Monolith Soft: a maestra dos mundos abertos

A expêriencia em mundos vastos e mapas abertos criados pela Monolith foram se aprimorando de jogo em jogo.

em 27/03/2025
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Fundada por nomes experientes da indústria e nascida em uma equipe cheia de ambições, a Monolith Soft criou mundos marcantes, assim como não explicitamente ajudou a criar experiências que mudariam como jogos de mundo aberto seriam pensados dali em diante. Os mundos criados por eles são vastos e vívidos, cheios de oportunidades de exploração, integrando de forma rica também tanto a jogabilidade quanto a narrativas profundas de seus jogos.

O surgimento de uma lenda dos RPGs


No final da década de 1990, um grupo de desenvolvedores apaixonados decidiu trilhar um novo caminho na indústria dos games. Liderados por Tetsuya Takahashi, ex-membro da Squaresoft e um dos principais nomes por trás de Xenogears (1998), essa equipe fundou a Monolith Soft em 1999, com a ambição de criar mundos vastos e histórias profundas.

Nos primeiros anos, a Monolith Soft se aventurou na série Xenosaga, uma saga de ficção científica que prometia trazer uma narrativa épica e sistemas de jogabilidade inovadores. Embora o escopo ambicioso e a profundidade filosófica tenham conquistado uma base de fãs leais, a série não atingiu o sucesso comercial esperado e o estúdio passou por momentos de incerteza. Foi apenas em 2007 que a empresa encontrou um novo rumo ao ser adquirida pela Nintendo.

Esse momento se tornou um divisor de águas, dando à Monolith Soft a estrutura necessária para realizar seu maior feito: a criação de alguns dos mais impressionantes mundos abertos já vistos nos videogames: a experiência da saga Xenoblade Chronicles.

O sonho de Takahashi 


Tetsuya Takahashi sempre teve um grande sonho: criar uma saga épica que unisse narrativas complexas, temas filosóficos e um vasto mundo de exploração. Sua jornada começou na Squaresoft, onde trabalhou em títulos icônicos como Final Fantasy VI e Chrono Trigger. No entanto, foi com Xenogears que ele tentou contar sua própria história. O jogo trouxe ideias ambiciosas, mas restrições de tempo e orçamento impediram Takahashi de concretizar toda a sua visão.

Com o desejo de maior liberdade criativa, ele fundou a Monolith Soft em 1999. Seu novo estúdio deu origem à série Xenosaga, uma tentativa de expandir os conceitos de Xenogears, mas que acabou limitada por desafios financeiros e mudanças na indústria. Quando a Nintendo entrou na jogada em 2007, surgiu a oportunidade para que Takahashi finalmente trabalhasse em um projeto sem as mesmas restrições do passado.

Foi assim que nasceu Xenoblade Chronicles, jogo que combinava uma narrativa rica com um mundo aberto inovador e sistema de combate dinâmico como o desenvolvedor desejava há muito tempo. O sucesso foi imediato, levando a sequência de novos títulos que consolidaram Xenoblade como uma das franquias mais importantes dos RPGs modernos.

Xenoblade Chronicles: o renascimento dos RPGs


O primeiro grande sucesso da Monolith Soft, sob as asas da Nintendo, foi Xenoblade Chronicles, lançado para o Nintendo Wii em 2010. O jogo trouxe uma abordagem inovadora ao gênero de RPG, oferecendo um mundo expansivo e totalmente interconectado, sem telas de carregamento que interrompessem a imersão.

O cenário de Xenoblade Chronicles é um espetáculo à parte: um universo construído sobre os corpos colossais de Bionis e Mechonis, duas entidades titânicas que se enfrentaram em tempos ancestrais. O título conquistou os jogadores não apenas por sua narrativa envolvente e sistema de batalha dinâmico, mas pela forma como incentivava a exploração. As vastas paisagens, repletas de biomas distintos e criaturas imponentes, criavam uma sensação única de aventura.

O jogo foi sucesso imediato, e a Monolith Soft não parou por aí. Em 2015, o estúdio lançou Xenoblade Chronicles X para o Wii U, que ganhou  sua versão definitiva no Switch, indo para além da experiência do seu título anterior e fazendo uma abordagem diferente. O jogo apresentava um planeta alienígena gigantesco, Mira, onde os jogadores podiam explorar livremente a pé ou pilotando os impressionantes Skells, mechas gigantes que adicionavam uma nova camada de jogabilidade. Diferente de seu antecessor, Xenoblade X apostou em uma experiência ainda mais aberta e focada na exploração, criando um dos maiores mapas já vistos até então em um RPG.


Já no Nintendo Switch, Xenoblade Chronicles 2 trouxe um novo elenco de personagens e uma narrativa repleta de emoção, enquanto Xenoblade Chronicles 3 conseguiu unir as melhores qualidades de seus predecessores em um dos RPGs mais aclamados do console. 

Com uma trilha sonora memorável e um enredo que entrelaça as histórias dos jogos anteriores, Xenoblade 3 se tornou a culminação da expertise da Monolith Soft em criação de mundos imersivos. Mostrando que a empresa vinha se aprimorando e não se furtando a criar experiências cada vez mais ricas e inovadoras em comparação com seus jogos anteriores, evitando somente repetir fórmulas para tentar obter o mesmo sucesso, como ocorre com muitos títulos na indústria.

Além de Xenoblade: a versatilidade da Monolith Soft


Embora seja mais conhecida pela série Xenoblade Chronicles, a Monolith Soft tem um longo histórico de desenvolvimento de outros RPGs para a Nintendo. Um dos primeiros projetos do estúdio foi Baten Kaitos: Eternal Wings and the Lost Ocean (2004) e sua sequência Baten Kaitos Origins (2006), que ganharam remaster no Switch em 2023, dois RPGs de cartas para o Nintendo GameCube que se destacaram por seu sistema de combate inovador, cercado por uma narrativa envolvente.

Além disso, o estúdio também desenvolveu Disaster: Day of Crisis (2008) para o Wii, um jogo de ação e sobrevivência que fugia completamente do gênero RPG, colocando os jogadores em meio a desastres naturais catastróficos enquanto tentavam salvar civis e combater ameaças terroristas. Apesar de não ter alcançado grande sucesso comercial, o jogo demonstrou a versatilidade da Monolith Soft em trabalhar com diferentes estilos de gameplay.

Outro título notável é Project X Zone (2012) e sua sequência Project X Zone 2 (2015), RPGs táticos para o Nintendo 3DS que trouxeram um crossover curioso entre personagens de diversas franquias da Capcom, Bandai Namco e Sega. Esses jogos mostraram a habilidade da Monolith Soft em criar sistemas de combate estratégicos e tramas envolventes dentro de um universo compartilhado.

A expertise do estúdio também se estendeu a da Nintendo, como sua contribuição para o desenvolvimento de Animal Crossing: New Leaf, onde ajudou na criação de ambientes e otimização do mundo do jogo. Esse envolvimento destaca como a Monolith Soft não se limita só ao RPG, mas tem um papel essencial na construção de experiências imersivas em diferentes gêneros. E essa não foi a primeira e nem a mais importante participação da Monolith em jogos da Nintendo.

Integrando projetos da Nintendo


A expertise da Monolith Soft na criação de mundos abertos chamou a atenção da Nintendo, que logo começou a integrá-la em seus projetos mais ambiciosos. Foi assim que o estúdio desempenhou um papel fundamental na criação do mundo de The Legend of Zelda: Breath of the Wild.

Se hoje lembramos de Hyrule como um playground imenso e vivo, é em grande parte ao talento da Monolith Soft. O estúdio ajudou a moldar as vastas paisagens, os ecossistemas interativos e a sensação de liberdade que tornou o jogo um marco na indústria. O sucesso foi tão grande que a Nintendo confiou novamente no time para ajudar no desenvolvimento de Tears of the Kingdom.

Dessa vez, a equipe contribuiu para criar as ilhas flutuantes e aprimorar a verticalidade da exploração, tornando o mundo de Hyrule ainda mais surpreendente do que foi visto em Breath of the Wild. Por sua maestria na construção de mapas detalhados e interativos, a Monolith Soft ganhou seu destaque entre as empresas parceiras da Nintendo, que passou a envolvê-la em projetos cada vez mais ambiciosos como a dualogia Breath/Tears. 

Não à toa, após todos os sucessos da parceria Nintendo-Monolith, a gigante japonesa se movimentou para adquirir 100% do estúdio, que agora deve se envolver ainda mais em jogos futuros da Big N.

Um Futuro Brilhante para a Monolith Soft


A Monolith Soft não é mais apenas um estúdio especializado em RPGs: tornou-se uma das forças criativas mais importantes da Nintendo. Sua capacidade de criar mundos abertos orgânicos, envolventes e cheios de possibilidades a colocou no mesmo patamar dos grandes nomes da indústria.

Com a aquisição completa por parte da Nintendo, podemos esperar que, além de títulos próprios, a Monolith Soft também atue em outras franquias da Nintendo. Sua larga experiência tanto com RPGs quanto com mundos abertos abre um grande leque de possibilidades. E quem sabe não vejamos títulos antigos da Nintendo retornando sob os olhos da Monolith.

Seja em Hyrule, em Bionis ou em terras ainda desconhecidas, uma coisa é certa: sempre que ouvirmos o nome Monolith Soft, poderemos esperar mundos vastos, histórias emocionantes e uma jornada inesquecível. O estúdio provou que criar um grande mundo aberto não é somente preencher um mapa com conteúdo, mas dar vida a um universo que os jogadores realmente desejam explorar.

Revisão: Cristiane Amarante

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Fernando Lorde
Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
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