, o que representa uma perda para a Nintendo e para a indústria como um todo. Historicamente, a pirataria sempre foi impulsionada por barreiras econômicas, e a falta de preços acessíveis pode estimular o seu crescimento.

Além da pirataria tradicional, há também o aumento de práticas como o compartilhamento de contas e a revenda de contas digitais, algo que a Nintendo tem tentado coibir.

A empresa sempre se posicionou contra tais práticas, no entanto suas próprias políticas de preço e serviço acabam as fortalecendo em mercados com menor poder aquisitivo. Ao final, acaba por fortalecer aquilo que tem combatido fortemente ao longo dos anos.

Preocupações com o futuro: Nintendo Switch 2


Com a confirmação oficial do lançamento do Switch 2 e o anúncio de uma Nintendo Direct exclusiva para abril, os consumidores estão apreensivos quanto aos preços dos jogos e do próprio hardware. Se a tendência de aumento de preços persistir, há temores de que os novos títulos e o console sejam inacessíveis para uma parcela significativa de boa parte de seu público.

O histórico recente de aumentos sugere que a nova geração pode chegar com valores ainda mais elevados, o que pode impactar negativamente as vendas iniciais. Caso a Nintendo não apresente uma estratégia de preços mais equilibrada, pode acabar reduzindo seu próprio mercado e dificultando a adoção do novo console.

Igualmente,o alto preço dos jogos de Switch na Eshop pode estar abrindo precedente para que os jogos de Switch 2 sejam ainda mais caros. Caso isso aconteça, consumir esse tipo de produto da empresa será algo exclusivo para pessoas de maior poder aquisitivo. 

Há justificativas para o aumento?


Um dos principais fatores que podem ter levado ao aumento dos preços dos jogos digitais é a desvalorização histórica do iene. Uma moeda mais fraca pode impactar os custos de produção e distribuição, levando a ajustes de preços para manter a rentabilidade.

Há também a inflação e a desvalorização do real no Brasil aumentam os custos de importação e operação no país. Esses fatores econômicos podem ter contribuído para a necessidade de reajustar os preços dos jogos digitais para manter a viabilidade financeira das operações da Nintendo na região.

É possível que esse aumento seja parte de uma estratégia da Nintendo de alinhar os preços globais de seus produtos. Ao padronizar os preços, a empresa busca evitar disparidades significativas entre diferentes mercados, garantindo uma política de preços mais uniforme. No entanto, essa abordagem visivelmente não leva em conta as particularidades econômicas de cada região, resultando em preços menos acessíveis para alguns consumidores.

A Nintendo jogando contra si mesma


O aumento dos preços dos jogos digitais do Nintendo Switch no Brasil, levanta questões sobre a estratégia da Nintendo na região e se há realmente compromisso com os consumidores locais, mesmo após o retorno oficial há relativamente pouco tempo ao país. 

E não tendo uma comunicação clara e benefícios que justifiquem os reajustes, a empresa corre o risco de perder espaço para concorrentes que oferecem condições mais favoráveis. Para manter sua relevância e fidelidade dos jogadores, a Nintendo precisa reconsiderar suas políticas de preços e engajamento urgentemente no Brasil, ainda mais se pretende emplacar o seu novo console. E vocês o que acham dessa situação?

Revisão: Beatriz Castro 
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Fernando Lorde
Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
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