Shigeru Miyamoto, criador de Super Mario Bros., The Legend of Zelda, e outros projetos clássicos da Nintendo, teve uma experiência surpreendente ao observar crianças testando o jogo Super Mario 64. A história foi resgatada pelo site Shmuplations, que publicou um post reunindo entrevistas feitas na época do lançamento do icônico título do Nintendo 64.
Essas entrevistas foram concedidas a revistas de jogos no Japão, especialmente voltadas a guias estratégicos. Além de Miyamoto, outros membros da equipe de desenvolvimento também participaram (na imagem abaixo, do topo à esquerda até abaixo à direita: Shigeru Miyamoto (produtor/diretor), Takashi Tezuka (diretor assistente), Hajime Yajima (programador); Yoshiaki Koizumi (diretor assistente), Yasunari Nishida (programador), Yoshinori Tanimoto (programador).
Durante a entrevista, foi perguntado se havia algo que eles gostariam de incluir em Super Mario 64, mas não conseguiram.
Yoshiaki Koizumi, diretor assistente do jogo, comentou (tradução livre): “Eu queria que tivesse mais ferramentas, brinquedos e coisas para o Mario interagir: bolas, carros, etc. Eu realmente acho que poderíamos ter trabalhado mais nisso”.
Nesse ponto, Miyamoto perguntou ao entrevistador o que ele achava da ideia, questionando se parecia entediante. O entrevistador respondeu que não e mencionou que a equipe da revista se divertia tentando fazer o personagem King Bob-omb rolar pelo cenário.
A partir disso, Miyamoto compartilhou como os testes do jogo mudaram sua perspectiva (tradução livre):
“Esse é o tipo de coisa que eu quero que os jogadores façam! Coisas inúteis assim. Para falar a verdade, fizemos algo com Mario 64 que geralmente não fazemos: um playtest com crianças. Juntamos cerca de dez crianças do ensino fundamental, e pedimos para elas jogarem a fase do King Bob-omb por meio-dia, enquanto observávamos.Meu filho era um deles, na verdade… mas ao vê-lo tentar dezenas de vezes, sem parar, subir em uma colina inescalável, como pai, eu não pude deixar de pensar, ‘nossa, esse menino tem cérebro?’ (ri). Depois, perguntamos às crianças o que elas acharam do jogo, e elas disseram que era divertido e que queriam jogar de novo.Até agora, eu acho que tinha essa ideia de jogos que se você não pode zerar, não é divertido e não é bom, certo? Essa é uma filosofia que tínhamos na Nintendo também, mas eu percebi que se um jogo fosse divertido de jogar mesmo se você não chegar a lugar algum, bem, deve estar tudo bem. Antes de Super Mario 64, eu era muito cético sobre algo assim ser divertido.”
É interessante notar como essa filosofia, surgida em 1996, permanece forte na Nintendo. Isso é evidente nos jogos da série The Legend of Zelda no Nintendo Switch, que trouxeram uma abordagem renovada de exploração em mundo aberto.
Fonte: Shmuplations