Pois bem, Mighty Morphin Power Rangers: Rita’s Rewind, o mais novo título da Digital Eclipse (Tetris Forever, Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection), aproveita essa tendência para entregar um ótimo e nostálgico jogo estrelado pelos heróis que já fizeram a cabeça de muitas crianças e adultos no passado: os Power Rangers. Prepare o seu morfador, caro leitor, e confira a nossa análise a seguir!
Um desafio atemporal
De forma bem interessante (principalmente para quem gosta da lore da série), Rita’s Rewind traz à tona um conflito que envolve gerações de Power Rangers. Em um confronto entre os heróis e Robo Rita (situado após Power Rangers: Agora e Sempre), a megera consegue finalmente estabelecer um portal mágico para o passado. O seu objetivo? Encontrar-se com o seu “eu” de outra era para que, juntas, finalmente consigam acabar com os rangers.
Dessa forma, somos transportados diretamente para a primeira temporada da franquia, que estreou em 1993. Junto com Zordon, Jason, Billy, Kimberly, Trini e Zack, o jogador deve lidar com as várias ameaças impostas pelo plano conjunto de Rita Repulsa e Robo Rita, em diversos estágios que fazem referência não somente aos episódios originais, mas também à rica trajetória desse fenômeno cultural dos anos 1990.
Assim como em outras produções com sua assinatura, o carinho da Digital Eclipse para com o material-base é notável desde os primeiros momentos, como na abertura animada, na trilha sonora empolgante e na pixel-art elegante e colorida (é possível inclusive aplicar filtros visuais que emulam scanlines e a aparência de dispositivos CRT, estabelecendo um show à parte no Switch OLED).
Logo, em diversos aspectos, fica claro que a proposta com este jogo foi criar um sucessor digno do legado de clássicos 16-bits como Mighty Morphin Power Rangers e Mighty Morphin Power Rangers: The Movie. Felizmente, posso afirmar nesta análise que a missão foi alcançada com sucesso, ainda que com algumas ressalvas.
Hora de morfar!
No que tange à jogabilidade, Rita’s Rewind é um beat ‘em up clássico: eliminar todos os inimigos que aparecem na tela permite avançar pelas fases até completá-las. Eventualmente, também torna-se necessário lidar com chefes e ameaças mais incisivas, mas o leque de recursos à disposição — como o golpe especial de cada ranger, que é carregado conforme se dá mais dano — torna a experiência balanceada, justa com o jogador.
Considerando a proposta geral e a temática nostálgica, a decisão de seguir a fórmula do gênero à risca é certamente bem-vinda; a verdade é que se você já tem alguma experiência com o estilo, não terá dificuldade alguma para se adaptar ao título da Digital Eclipse, algo que também facilita bastante as sessões multiplayer, nas quais até seis jogadores podem jogar juntos em um único console.
Mas, como toda fórmula (por mais efetiva que seja) pode ser aperfeiçoada, a desenvolvedora claramente tomou cuidado com algumas armadilhas comuns ao gênero: já nas primeiras fases, por exemplo, é possível notar variantes de inimigos e um bom número destes. A presença de estágios especiais, nos quais controlamos os Dino Zords ou pilotamos as motos, também ajuda a apimentar a jogabilidade de tempos em tempos, espantando para longe qualquer sensação de mesmice ou repetição.
Com todos esses acertos (e a já citada bela apresentação visual), é difícil não se empolgar com Rita’s Rewind, especialmente se você, assim como eu, for um fã dos Power Rangers. Porém, algumas ressalvas precisam ser mencionadas, pois elas acabam impedindo que o título alcance, no Switch, o mesmo patamar de outros clássicos modernos de seu gênero.
Pancadaria também pode ser refinada
Primeiramente, por mais que seja possível escolher e controlar todos os rangers originais (o verde pode ser desbloqueado ao completar o jogo pela primeira vez), infelizmente os heróis não possuem variação alguma de ataques, apenas de efeitos visuais (como no caso do golpe especial, que reflete o Dino Zord de cada ranger).
Essa decisão criativa acaba minando a graça de explorar novos personagens durante a campanha e em partidas subsequentes, inclusive impactando no fator replay de Rita’s Rewind. Para piorar, é difícil não notar que a jogabilidade também é um pouco lenta e pesada se comparada a outros jogos mais modernos do mesmo estilo — andar de uma ponta a outra da tela, por exemplo, é desnecessariamente demorado, e nem mesmo a corrida (dash) resolve o problema.
A boa notícia é que a Digital Eclipse declarou estar ciente desse exagero na lentidão e, no último dia 16, liberou um patch que aumentava a velocidade de caminhada e corrida dos heróis. Infelizmente, essa atualização específica ainda não está disponível para a versão de Switch (apenas para PC e PlayStation), então não pude testá-la para esta análise, mas fica a expectativa que o problema seja de fato corrigido em breve.
Outro ponto é que, assim como Tetris Forever (outro título recente da produtora), Rita’s Rewind não possui legendas ou adaptação para o nosso idioma, prejudicando o entendimento da narrativa e de suas referências caso o jogador não domine outra língua, como o inglês. Esse deslize em particular torna-se especialmente doloroso quando pensamos no grande sucesso que a franquia Power Rangers fez em nosso país e em todos os possíveis compradores que são alienados com a falta de suporte.
Por fim, a versão de Switch — até o momento desta análise — também é a única que não conta com modo online, já disponível em todas as outras plataformas. Novamente, a promessa é que um patch futuro libere a possibilidade de jogar com amigos pela internet, mas até lá o multiplayer local é a única opção para quem quer derrotar Rita e seus comparsas ao lado de mais jogadores no console da Nintendo. Uma pena, considerando que esta poderia ser a versão definitiva já no lançamento, dada a versatilidade natural do Switch e a boa performance do jogo tanto no modo TV quanto no modo portátil do console.
Nostalgia e diversão intactas, mas poderia ser ainda melhor
Mighty Morphin Power Rangers: Rita’s Rewind cumpre a sua missão principal de entregar um beat ‘em up nostálgico e divertido que consegue, sim, honrar o legado de suas inspirações e também da gigante franquia que representa. Infelizmente, alguns deslizes técnicos acabam fazendo com que a experiência não se firme ainda entre as melhores do Switch, mas a promessa de mais atualizações tende a retificar, em breve, os aspectos não tão polidos no lançamento. Até lá, aguardamos a melhor hora para morfar.
Prós
- Seguindo à risca a fórmula clássica dos beat ‘em ups, consegue fornecer uma experiência tão nostálgica quanto divertida para os fãs do gênero;
- Como é de praxe em obras assinadas pela Digital Eclipse, o carinho para com o material-base é contagiante;
- Certamente agradará os fãs de Power Rangers, especialmente aqueles que jogaram os clássicos beat ‘em ups da era 16-bits;
- Performance impecável tanto no modo TV quanto no modo portátil do Switch;
- Multiplayer local para até seis jogadores.
Contras
- A jogabilidade, apesar de familiar, se sai lenta e pesada se comparada com outros jogos modernos do gênero;
- Variação apenas estética entre os personagens jogáveis é decepcionante e mina parte do fator replay;
- Sem modo online no Switch no momento de publicação desta análise, com atualizações futuras pendentes e sem datas definidas;
- Infelizmente, não conta com suporte ao português brasileiro, alienando a grande base de fãs que os rangers possuem em nosso país.
Mighty Morphin Power Rangers: Rita’s Rewind — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Digital Eclipse