Metroidvania: retrospectiva 2024 no Switch

Além de conferir os dez melhores no ano que passou, fique com mais alguns lançamentos no console da Nintendo, totalizando mais de 20 jogos.

em 30/12/2024

O gênero metroidvania ganha força a cada ano que passa. Por muito tempo praticamente restrito aos clássicos que lhe dão nome, a última década trouxe títulos marcantes que incentivaram o nicho e levaram a um boom desse gênero de plataforma de ação.

Confira abaixo os dez melhores lançamentos para o Switch em 2024 e, em seguida, uma listinha com mais alguns dos novos exemplares presentes no híbrido da Nintendo, totalizando 21 jogos (com uma expansão) em um ano. Ah, teve também um representante para outro portátil da Big N, que entra de menção honrosa no final!

Enciclopédia Metroidvania

Melhores de 2024

10 – Exographer


Metroidvania de ficção científica a gente já conhece, mas Exographer busca levar a coisa um pouco mais a fundo, com temas e mecânicas baseadas em física de partículas e uma câmera de pesquisa para investigar os ambientes. Como um pesquisador nas ruínas de uma civilização alienígena, o protagonista e jogador deve empregar esses recursos para resolver puzzles e desafios.

9 – Rebel Transmute

Prezando mais pela familiaridade do que pela inovação, Rebel Transmute se inspira claramente em Metroid, carregando o atrativo de explorar as profundezas de um planeta alienígena, descobrir habilidades e enfrentar chefes desafiadores. A narrativa não impressiona, porém é mais desenvolvida que a da série da Nintendo. Ah, assim como Animal Well, este é um representante da estirpe “jogo bom, feito por uma pessoa só”, criado pelo norte-americano Evan Tor.

8 – Tales of Kenzera: ZAU

Apoiado pelo selo EA Originals, Tales of Kenzera: ZAU se destaca por levar a típica fantasia de metroidvanias para uma nova ambientação de mitologia africana, mais especificamente da cultura bantu.

A estrutura segue a fórmula metroidvania com muita obediência e linearidade, resultando em uma gameplay que, embora eficiente em plataforma e combate, é segura demais para provocar qualquer surpresa. Em compensação, os visuais 2.5D são refinados, a história sobre luto é profunda e bem-escrita e o combate é bom de controlar, assim como certos segmentos de plataforma.

Ainda que a performance no Switch seja limitada aos 30 fps (o que o coloca abaixo de títulos 2.5D como Prince of Persia: The Lost Crown e Metroid Dread, mas acima do instável Bloodstained: Ritual of the Night) é constante o suficiente para manter a sensação gostosa de controle ágil, fluido e preciso.

7 – Voidwrought

Nesta lista, Voidwrought é, provavelmente, o que mais lembra Hollow Knight. É também o mais sombrio, tanto nos temas da direção de arte como na escuridão dos cenários, criando uma atraente atmosfera de horror cósmico. Adicione a dupla dinâmica de gameplay que esperamos em um bom metroidvania — exploração e combate — e o resultado, mesmo que não inove, é digno de atenção.

6 – Rusted Moss

Em uma Terra decadente, os humanos tentam impedir o retorno das fadas — você joga no time delas —, protagonizando uma história sem moralismo preto e branco. A novidade de Rusted Moss é uma combinação estranha de armas de fogo com mira em 360° e uma habilidade de bungee-jump baseada em física. Desajeitada à primeira vista, essa dinâmica de ação foi feita para teclado e mouse, mas a adaptação para usar os dois analógicos e gatilhos nos consoles funciona muito bem. É uma curva de aprendizado um tanto complicada, mas muito satisfatória de se ver melhorando no manejo após as primeiras horas.

5 – Bō: Path of the Teal Lotus

A ideia de um “Hollow Knight da mitologia japonesa” soa muito atraente, mas a comparação, embora justa pelas semelhanças, pode distorcer as expectativas na execução. Mesmo que Bō: Path of the Teal Lotus tenha mundo e progressão mais lineares que a média dos metroidvanias, a arte visual é de encher os olhos, os segmentos de plataforma são desafiadores e o combate aéreo dá imenso prazer de dominar, fazendo a experiência toda valer muito a pena.

4 – Crypt Custodian

Em um ano de bons metroidvanias, Crypt Custodian entra na fila no meu quarto lugar no Switch. A proposta de plataforma com visão de cima cria um mapa expansivo e muito conectado, ainda que plano demais para conseguir maior variedade arquitetônica. Mesmo assim, a aura de tranquilidade que mistura sensibilidade humana e humor nonsense, típica do criador Kyle Thompson, é cativante. Lutar contra os chefões em arenas de bullet hell é um dos pontos altos do jogo, batalhas empolgantes que podemos reviver quantas vezes quisermos no menu principal.

O pódio é dividido por jogos muito diferentes entre si e incrivelmente eficientes na execução impecável de suas propostas. Embora eu tenha apontado uma ordem específica para esta lista, a verdade é que os três podem aparecer em qualquer posição.

3 – Animal Well


Às vezes, nós só queremos ver genialidade em ação e, se possível, pegar carona nela ao sentir que somos capazes de ver os detalhes e entender a obra-prima que essa inteligência construiu. É claro que fiquei longe de decifrar tudo de Animal Well, mas poucas coisas em 2024 me empolgaram mais que partir no escuro e desbravar os mistérios maravilhosos do poço dos animais até chegar ao fim da jornada.

2 – Nine Sols


Apelando para um público mais específico, em busca de desafios e construção de mundo sombria, o estilo taopunk mostrado em Nine Sols acerta em tudo, com uma ótima ambientação e uma das melhores histórias em metroidvanias. O combate baseado em aparada é altamente exigente e vai satisfazer os ávidos por desafios, mas pode ser minuciosamente ajustado para quem achar que a barreira é grande demais.

1 – Prince of Persia: The Lost Crown


Um dos maiores acertos da Ubisoft em anos recentes foi transformar o seu príncipe da Pérsia em um herói de metroidvania sob a tutela da competente Ubisoft Montpellier. Embora não traga grandes surpresas, cada pedacinho de Prince of Persia: The Lost Crown é bem-feito, como uma enorme compilação de “melhores momentos” do gênero que só tem altos, sem baixos.

Ainda por cima, o jogo foi lançado já com excelente performance no Switch, mantendo suaves 60 fps, algo crucial para aproveitar a fluidez do movimento e do combate.

Destaque para a mecânica de criar um marcador no mapa com uma imagem do local, uma ideia muito eficiente que espero que seja seguida por muitos. Infelizmente, o grande reconhecimento da qualidade do produto não foi o suficiente para convencer sua dona a investir em continuar a saga. Espero que os anos mudem essa visão.

Menção honrosa: Grime

Originalmente lançado para PC em 2021, Grime começou a chegar aos consoles no ano seguinte, mas a promessa para Switch foi sendo adiada e, quando finalmente foi lançado, no início de 2024, o motivo foi perceptível: nem mesmo o grande downgrade visual foi capaz de oferecer uma performance decente. Algumas correções já melhoraram a situação, embora ainda seja muito inferior a todas as outras versões.

Decidi colocá-lo como menção honrosa porque, analisando apenas como jogo, é um soulsvania maravilhoso e estaria em quarto lugar se não fosse pelas limitações técnicas. Por isso, é muito recomendado nas outras plataformas, mas, no Switch, digo o mesmo apenas para quem sente que esse tipo de falha não impede o bom proveito de um jogo.

Outros metroidvanias de 2024

Além desses dez títulos, o Switch recebeu mais alguns metroidvanias em 2024:
Muitos jogos do estilo são lançados primeiro no PC, então confira também exemplares fora do Switch na lista do GameBlast.

Outra menção honrosa

Antes de encerrar nossa lista com os melhores metroidvanias de 2024 no Switch, vale uma menção honrosa: Goodboy Galaxy ainda não saiu para o híbrido, mas, inusitadamente, foi lançado para Game Boy Advance em pleno novembro de 2023! Ok, admito que é do ano anterior ao do artigo, mas acredito que está perto o bastante do contexto para fazer o mérito superar o preciosismo da data.


Revisão: Cristiane Amarante
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Victor Vitório
Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies. Veja minhas análises no OpenCritic.
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