Como Pokémon X/Y me fez voltar à franquia

E agora, afastada de novo dos jogos principais, aguardo o retorno a Kalos em Legends Z-A.

em 12/01/2025

Eu cresci com um Mega Drive e um Game Boy Color, então boa parte da minha infância foi com esses videogames. Claro, também joguei muito no computador, mas, com exceção do GBC, minhas chances de jogar Pokémon eram nulas.


Com o portátil colorido em mãos, me esbaldei em jogos como Pokémon Gold — minha primeira aventura no mundo dos monstrinhos de bolso e que se consolidou como minha geração favorita —, Pokémon Puzzle Challenge, Tom and Jerry: Mouse Hunt e muitos outros. Além de jogos originais, tive acesso aos famigerados cartuchos bootleg, que me permitiram revisitar a estreia original das criaturinhas da Game Freak em Pokémon Red e conferir as novidades de Crystal.

Precisei falar tudo isso para contextualizar um pouco da minha história com consoles da Nintendo: eventualmente, acabei deixando o Mega Drive e o GBC de lado para me dedicar a jogatinas no PC, mas, devido a circunstâncias, não tive mais acesso a nenhum outro videogame, então perdi as eras GBA e DS — até 2013, quando comprei meu 3DS.

E por que comprei um 3DS, afinal?

É uma história curiosa, pelo menos eu acho. À época, estava tentando encontrar meu rumo na vida e estudava Letras na USP, e um colega meu, que logo se tornou um grande amigo, era superfã de Pokémon — e ele não parava de falar do novo lançamento, Pokémon X/Y.

Foi ele quem me mostrou os trailers da primeira aventura 100% 3D das criaturinhas e tudo aquilo me fascinou muito. Daí, acabei percebendo que me fazia falta ter alguém para conversar sobre um hype do momento; porém, esse amigo já tinha um 3DS e vários joguinhos legais para o portátil, enquanto eu passava vontade e me empolgava cada vez mais.


Sem pensar duas vezes, investi todo o seguro-desemprego de quando saí da Level Up! — não me julgue, por favor, eu era uma garota de 20 e tantos anos que só queria algo para chamar de seu, dados todos os perrengues que vivi até então — em um 3DS e alguns cartuchos, como Sonic Generations e Code of Princess, e outros jogos na finada eShop do portátil.

Contudo, ainda era julho ou agosto e Pokémon X/Y só seria lançado em outubro. Isso não me impediu de pegar fila de pré-venda na livraria Saraiva do shopping Pátio Paulista — uma das poucas lojas participantes — e me preparar para a aventura em Kalos. Nesse meio-tempo, resolvi conferir tudo o que eu havia perdido até então do mundo Pokémon.

Graças à existência de emuladores, visitei Hoenn em Emerald, redescobri Kanto em FireRed, viajei para Sinnoh em Platinum e passei alguns bons perrengues na Unova de Black e White 2 — HeartGold foi exceção, pois tive o cartucho original e um Pokéwalker. Foi tudo muito diferente da experiência que tive com Red, Gold e Crystal, e, embora eu tenha gostado de conhecer as gerações perdidas (menos Hoenn, detesto a terceira geração com todas as minhas forças), nada clicou como Johto.

E então, o lançamento de Pokémon X/Y aconteceu

E a magia das criaturinhas voltou! Eu tinha amigos com quem trocar monstrinhos, batalhar em tempo real e até mesmo comentar sobre as reviravoltas da trama. Tudo parecia mágica: ver os modelos 3D dos Pokémon em batalha, explorar Kalos com uma bicicleta ou um par de patins, customizar por completo minha bonequinha, sentir de novo a emoção de caçar lendários…

Enfim, acredito que essa oportunidade de jogar “o jogo do momento” ao mesmo tempo que várias outras pessoas também comentavam sobre ele trouxe mais ainda aquela sensação de novidade e pertencimento a uma comunidade. E antes do encerramento da eShop no Brasil, que me obrigou a criar uma nova Nintendo ID, eu havia somado mais de MIL HORAS em Pokémon X.


Foi em Kalos que eu aprendi a técnica de breeding e comecei a me dedicar ao “competitivo” de Pokémon — entre aspas, porque nunca participei de torneios, só gostava de batalhar entre amigos mesmo. Explorei todas as mil e uma possibilidades que a nova região trouxe, das Mega Stones ao Friend Safari e a chance de conseguir monstrinhos shiny e com hidden abilities com mais facilidade.

Ah, foi também na sexta geração que completei uma Pokédex pela segunda vez — até então, esse feito estava atrelado apenas a Gold. E, graças à aventura em Pokémon X (e em Y, pois não sosseguei até destrinchar todas as diferenças entre as duas versões), fiquei empolgadíssima para conferir o remake de Hoenn na minha Alpha Sapphire e, posteriormente, o novo continente de Alola.

Para mim, foram horas de diversão sem igual: os pedidos de amizade chegavam, pessoas discutiam dicas e truques em tempo real, tanto em fóruns e comunidades online quanto pessoalmente… Eu finalmente estava aproveitando a febre do momento!

Encanto perdido com USUM e os jogos principais no Switch

Acho que a empolgação de conferir os jogos dos monstrinhos de bolso acabou quando UltraSun e UltraMoon foram anunciados. Sim, além de Kalos, aproveitei muito bem meu tempo em Alola (incluindo completar a Pokédex pela terceira vez), mas saber que a sétima geração não tinha recebido o mesmo carinho de B2W2 foi desanimador — além disso, percebi que eu já não estava mais tão empolgada com Pokémon quanto antes (embora isso não me impedisse de jogar Yellow e Crystal no Virtual Console do 3DS, por exemplo).

Pulamos para a parte em que consegui meu Switch. Um dos primeiros jogos que tive a oportunidade de jogar nele foi Pokémon Let’s Go Eevee!, mas, apesar de divertido, não foi uma aventura que me agarrou como as passadas.



Infelizmente, Sword/Shield também não atraiu minha atenção, especialmente pela mecânica Dynamax/Gigantamax. A prática de DLC me desanimou completamente, ainda mais com o preço cobrado — praticamente R$ 450 pela aventura completa e uma Pokédex incompleta, já que muitos dos Pokémon que colecionei na era do 3DS estão permanentemente presos no Pokémon Home, sem indício algum de poderem ser transferidos para outros jogos.

Com Scarlet/Violet, os bugs e glitches de lançamento me desencantaram e ainda estou tomando coragem para (tentar) recomeçar minha aventura em Paldea. No entanto, embora as pessoas digam que a história está excelente e realmente compensa, fico com o pé atrás de novo com a questão do DLC e a falta de suporte a muitos dos meus monstrinhos favoritos.

Que venha Pokémon Legends: Z-A!

E, se por um lado eu perdi o timing para revisitar Sinnoh em Brilliant Diamond/Shining Pearl, por outro, meu tempo em Hisui foi altamente produtivo. Acredito que, embora não seja um jogo da linha principal (e nem o mais bonito da franquia no Switch, sinceramente falando), o esquema de Legends: Arceus trouxe aquele quê que me encantou em Kalos: a sensação de novidade, uma jogabilidade diferente da qual nos acostumamos ao longo dos anos — praticamente uma virada de chave na franquia, por assim dizer.

Mas por que estou falando isso tudo? Porque, este ano, teremos a oportunidade de revisitar Kalos em Pokémon Legends: Z-A. Não apenas isso: o trailer deste novo jogo deixou a entender que teremos a volta das Mega Evoluções, uma das mecânicas mais divertidas já criadas em Pokémon, na minha opinião.

Olhando para trás, é incrível ver como minha relação com a saga dos monstrinhos de bolso é uma montanha-russa. Das nove gerações, pulei duas — a oitava e a nona, que não sei se algum dia terei vontade de conhecer —, e apenas duas realmente me conquistaram —  a segunda e a sexta.

Sinceramente falando, eu não sei o que esperar de uma possível décima geração; porém, uma coisa é certa para mim: se não fosse por Pokémon X/Y, eu provavelmente não teria voltado para o mundo dos monstrinhos de bolso.


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Revisão: Davi Sousa
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Imagens: Bulbapedia (1, 2)
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Juliana Paiva Zapparoli
Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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