O catálogo de jogos de Super Nintendo dentro da assinatura adicional do Nintendo Switch Online recentemente recebeu alguns títulos de estratégia da Koei. Entre eles, temos Romance of the Three Kingdoms IV: Wall of Fire, uma obra que traz bastante complexidade estratégica e um sistema de gerenciamento muito interessante.
Um jogo bastante imprevisível
Os jogos da série Romance of the Three Kingdoms se dividem em duas principais vertentes: uma focada no gerenciamento e expansionismo macro de um reino e outra no controle individual de personagens de diferentes patentes. Wall of Fire pertence à primeira categoria, o que significa que o nosso principal objetivo é assumir o controle do maior número de territórios possível.
Aqui, o jogador pode escolher entre diversos governantes históricos ou criar um próprio, inserindo-o em um dos seis cenários disponíveis. Nos primeiros períodos, a China está fragmentada entre inúmeros reinos, enquanto no último cenário, o território se divide entre as três principais forças da Era dos Três Reinos: Shu, Wu e Wei.
O jogo conta com alguns eventos históricos e certos acontecimentos iniciais tendem a se repetir em diferentes campanhas. No entanto, as ações de cada governante são bastante imprevisíveis, muitas vezes influenciadas pelas nossas próprias escolhas, o que garante que cada nova jogada seja única.
Muitos elementos merecem atenção constante
Embora a guerra seja um elemento crucial em Wall of Fire, há inúmeros outros aspectos estratégicos que exigem nossa atenção. Nessa linha, apesar de contarmos com um personagem principal, as múltiplas funções podem ser distribuídas entre os generais sob nosso comando.
Dentro das cidades, as principais atividades envolvem o desenvolvimento de quatro aspectos essenciais: Farm, que aumenta a produção agrícola, garantindo suprimentos para o exército e população; Dam, que representa as construções que protegem a cidade de desastres naturais; Economy, que melhora o nível econômico da região, aumentando a arrecadação de ouro; e Technology, que eleva o nível tecnológico da cidade, permitindo a fabricação de armas mais avançadas.
Esses quatro fatores são vitais ao longo de toda a campanha e devem ser equilibrados com os elementos de ataque e defesa do reino. Como o jogo funciona em turnos e os governantes rivais agem de forma imprevisível, é essencial sempre planejar as nossas próximas ações com antecedência.
Conforme o império cresce, os custos de manutenção também aumentam, exigindo que o jogador distribua as funções com sabedoria entre seus oficiais. Nesse contexto, recrutar novos indivíduos não apenas é possível, mas também recomendado; no entanto, essa ação envolve riscos, já que um recém-recrutado pode, na verdade, estar atuando como espião de um exército rival.
Como dependemos fortemente da atuação eficaz de nossos comandados, é essencial manter os oficiais mais talentosos satisfeitos, o que pode ser feito por meio de promoções e da concessão de controle sobre cidades. Por outro lado, o inverso também se aplica, com opções de punição para os oficiais pouco competentes ou traidores, as quais incluem rebaixamento de cargo, exílio e até mesmo execução.
Ainda que de forma bem mais simples e menos útil do que nos jogos mais recentes da série, essa entrada também oferece a possibilidade de buscar conselhos com comandantes de alta inteligência. No geral, os elementos de gerenciamento em Romance of the Three Kingdoms IV: Wall of Fire são amplos e envolventes, especialmente considerando sua época de lançamento. Apesar de não ser um título muito intuitivo ou convidativo para iniciantes, uma vez que nos acostumamos com suas mecânicas, ele se torna surpreendentemente viciante.
O combate também requer muito planejamento
Como não poderia ser diferente, mais cedo ou mais tarde, nosso objetivo de conquistar a China exigirá que nos defendamos de ataques rivais ou avancemos contra um reino vizinho. Assim como nos demais jogos da série, o combate segue um modelo semelhante ao de um RPG estratégico.
As batalhas ocorrem em turnos e costumam ser demoradas, exigindo que o jogador planeje bem suas ações e garanta provisões suficientes. Embora os cenários não sejam muito amplos, é essencial considerar as características do terreno para obter vantagens defensivas e conseguir alcançar as tropas adversárias, como a presença de montanhas. Além disso, armadilhas desempenham um papel crucial, podendo ser tanto aplicadas quanto descobertas com a ajuda dos conselheiros.
Na maioria dos casos, as batalhas começam em campos abertos e avançam até os arredores dos muros do castelo. Quando a muralha cai, o oponente pode se render ou tentar uma última resistência. Com a vitória garantida, o jogador pode decidir o destino dos generais capturados, escolhendo entre recrutá-los, libertá-los ou executá-los.
Apesar de a conquista de um novo território trazer benefícios, ela também acrescenta desafios, especialmente nos momentos iniciais. Isso porque, após uma guerra, as estruturas da cidade conquistada ficam gravemente danificadas e nossas forças, reduzidas, devido ao uso de recursos e soldados em combate. Nesse cenário, os inimigos atentos podem enxergar a nossa fraqueza e aproveitar a oportunidade para atacar.
Por conta de todos esses fatores, o jogador deve considerar não apenas se possui recursos suficientes para iniciar um conflito, mas se conseguirá se manter ativo em combate por vários meses ou até mesmo anos. Além disso, é imprescindível planejar uma recuperação rápida e reestruturar o território o mais depressa possível após o fim da batalha.
Uma adição muito bem-vinda ao serviço do Switch
Ainda que Romance of the Three Kingdoms IV: Wall of Fire demande tempo considerável para começar a fazer sentido para iniciantes, ele se destaca como um ótimo jogo de estratégia e um grande lembrete da qualidade da série.
Aqui, a combinação de gerenciamento, combate e decisões políticas oferece uma jogabilidade extremamente envolvente, no qual cada escolha pode alterar profundamente o rumo da campanha. Assim, a chegada deste título ao catálogo do Nintendo Switch Online não apenas é bem-vinda, mas representa uma excelente oportunidade para relembrar ou conhecer esta boa obra.
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli