New Super Mario Bros. e o legado da fórmula 2D da Nintendo

Jogos 2D do Mario continuam sendo o maior destaque da Nintendo mesmo depois de 4 décadas.

em 31/01/2025
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40 anos se passaram e ninguém foi capaz de tirar o posto de Super Mario Bros. como o jogo de plataforma 2D mais vendido da história da Nintendo. É um número simbólico, pois foram mais de 40 milhões de unidades vendidas, considerando apenas a versão original lá do NES. Pensando nisso, é compreensível que a Big N não fosse deixar essa fórmula de lado. Então, eis que surge a série New Super Mario Bros., provando que o estilo Nintendo de jogos 2D do Mario é muito amado até hoje.


New Super Mario Bros. é uma série que abraça o passado sem deixar de pensar no presente e que preparou o terreno para o futuro dos jogos do bigodudo. O primeiro jogo veio quase 21 anos após Super Mario Bros. e já é parte de um total de quatro jogos, uma expansão e uma versão deluxe.

Tivemos muitos power-ups novos, velhos reencontros, temáticas especiais e homenagens que vão desde a clássica primeira fase até projetos inteiros para personagens específicos, como New Super Luigi U. E mesmo que pareça que o 2D seja uma fórmula “cansada” ou “limitada” por termos tecnologias que permitem fazer muito mais, há lições importantes para se aprender com esse legado.

Voltando às origens

New Super Mario Bros. foi lançado no dia 15 de maio de 2006 para Nintendo DS. O console tinha pouco mais de 1 ano desde o lançamento e marcou a chegada de um Mario 2D totalmente novo em um portátil, algo que não aconteceu no Game Boy Advance, que só recebeu ports dos jogos de Super Nintendo.


O jogo traz o sistema clássico de plataforma e rolagem lateral. Assim como outros títulos da série Mario, vamos até o fim do nível, começando da esquerda e indo para a direita da tela e pulando em plataformas para evitar inimigos e buracos, padrão.

No entanto, não só o gameplay foi um dos fatores que contribuiu para esse retorno às origens. Temos a presença do Gumba como primeiro inimigo e uma área com um design que lembra uma campina com montanhas ao fundo. Além disso, os efeitos sonoros como som das moedas, power-ups e até da morte do Mario são todos versões atuais dos mesmos sons do Nintendinho.

Dentro do mapa dos mundos, fases marcadas com círculos e trajetos em linha reta para um direcionamento fácil do jogador também estão presentes, além dos castelos intermediários e principais, tudo bem ao estilo Super Mario Bros. 3.


Não há dúvida de que foi um acerto, afinal, Super Mario Bros. até hoje é usado como exemplo de design em jogos. Isso acontece pelo quão claro ele deixa para o jogador certos aspectos da fase, mesmo que quem esteja controlando seja uma criança que não consegue (ou não quer) ler o manual.

No caso de Super Mario Bros., é um jogo com apenas os direcionais e dois botões. O tijolo mostra que podemos tanto quebrar quanto ficar em cima de certas plataformas. Logo adiante, o Gumba é introduzido como o primeiro inimigo, sendo que a única forma de derrotá-lo é pulando em cima, já que se aproximar de frente faz o Mario perder uma vida. E, não menos importante, é a posição do Mario na tela ao iniciar o jogo. Estando bem próximo da extremidade esquerda do cenário, o jogo intrinsecamente deixa claro para o jogador que ele deve ir para o outro lado, já que nem mesmo há a possibilidade de voltar após seguir em frente.


Sua nova versão no DS não saiu (e nem precisava sair) da fórmula. Porém, não queria dizer que não haveria algo novo para atrair os olhos do jogador.

É aí que entram duas novidades: o power-up novo da primeira fase e as moedas de estrela. Uma tradição colocada por New Super Mario Bros. foi a presença de algum poder que permitiria ao Mario combater os inimigos de forma mais fácil. No caso desse jogo, foi o Mega Cogumelo, que deixa o Mario em um tamanho gigante, cobrindo quase toda a fase e podendo pisotear os inimigos e quebrar obstáculos com facilidade durante um curto espaço de tempo.


Junto disso, as moedas de estrela vem para incentivar a exploração das fases. No Nintendo DS, não havia mais a limitação do NES que impedia o jogador de voltar nas partes da fase onde já esteve, então ele poderia aproveitar ao máximo o tempo que tinha para ver cada detalhe e buscar segredos, pois dificilmente as moedas estavam em lugares óbvios. Para isso, entrou o recurso da segunda tela do DS, que além de mostrar em que ponto da fase o jogador estava, também mostrava qual das três moedas estava faltando.

New Super Mario Bros. Wii e o uso de recursos do console

Mesmo com as novidades no Nintendo DS, a Nintendo não arriscou demais em seu primeiro projeto. Já em New Super Mario Bros. Wii, a coisa foi diferente, pois colocou essa série como parte da vitrine que mostra o que os consoles e controles da Nintendo podem fazer.

New Super Mario Bros. Wii foi lançado em 12 de novembro de 2009. Além de trazer os elementos padrões da série como a versão de DS fez, foram introduzidos dois aspectos novos muito importantes: o multijogador local e o uso dos Wii Remotes.

O modo multijogador trouxe a possibilidade de jogar Mario 2D com até 4 jogadores. A mecânica estreante ainda era meio crua e podia criar uma zona, já que havia colisão entre os personagens, mas tinha seu valor. Era divertido poder ajudar ou atrapalhar os amigos ao longo da fase.


Como manda a tradição, a primeira fase introduziu o power-up da vez: a “roupinha de helicóptero”, ou Propeller Mushroom como é o nome oficial.

Esse novo poder do Mario não só expandiu a exploração das fases ao fazer ele voar e atingir locais altos ou escondidos nas nuvens, como também fazia uso do movimento do controle.


Ao balançar o Wii Remote, Mario girava, e esse giro “ligava” a hélice que permitia ele voar. Além do voo, o jogador poderia continuar balançando o controle para girar o Mario no ar para dar um golpe forte caindo no adversário como uma broca ou simplesmente manter o Mario flutuando por mais tempo.

Essa mecânica de girar ainda foi colocada em certas ferramentas do cenário, como parafusos que movimentavam plataformas ou pontes que se inclinavam conforme a posição do controle. Tudo isso sem contar o uso de sons do Wii Remote que também fizeram parte das novidades.

Desde então, jogos 2D do Mario se tornaram a oportunidade perfeita para a Nintendo mostrar as novidades dos seus hardwares. Em New Super Mario Bros. 2 do 3DS, a mecânica de jogar diversas moedas nas fases foi útil para mostrar os recursos 3D da tela, já que sempre teriam elementos voando pelo cenário e impressionando o jogador.


Em New Super Mario Bros. U, a novidade foi a introdução do Gamepad do WiiU. Nesse novo controle, além da possibilidade de jogar olhando para a telinha dele, o mesmo foi destaque para o multijogador. O jogo adicionou a opção de um quinto jogador que poderia ajudar os personagens atacando inimigos e criando blocos novos na fase com a tela de toque.

A série New Super Mario Bros. superando os jogos 3D

Embora as mudanças que New Super Mario Bros. busca trazer sejam interessantes, é compreensível questionar se os jogos 3D não seriam algo mais chamativo, já que nenhum jogo se parece com o anterior.

Super Mario 64, Super Mario Sunshine, Super Mario Galaxy, Super Mario 3D World e Super Mario Odyssey têm um estilo de movimentação parecida, mas com poderes, fases, estrutura de mundos e mecânicas muito diferentes entre si.


No final das contas, podemos olhar de duas formas. Super Mario Galaxy 1 e 2 e Super Mario Odyssey estão entre os jogos mais bem avaliados da história do Metacritic. Enquanto isso, nenhum jogo da série New nunca sequer alcançou o selo “Must Play” que a plataforma dá aos jogos com 90 pontos ou mais de crítica. Por esse ângulo, parece que os jogos 3D são mais significativos, impressionantes e realmente marcantes.

Porém, em um levantamento do portal Video Game Sales Wiki, foi constatado que New Super Mario Bros. Wii vendeu cerca de 10 milhões de unidades a mais do que Super Mario Galaxy 1 e 2 somados. Super Mario Galaxy vendeu 12,80 milhões de unidades e Super Mario Galaxy 2 vendeu 7,41 milhões. Enquanto isso, New Super Mario Bros. Wii chegou a marca de 30,32 milhões e é o jogo 2D que mais chegou perto dos números do clássico de NES.

Acredito que é possível afirmar que a acessibilidade é um grande fator aqui. O jogo 2D do Wii não exige o uso do Nunchuk para funcionar e, no final das contas, é um jogo de apenas dois botões e um direcional.

É muito fácil de aprender a jogar, especialmente para o público do Wii que era mais casual. Ensinar uma criança pequena ou alguém que quase não joga videogame que há um botão de correr e outro de pular é simples e bem intuitivo.

Porém, antes de julgarmos o jogo por esses aspectos, pense nisso: quantas desenvolvedoras no mundo conseguem fazer jogos tão amados e com tantas mecânicas usando praticamente apenas 2 botões e um direcional?

Parte da genialidade é saber fazer bem o que é simples, e essa é a essência de New Super Mario Bros.

Super Mario Bros. Wonder e o futuro de jogos 2D

A chegada de Super Mario Bros. Wonder em 2023 foi como uma coroação do legado 2D criado pela Nintendo. Pela primeira vez, um jogo 2D moderno do encanador alcançou o selo “Must Play” com ampla aprovação da crítica, além de indicações a melhor jogo do ano. E, na parte de vendas, já superou a marca de 13 milhões de unidades, sendo também um sucesso comercial para a Nintendo e para o Switch.


Sem dúvidas as várias surpresas de Wonder não seriam possíveis sem os vários anos de otimização dos fundamentos do 2D com a série New e as várias experimentações dos jogos 3D. Dito isso, será interessante ver quais novidades nascerão de Wonder e Odyssey no Nintendo Switch 2.

Revisão: Beatriz Castro
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Lucas Henrique
Redator e tradutor, sempre planejando escrever sobre algo (mesmo que seja só um rascunho). Acima disso, apenas a paixão por videogames e as várias formas que essa mídia conta histórias.
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