Análise: Genso Manège é um espetáculo colorido e mágico

Otome game nos transporta para um parque de diversões mágico repleto de segredos.

Originalmente lançada no Japão em 2020, Genso Manège é uma visual novel otome (protagonista feminina, múltiplos rapazes como interesses românticos). Desenvolvida pela LOVE&ART, uma marca da MAGES que também foi responsável por B-PROJECT, a obra traz uma experiência colorida com foco em magia e romance.

Mais do que um passeio no parque

Genso Manège conta a história de Emma, uma jovem garota que vê a sua vida mudar da noite pro dia quando um parque de diversões passa pela cidadezinha em que mora. O encontro dela com o diretor do lugar leva a menina a ser contratada para ajudá-los com um trabalho que apenas ela poderia fazer.

Com o poder da magia que ela possui desde pequena, mas acabou perdendo, ela poderá liberar os funcionários desse parque. Embora vários deles gostem do trabalho, eles estão presos ao lugar por amarras mágicas, sendo incapazes de escapar.

Com essa premissa em mente, temos que treinar para recuperar a magia, mas também vamos ter a oportunidade de nos aproximar dos rapazes que trabalham no parque. Dependendo da escolha, veremos histórias diferentes, trazendo à tona detalhes do passado dos rapazes, do parque e da própria protagonista.

A lista de opções românticas inclui vários personagens charmosos, cada um com suas peculiaridades. Temos o simpático diretor Hugo, que parece conhecer mais detalhes sobre Emma do que deixa transparecer; o fofo mascote Lyon, que está sempre vestido de coelhinho; o tsundere Crier, o mecânico antissocial Luciole; o sério Serge, que cuida das finanças; e o jornalista Arnaud, que acolheu Emma após um trágico evento do passado.

Em geral, a trama é bem-desenvolvida e cada rota consegue trazer um pedacinho da experiência para construir uma perspectiva mais ampla do contexto. A história de Arnaud, que traz spoilers mais graves, está bloqueada em um primeiro momento, e há ainda uma espécie de trama final para amarrar todas as histórias, além de pequenas histórias extras na galeria.

A magia está no ar

Como é típico de visual novels, as escolhas do jogador irão definir qual história ele irá acompanhar. Como o romance é o ponto central do jogo, cada decisão é uma chance de aumentar o nível de afeição de um personagem ou não, sendo necessária uma pontuação alta com o rapaz desejado para ter acesso ao final bom.

Um ponto interessante é que as escolhas positivas brilham em rosa, enquanto as negativas se mantêm escuras. Embora haja essa diferença, ela não é tão óbvia em um primeiro momento quanto os indicadores de alguns outros otome games no mercado.

Porém, além da tomada de decisão, há um minigame de coletar estrelas para aumentar o “Éveil Level”, que é o nível de magia de Emma. É possível explorá-lo com a touchscreen do Switch ou movendo um cursor, já que a tela de toque não está disponível quando jogamos com o videogame na dock. Curiosamente, o mesmo cuidado não foi empregado em garantir a interatividade dos menus com o touch, deixando o jogador às vezes refém do controle.

Francamente falando, esse minigame é ultra básico e pouco estimulante. A ideia é simplesmente apertar as estrelas conforme elas vão aparecendo na tela e conseguir alcançar o nível Perfect. Uma vez feito isso, é necessário apertar novamente a tela no timing correto para alinhar um contorno em movimento com uma estrela nas mãos da protagonista.

Não há variações ao longo do jogo e o minigame é repetido várias vezes ao longo da experiência. Felizmente, para evitar que esse “desafio” se torne completamente inconveniente, há um sistema de skip que preenche automaticamente o valor máximo, deixando o jogador livre dessa preocupação. Porém, é uma pena que o minigame não seja melhor aproveitado.

Um mundo em tons pasteis

Assim como Radiant Tale e seu tema circense, Genso Manège brinca com cores e brilhos para transmitir a sensação mágica do entretenimento. Isso já fica óbvio pela interface, com as caixas de diálogo com tom roxo clarinho que brilham ao aparecer e ao sair da tela e o menu de pausa que usa balões para as opções como o save e o manual de uso.

Os ambientes são muito bonitos e ricos em detalhes, ajudando a dar uma ambientação de época aos locais da cidade. As estruturas do parque, por sua vez, são bem coloridas e possuem elementos bem curiosos, como as lâmpadas de formato muito complexo. A trilha sonora de Takeshi Abo (Emio: The Smiling Man) também faz um ótimo trabalho com músicas que evocam o contexto de um parque de diversões.

Já os personagens foram desenhados por Meij e os seus designs são fantásticos em conseguir equilibrar simplicidade e personalidade. Com isso, eles não parecem exagerados demais em sua estilização, mas não deixam de ser únicos e charmosos. Os dubladores japoneses também fazem um ótimo trabalho para dar vida a todos eles, como costuma ser o caso desse tipo de obra.

Ainda vale destacar o menu de Extras, que inclui uma galeria de ilustrações especiais (CGs), uma playlist de músicas com todas as 36 composições, uma listagem dos finais obtidos e um menu especial com um perfil dos personagens e um breve epílogo. Ao todo, é exatamente o nível de carinho que se espera nesse tipo de jogo.

Por fim, fico feliz em poder dizer que este é o melhor trabalho da PQube nos últimos anos em termos de tradução. Além do texto ser fluido, há poucos erros e eles são muito mais negligenciáveis do que lançamentos recentes da empresa, como B-PROJECT Ryusei Fantasia, SINce Memories: Off the Starry Sky e especialmente I*CHU: Chibi Edition.

Magia otome

Genso Manège é um bom representante da mágica dos otome games. Com personagens carismáticos, uma ótima direção audiovisual e uma tradução sem grandes problemas, esta é uma fácil recomendação para quem quer uma história interessante que mistura romance e fantasia.

Prós

  • Personagens carismáticos e peculiares;
  • Direção audiovisual competente que consegue passar a sensação de estar em um parque fantástico em que a magia está no ar;
  • O design de personagens equilibra bem simplicidade e personalidade;
  • Menu de Extras rico em detalhes;
  • O texto em inglês é fluido e não conta com grandes problemas.

Contras

  • Minigame demasiadamente básico e sem variedade;
  • As ilustrações especiais também acabam tendo uma tendência a ser bem similares em enquadramento e estilo;
  • Indicação de escolha correta não é tão óbvia em um primeiro momento;
  • Não é possível jogar totalmente no touch porque alguns elementos dos menus não são interativos.

Genso Manège — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Games

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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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