Ice Climber: 40 anos do último jogo de Miyamoto antes de Super Mario Bros.

Uma joia que ficou esquecida no Nintendinho, mas que ainda tem seu valor hoje em dia.

em 30/01/2025
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Mesmo tendo uma boa recepção em sua época e fazendo parte do hall de criações do lendário Shigeru Miyamoto, Ice Climber comemora seus 40 anos de existência nos consoles da Nintendo com uma história bem pequena. Porém, quero falar aqui um pouco sobre minha experiência com o jogo e trazer algumas curiosidades sobre esse projeto, que foi o último antes de Miyamoto realizar a sua maior criação no mundo dos videogames.

O que é Ice Climber?

Ice Climber foi lançado no dia 30 de janeiro de 1985 para o Nintendo Entertainment System e parece muito uma fusão de Mario Bros. e Donkey Kong dos fliperamas. Não é uma surpresa, já que sabemos que Miyamoto estava envolvido em ambos os projetos.

O jogo se baseia em escalar montanhas de gelo para perseguir uma espécie de pterossauro chamado Condor, que roubou os vegetais dos protagonistas. Ice Climber tem dois personagens principais: Popo e Nana, duas crianças vestidas com roupas Inuítes, sendo Popo o personagem azul e Nana a personagem rosa. Ambos carregam um grande martelo nas suas escaladas.

Gameplay familiar e simples

Ice Climber tem 32 fases e todas seguem o mesmo roteiro: uma cena inicial com Condor carregando o vegetal (são 10 vegetais diferentes ao todo) dos personagens e parando no alto da montanha, ao melhor estilo Donkey Kong com a Pauline; então, a escalada começa.


A maneira como as fases são construídas é onde temos as semelhanças com Mario Bros.: existem oito andares e você tem três vidas. Seu personagem pode andar para ambos os lados e cada extremidade dá acesso à outra; ou seja, se você caminha para a esquerda até o final, vai sair na parte direita daquele andar.


Os direcionais para cima e para baixo não fazem nenhum movimento. Com o primeiro botão do NES, você dá uma pancada com o martelo e, com o segundo botão, Popo salta e usa o martelo automaticamente, sem necessidade de que o jogador aperte o primeiro botão. A movimentação lembra a do martelo do Jumpman em Donkey Kong.

Cada pancada quebra um bloco de gelo. Após abrir caminho e chegar acima do oitavo andar, uma rodada bônus começa, onde você tem 40 segundos para coletar vários vegetais e subir em nuvens que te levarão até onde Condor está. Ao chegar lá, Popo pode se agarrar no pterossauro e seguir para a próxima fase.


No entanto, mesmo que você perca a rodada bônus e não chegue até Condor, o jogo ainda considera que você passou para o próximo nível. A única desvantagem é que você perde toda a pontuação extra e Popo e Nana choram na cena de contagem.


No geral, a gameplay é bem fluida. Quando joguei, tive dificuldades em fazer alguns saltos, porque os personagens não ajustam a movimentação quando já estão no ar, então é necessário pensar em tudo antes.

Além de poder jogar normalmente, a partida de 2 jogadores pode ser focada em um tentar derrubar o outro e chegar sozinho ao topo da montanha.

Os obstáculos e inimigos de Ice Climber

Existem basicamente três inimigos em Ice Climber. Mesmo com Condor fazendo o papel de vilão dessa história, ele é apenas parte da fase bônus. Ao longo do caminho, existem outros bichinhos que realmente podem atrapalhar Popo e Nana: Topi, Nitpicker e Polar Bear.


Topi é uma criaturinha que parece um Yeti (o famoso Abominável Homem das Neves), e a função dele é trazer gelo para consertar os blocos que Popo e Nana quebram. Se os personagens colidirem tanto com ele quanto com o bloco de gelo que ele carrega, perdem uma vida.


Ao bater no Topi com o martelo, ele recua por um tempo e depois volta na outra extremidade do andar. Ou seja, se ele recuar para a direita, vai aparecer na parte esquerda do andar em seguida.

Uma curiosidade: na versão japonesa, Topi é uma foca, mas sua função no jogo é a mesma.


Nitpicker é um inimigo voador bem parecido com Condor. Basicamente, a função dele é ficar voando pelo cenário para atrapalhar a escalada dos protagonistas. A melhor forma de lidar com ele é pulando para que Popo e Nana derrubem-no com o martelo.


Por último, o Polar Bear. Ele é um inimigo que só aparece se o jogador demorar demais para avançar na fase. Quando ele surge, começa a pular e fazer com que o cenário caia e Popo e Nana não possam mais ficar nos andares inferiores. Portanto, se você não começar a subir rápido, vai perder o jogo.


Outra característica do Polar Bear é que você não perde vida ao encostar nele. Na verdade, ele empurra Popo e Nana, podendo derrubá-los para os andares inferiores. Ele também é derrotado com o martelo e recua por um tempo, mas volta para continuar te pressionando a subir.

Além dos inimigos, existem alguns obstáculos no próprio cenário. Em certos momentos, pode haver estacas de gelo caindo dos andares superiores. Outras vezes, nos deparamos com fases em que os blocos do andar são compostos de listras. Isso simboliza que aquele piso é escorregadio, então Popo e Nana não conseguem ficar parados no mesmo lugar. Outros blocos, com desenhos de um quadrado na estrutura, são inquebráveis.


O sistema de colisão com inimigos funciona bem. No entanto, durante certos saltos, reparei que meu personagem atravessava a beira da plataforma. Isso poderia ser bom em certos momentos, pois não exigia um pulo tão preciso para plataformas acima de mim, mas também virava uma complicação se eu caía nas plataformas inferiores. Mais de uma vez, principalmente durante o bônus, perdi porque Popo caía da beira das plataformas ou das nuvens.

Uma experiência bem amigável para a época

Os títulos do Nintendinho são bem conhecidos pela sua alta dificuldade na época, muito por conta da prática comum dos fliperamas de tornar um jogo difícil para render mais tempo e fazer os jogadores gastarem mais fichas. No caso do console, passar mais horas com um jogo e fazer valer a compra do cartucho.

No entanto, Ice Climber é mais tranquilo com relação a isso. Desde o começo, todas as 32 fases estão desbloqueadas no menu e você pode escolher jogar qualquer uma delas. Além disso, como comentei antes, nenhuma vida é perdida se o jogador cair do topo da montanha onde está Condor.


Considerando o momento dos videogames quando o jogo lançou, dá para dizer que Ice Climber é bem amigável, mesmo que as fases mais avançadas sejam bem difíceis.

Recepção do público, chegada aos fliperamas e o sumiço de Ice Climber pós-1985

Ice Climber recebeu críticas positivas no Japão. A revista Game Machine listou a versão de fliperama, chamada de “VS. Ice Climbers”, como o oitavo melhor jogo de fliperama do mês.

Após ser lançado nos Estados Unidos, a revista Computer Entertainer elogiou o jogo e considerou sua gameplay de escalada “viciante”. A revista The Reviewer elogiou os gráficos e a gameplay variada, dizendo que teria “horas de jogatina desafiadora”, recebendo 3 de 4 estrelas na opinião dos críticos.

Ice Climber foi lançado após Excitebike e teve participação de Toshihiko Nakago e Shigeru Miyamoto no projeto. Após seu lançamento, em janeiro de 1985, Miyamoto foi trabalhar em um novo projeto, que seria lançado cerca de 7 meses depois, em setembro daquele mesmo ano, chamado Super Mario Bros.

Após as versões de Nintendinho e fliperama, Ice Climber nunca mais recebeu uma nova entrada da série. Houve apenas relançamentos da versão de NES, como o Classic NES Series - Ice Climber de Game Boy Advance, além de lançamentos digitais em lojas virtuais da Nintendo. Hoje, o jogo pode ser jogado pela assinatura Nintendo Switch Online padrão no Switch.

Participações especiais

Apesar do sumiço de sua série, Popo e Nana tiveram diversas participações especiais, principalmente após a estreia dos personagens na série Super Smash Bros. A primeira participação veio em Super Smash Bros. Melee, no GameCube. Depois, ambos voltaram para participar de Super Smash Bros. Brawl no Wii. Para a versão de WiiU e 3DS, a dupla acabou ficando de fora por conta de problemas na versão de 3DS.

O hardware do 3DS seria incapaz de rodar o jogo com todos os personagens em tela se todos os 4 jogadores escolhessem a dupla de escaladores, o que seria um problema bem grande. Masahiro Sakurai, o diretor do jogo, acabou ficando com a escolha mais fácil, que seria remover os personagens.

Em uma coluna que Sakurai escrevia para a revista Famitsu na época, ele afirmou que “as chances de um novo jogo do Ice Climber ser lançado eram muito baixas”, então ele não quis dar muita prioridade em manter os personagens na versão final. Porém, a dupla retornou em Super Smash Bros. Ultimate, no Switch.


Além dessas participações, Popo e Nana já foram referenciados em jogos como Animal Crossing e WarioWare. Em Hey! Pikmin, um dos itens secretos que você pode encontrar é um cartucho de Ice Climber.

Considerando a declaração do Sakurai e que nunca houve um jogo realmente novo de Ice Climber desde a versão de fliperama, é difícil dizer o que pode ser do futuro da duplinha de escaladores. No entanto, eles continuam marcados como personagens que fazem parte do imenso catálogo da Nintendo. Pelo menos, o Ice Climber original está presente nos consoles atuais da Big N para podermos conhecer e nos divertir com essa página da história dos videogames.

Revisão: Davi Sousa
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Lucas Henrique
Redator e tradutor, sempre planejando escrever sobre algo (mesmo que seja só um rascunho). Acima disso, apenas a paixão por videogames e as várias formas que essa mídia conta histórias.
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