Após anos sem videogames (embora não exatamente sem jogar), no final de 2021 finalmente consegui adquirir meu Nintendo Switch e, por algum tempo, joguei apenas os títulos gratuitos no eShop e, principalmente, os jogos disponíveis no Nintendo Switch Online (NSO). Isso me permitiu não só viajar no tempo, para meus primórdios com videogames, como também fazer descobertas incríveis.
Então, dessa vez, decidi trazer um texto um pouco mais pessoal e reflexivo sobre o importante papel do Nintendo Switch Online em permitir que vivenciemos novamente, ou pela primeira vez, os jogos da era dourada dos games.
Nes, o primeiro console quase não jogado
Uma de minhas memórias mais antigas com relação aos videogames é a de ter possuído, por um curtíssimo período, uma espécie de famiclone (um dos muitos clones de nes/famicon). Nesse console, pude experimentar o Super Mario Bros original, o que imediatamente pavimentou meu amor pelos jogos do gênero plataforma. (In)felizmente, o famiclone acabou deixando de funcionar, sendo substituído imediatamente por um Super Nintendo, dessa vez, o console original.
Durante minhas primeiras incursões no NSO, tive uma retomada nostálgica, experimentando jogos de NES, em especial os Super Mario Bros. As memórias citadas acima retornaram com força nesse período e foi muito divertido não apenas estar vivenciando novamente jogar o Super Mario Bros original, mas quase no mesmo sentido da primeira vez. Apesar de estar no hardware mais recente, acabei recorrendo ao clássico para me divertir.
Já tendo a carga de boa parte dos títulos de Super Mario em mente, gravada pela experiência de anos, consegui sentir como todos os jogos da franquia principal, em especial os 2d, seguem o padrão mais básico que já existia há quase 40 anos, ou seja, excelência em level design e gameplay.
SNES, a casa dos jogos favoritos da vida
Em uma conversa sobre videogames que qualquer pessoa tivesse comigo ficaria claro em pouquíssimo tempo que meus jogos preferidos da vida estão no Super Nintendo e no Nintendo 64, principalmente no primeiro citado, para exemplificar apenas alguns: Super Mario World, Super Mario World 2: Yoshi’s Island, The legend of Zelda: A link to the Past, F-Zero, Killer Instinct. A lista é longa.
Novamente retomando, a impossibilidade de jogar os jogos originais do Nintendo Switch acabou sendo uma boa abertura para olhar para o passado e reviver a experiência dos jogos do Super Nintendo e reaver os sentimentos que aqueles jogos forneciam. Ver com um olhar menos leigo como os títulos de Super Nintendo tinham uma riqueza e criatividade para entregar experiências marcantes, explorando os limites do hardware, foi incrível.
Mas não cedi apenas à nostalgia, podendo jogar títulos que, na época, não conseguia, por não terem chegado nas locadoras, que era a maneira mais comum de conseguir os jogos, alugando, ou por sequer terem chegado por esses lados de cá. Em especial, poderia falar do lendário Star Fox 2, que sequer havia sido lançado até pouco tempo atrás. E que podemos dizer que foi o último jogo de Snes a ser lançado oficialmente no Super Nes Classic Edition e posteriormente no NSO.
Conhecer novos títulos ou reviver jogos obscuros é uma grande qualidade que o Nintendo Switch Online tem; diria que especialmente com relação ao Nintendo 64, já que o serviço trouxe títulos que por anos tentei reencontrar e que quase havia esquecido.
Revivendo os títulos “obscuros”
Antes de continuar, gostaria de frisar que esse texto é totalmente focado em minha vivência pessoal, logo, quando digo sobre títulos obscuros, é por essa ser minha impressão sobre eles. Agora prosseguindo, o Nintendo 64 foi o console com a maior quantidade desses títulos para mim.
Me recordo de ter jogado WinBack no passado, tendo trocado outro jogo por ele, e ao comentar sobre esse título com várias pessoas no decorrer dos anos, ninguém ter ideia de que jogo era esse. Ao menos até a chegada do NSO, em que algumas dessas pessoas retornaram e comentaram sobre o jogo que tanto falei no passado.
Uma situação muito similar a essa ocorreu com Sin & Punishment, um jogo daqueles que nem eu sabia muito bem sobre, pois era japonês e eu só pude testá-lo graças a um adaptador que me permitia rodar jogos japoneses no meu console. Tê-lo reencontrado no NSO foi duplamente incrível, principalmente por nem sequer saber o nome daquele game.
Enquanto espero na expectativa da vinda de outros títulos que poucos do meu círculo conheciam, como Hybrid Heaven, continuo jogando meus favoritos: Ocarina of Time, Mario Kart 64, Star Fox 64, e por aí vai.
Conhecendo o Genesis/Mega Drive
Na realidade, onde tive uma grande oportunidade de novas experiências foi com o aplicativo do Mega Drive no NSO. Tendo minha vivência gamer sendo quase completamente focada em consoles Nintendo, exceto por um Playstation 2 — onde, diga-se de passagem, joguei muitos jogos de Super Nintendo —, não tive nenhum contato com consoles da Sega.
E não seria estranho dizer como fiquei curioso e satisfeito pelo modo “fliperama” de ser dos jogos desse console. Títulos como Altered Beast e Comix Zone despertaram interesse imediato. O curioso título da Game Freak para o Mega Drive, Pulseman, é outro exemplo de uma grandíssima surpresa, tanto por ter descoberto a existência de um jogo da desenvolvedora para um console da Sega quanto pelos aspectos únicos de sua jogabilidade, tornando-se um dos que visito com certa frequência.
Assim, novamente, o NSO serviu como uma plataforma de descoberta e novas experiências que, embora pudesse tê-las tido de formas não convencionais, nunca havia ido atrás pelo costume de só jogar títulos presentes em consoles da Nintendo. Há um grande valor na possibilidade de ter acesso a jogos do então console da concorrência.
Realizando sonhos antigos
Ainda no tema de descobertas, mas dessa vez em um sentido um pouco mais de realização de desejos antigos, se tinha algo que sempre tive vontade de ter naquela época eram os gameboys, e nisso incluo todos eles, do clássico ao advance. Infelizmente fiquei apenas na vontade e nos “brick games 999”. Então, enquanto perdi a forma tradicional da pokémania, não jogando as primeiras gerações de Pokémon — para não citar tantos outros jogos que também morria de vontade de jogar —, tive que compensar posteriormente, pelos métodos não oficiais.
E apesar do NSO — por alguma razão que nenhum ser humano na Terra seria capaz de explicar — não ter os títulos Pokémon que tanto queremos, pude experimentar diversos jogos que sempre desejei jogar naqueles portáteis Nintendo, como os Zelda, Megamans, Kirbys, Golden Sun.
Ainda que não seja o console original desses títulos, jogar no Switch, console oficial da empresa que foi o lar de muitos dos meus momentos mais felizes, é sim uma sensação diferente. Espero ter esse sentimento com relação a alguns títulos Pokémon, já que não tive acesso ao Virtual Console.
Uma plataforma de descobertas
Em suma, o NSO acabou sendo muito além de uma plataforma focada em nostalgia, visto que não só pude reencontrar jogos “perdidos”, experienciar títulos que sempre desejei no passado ou então descobrir títulos (e um console) que nunca havia passado perto.
Acredito que os jogos do NSO tenham sido o primeiro contato de muitos jogadores, em especial os mais novos, com os jogos de uma era dourada dos consoles e que vira e mexe corre o risco de desaparecer. E embora ainda haja muitos títulos clássicos que não deram as caras, trazer tantos jogos e com mais sendo liberados com o tempo em um serviço único, é uma boa forma trazer, como legado, os games, preservar sua história e garantir que eles sejam celebrados, como todo videogame deveria ser, através da diversão.