Mais do que um passeio no parque
Genso Manège conta a história de Emma, uma jovem garota que vê a sua vida mudar da noite pro dia quando um parque de diversões passa pela cidadezinha em que mora. O encontro dela com o diretor do lugar leva a menina a ser contratada para ajudá-los com um trabalho que apenas ela poderia fazer.
Com essa premissa em mente, temos que treinar para recuperar a magia, mas também vamos ter a oportunidade de nos aproximar dos rapazes que trabalham no parque. Dependendo da escolha, veremos histórias diferentes, trazendo à tona detalhes do passado dos rapazes, do parque e da própria protagonista.
A lista de opções românticas inclui vários personagens charmosos, cada um com suas peculiaridades. Temos o simpático diretor Hugo, que parece conhecer mais detalhes sobre Emma do que deixa transparecer; o fofo mascote Lyon, que está sempre vestido de coelhinho; o tsundere Crier, o mecânico antissocial Luciole; o sério Serge, que cuida das finanças; e o jornalista Arnaud, que acolheu Emma após um trágico evento do passado.
Em geral, a trama é bem-desenvolvida e cada rota consegue trazer um pedacinho da experiência para construir uma perspectiva mais ampla do contexto. A história de Arnaud, que traz spoilers mais graves, está bloqueada em um primeiro momento, e há ainda uma espécie de trama final para amarrar todas as histórias, além de pequenas histórias extras na galeria.
A magia está no ar
Como é típico de visual novels, as escolhas do jogador irão definir qual história ele irá acompanhar. Como o romance é o ponto central do jogo, cada decisão é uma chance de aumentar o nível de afeição de um personagem ou não, sendo necessária uma pontuação alta com o rapaz desejado para ter acesso ao final bom.Um ponto interessante é que as escolhas positivas brilham em rosa, enquanto as negativas se mantêm escuras. Embora haja essa diferença, ela não é tão óbvia em um primeiro momento quanto os indicadores de alguns outros otome games no mercado.
Porém, além da tomada de decisão, há um minigame de coletar estrelas para aumentar o “Éveil Level”, que é o nível de magia de Emma. É possível explorá-lo com a touchscreen do Switch ou movendo um cursor, já que a tela de toque não está disponível quando jogamos com o videogame na dock. Curiosamente, o mesmo cuidado não foi empregado em garantir a interatividade dos menus com o touch, deixando o jogador às vezes refém do controle.
Francamente falando, esse minigame é ultra básico e pouco estimulante. A ideia é simplesmente apertar as estrelas conforme elas vão aparecendo na tela e conseguir alcançar o nível Perfect. Uma vez feito isso, é necessário apertar novamente a tela no timing correto para alinhar um contorno em movimento com uma estrela nas mãos da protagonista.Não há variações ao longo do jogo e o minigame é repetido várias vezes ao longo da experiência. Felizmente, para evitar que esse “desafio” se torne completamente inconveniente, há um sistema de skip que preenche automaticamente o valor máximo, deixando o jogador livre dessa preocupação. Porém, é uma pena que o minigame não seja melhor aproveitado.
Um mundo em tons pasteis
Assim como Radiant Tale e seu tema circense, Genso Manège brinca com cores e brilhos para transmitir a sensação mágica do entretenimento. Isso já fica óbvio pela interface, com as caixas de diálogo com tom roxo clarinho que brilham ao aparecer e ao sair da tela e o menu de pausa que usa balões para as opções como o save e o manual de uso.Os ambientes são muito bonitos e ricos em detalhes, ajudando a dar uma ambientação de época aos locais da cidade. As estruturas do parque, por sua vez, são bem coloridas e possuem elementos bem curiosos, como as lâmpadas de formato muito complexo. A trilha sonora de Takeshi Abo (Emio: The Smiling Man) também faz um ótimo trabalho com músicas que evocam o contexto de um parque de diversões.
Já os personagens foram desenhados por Meij e os seus designs são fantásticos em conseguir equilibrar simplicidade e personalidade. Com isso, eles não parecem exagerados demais em sua estilização, mas não deixam de ser únicos e charmosos. Os dubladores japoneses também fazem um ótimo trabalho para dar vida a todos eles, como costuma ser o caso desse tipo de obra.
Ainda vale destacar o menu de Extras, que inclui uma galeria de ilustrações especiais (CGs), uma playlist de músicas com todas as 36 composições, uma listagem dos finais obtidos e um menu especial com um perfil dos personagens e um breve epílogo. Ao todo, é exatamente o nível de carinho que se espera nesse tipo de jogo.
Por fim, fico feliz em poder dizer que este é o melhor trabalho da PQube nos últimos anos em termos de tradução. Além do texto ser fluido, há poucos erros e eles são muito mais negligenciáveis do que lançamentos recentes da empresa, como B-PROJECT Ryusei Fantasia, SINce Memories: Off the Starry Sky e especialmente I*CHU: Chibi Edition.
Magia otome
Genso Manège é um bom representante da mágica dos otome games. Com personagens carismáticos, uma ótima direção audiovisual e uma tradução sem grandes problemas, esta é uma fácil recomendação para quem quer uma história interessante que mistura romance e fantasia.
Prós
- Personagens carismáticos e peculiares;
- Direção audiovisual competente que consegue passar a sensação de estar em um parque fantástico em que a magia está no ar;
- O design de personagens equilibra bem simplicidade e personalidade;
- Menu de Extras rico em detalhes;
- O texto em inglês é fluido e não conta com grandes problemas.
Contras
- Minigame demasiadamente básico e sem variedade;
- As ilustrações especiais também acabam tendo uma tendência a ser bem similares em enquadramento e estilo;
- Indicação de escolha correta não é tão óbvia em um primeiro momento;
- Não é possível jogar totalmente no touch porque alguns elementos dos menus não são interativos.
Genso Manège — PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Games