Pokémon Black/White: quando retornei ao mundo Pokémon

Como Pokémon Black/White reacendeu minha paixão pela franquia, com desafios, inovação, uma história envolvente e se afastando da pura nostalgia.

em 12/02/2025
2 comentários

Pokémon é indiscutivelmente um fenômeno cultural, e eu, assim como boa parte das pessoas que vivenciaram a explosão da franquia a partir de meados dos anos 90, fui totalmente tragado por ela. Desde então, Pokémon sempre fez parte da minha vida, seja com os mais diversos jogos, filmes e animes. No entanto, houve momentos em que acabei me afastando, em especial dos jogos da série principal.

Após jogar FireRed & LeafGreen, por inúmeras razões, entre elas um certo cansaço da franquia, perdi a empolgação com os jogos. Ao experimentar os títulos da terceira e quarta gerações, nenhum conseguiu capturar minha atenção. Assim começou meu exílio do mundo Pokémon, que durou sete anos, até que, em 2011, finalmente joguei Pokémon Black e retornei de vez para casa.

Um DS emprestado e o retorno a Pokémon


Desde 2009, eu já me corroía de vontade de jogar as novas versões da segunda geração, HeartGold/SoulSilver, mas, na época, não tinha condições de adquirir um Nintendo DS, muito menos um jogo.

Foi então que, em 2011, tive a oportunidade de ficar com um DS emprestado por algum tempo, juntamente com Pokémon Black. Ao contrário do que eu imaginava, diferentemente do que aconteceu com Ruby/Sapphire e Diamond/Pearl, fui capturado pela temática, ambientação e diversos aspectos da jogabilidade, além dos visuais incríveis dos Pokémon.

A quinta geração veio com a promessa de renovação e mais intensidade para a série, trazendo atitudes corajosas, como oferecer apenas Pokémon da geração até boa parte do jogo, uma dificuldade retrabalhada e uma narrativa mais madura. Todas essas mudanças eram exatamente o que eu precisava para retomar meu interesse.

Unova: mais experiências, menos nostalgia


O que primeiro chamou minha atenção em Pokémon Black foi a presença exclusiva de Pokémon naturais da região de Unova, ao menos até o término da campanha principal. Essa cisão com os monstrinhos das gerações passadas me forçou a não ceder à nostalgia e usar criaturas totalmente novas. Nada de Pikachu ou “Pikaclone” aqui!

Experimentar batalhas com novos Pokémon, conhecê-los e acostumar-me com suas habilidades e movimentos, criando estratégias ao invés de apenas replicar as mesmas táticas do passado, me tornou um treinador melhor. Desde então, passei a variar mais meus times e estratégias, permitindo-me explorar mais monstrinhos. Talvez isso não tivesse acontecido sem o desafio que Unova trouxe.

Nessa geração, finalmente aprendi a jogar Pokémon de verdade. Apenas usar movimentos de dano era insuficiente em muitos combates e alguns líderes de ginásio podiam destruir meu time facilmente, especialmente na primeira jogada.

Encontros especiais


Outro ponto marcante da minha experiência em Unova foi como certos Pokémon, apesar de não serem lendários ou místicos, eram apresentados de forma especial. Um exemplo é Musharna, que só podia ser encontrado em um dia específico da semana.

O encontro mais memorável, no entanto, foi com Volcarona, o "Pokémon Sol". Não era apenas o título que lhe dava um ar lendário: sua localização no Relic Castle, seu alto nível e a baixa taxa de captura tornavam tanto a batalha quanto a captura momentos inesquecíveis.

Esses encontros especiais e inesperados aumentavam minha expectativa e curiosidade. Afinal, o que mais eu poderia encontrar pela frente?

N, Ghetsis e Team Plasma: um jogo com (mais) narrativa


Se pokémon nunca foi conhecido por enredos intrincados e profundos, a quinta geração deu um passo a mais em direção a ter uma narrativa mais rica e personagens mais interessantes. Diferentemente das organizações e vilões de Pokémon que, ora ou outra, se apresentem com motivações risíveis e bobas, me pegou de surpresa com um plot bem mais interessante e crível.

O suposto vilão/rival líder da Team Plasma, N, surge como uma espécie de revolucionário, um libertador dos Pokémon, com o objetivo de libertar os monstrinhos do controle dos humanos, isso vindo de um personagem que consegue se comunicar e entender o coração das criaturas.

A temática de N, o fim da exploração dos Pokémon por parte dos humanos, o coloca numa área cinza, em que boa parte de seus ideais fazem sentido, só para posteriormente entendermos que as coisas não são bem por aí e mesmo esse personagem estava sendo manipulado por Ghetsi.


E isso leva o jogo para um tema ainda mais obscuro e que mostra a riqueza da trama de Black/White, de como movimentos que aparentam, ou mesmo tenham boas motivações, podem ser subvertidos e usados como pano de fundo para algo nada louvável. Uma abordagem mais rica e profunda assim só voltou a aparecer justamente na nona geração.

Embora esse tipo de abordagem mais rica não tenha continuado com firmeza na maioria das gerações posteriores, Pokémon Black não só me ajudou a ficar ainda mais interessado pelo jogo como voltar a acompanhar os jogos posteriores, para ver o que a Game Freak prepararia dali em diante.

Líderes de ginásio e desafios mais difíceis


Quanto à gameplay, embora Black/White sigam pela linha tradicional da franquia eles incluíram vários elementos novos, em especial as batalhas triplas. Mas nada nas novas mecânicas e funcionalidades me chamaram tanto a atenção quanto outro aspecto: a dificuldade.

Não, Black/White não são extremamente difíceis, mas sua dificuldade de fato é mais elevada que a maioria dos títulos principais de Pokémon — em quase todos os jogos até então eu jamais havia encontrado grandes dificuldades ou sofrido derrotas.

Nessa geração, não foi uma nem duas vezes que fui derrotado por algum líder de ginásio ou membros da Elite dos Quatro, tendo que rever meu time e estratégias, como que raramente acontecia anteriormente e em geral para um adversário específico quando acontecia.

Essa dificuldade, em especial ao jogar a primeira vez, trouxe um sentido de desafio e resistência por parte do jogo que eu não sentia havia anos em Pokémon: me sentir desafiado de tal forma, forçando a encontrar novos métodos e fortalecer meus Pokémon e, por fim, ter o prazer da superação e da vitória. 

Antes esnobado, hoje aclamado


Curiosamente, os motivos pelos quais o dono do DS emprestado não gostou do jogo eram exatamente os que me fizeram amar essa geração. Me lembro bem de que muitas pessoas não apreciavam esses títulos na época pelos mesmos motivos e em especial pela ausência de Pokémon antigos.

Hoje, no entanto, a quinta geração foi redescoberta como uma das melhores da franquia, e é fácil encontrar fãs apaixonados que a colocam entre suas favoritas. Se antes Black/White eram tratados como uma tentativa frustrada de reboot e criticados pelo design dos Pokémon, hoje esses jogos são vistos com muito mais apreço.

De volta ao lar


Apesar de nunca ter me afastado completamente de Pokémon, meu retorno à série principal foi um momento muito importante para mim. A sensação de descoberta, desafio e a profundidade temática desses títulos trouxeram de volta uma parte essencial da minha experiência com videogames.

Minha conexão com Unova nunca se perdeu e, desde então, tenho esperado a oportunidade de revisitar essa região e fazer brilhar novamente meu time que conquistou o Hall da Fama: Serperior, Musharna, Krookodile, Zoroark, Haxorus e Volcarona. Enquanto isso, aguardamos que Unova retorne em um remake para o Switch 2.

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Siga o Blast nas Redes Sociais
Fernando Lorde
Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).