Análise: Divine Dynamo Flamefrit entrega uma divertida, porém curtíssima, experiência retrô no Switch

O mais novo título da Inti Creates visa agradar aos fãs de obras 16-bits, mas desliza em sua inegável falta de ambição.

em 07/12/2024
Sabe aquela ideia que, de tão interessante na teoria, acabou se tornando realidade? É o caso de Divine Dynamo Flamefrit, o mais novo jogo da Inti Creates, a prolífica desenvolvedora japonesa por trás de obras como Azure Striker Gunvolt, Card-en-Ciel, Mega Man 9 e 10, dentre tantas outras.


Originalmente revelado como uma brincadeira de primeiro de abril neste ano, o que era pra ser uma simples piada a princípio acabou virando uma real e divertida, porém curta, experiência retrô, pensada especialmente para quem aprecia as saudosas eras 8 e 16-bits. Confira a análise!

Queime intensamente, Flamefrit!

Divine Dynamo Flamefrit se passa no mágico e tranquilo reino de Hologard que, infelizmente, está sob ameaça. Quando o temível Arquidemônio chega para dominar a todos, cabe a quatro jovens e corajosos guerreiros, juntamente com seus Dynamos Divinos, protegerem sua terra e restaurar a paz no mundo.

É o caso do carismático protagonista Yuto Hino, que, até então, era apenas mais um aluno comum do ensino fundamental. Porém, frente à grave ameaça em sua terra natal, ele é despertado como Cavaleiro por seu Dynamo, Flamefrit, para salvar Hologard.

O único jeito de realmente proteger o mundo, segundo Flamefrit, é reunir todos os quatro Cavaleiros Dynamo. Assim, com sua alma queimando como fogo diante da aventura, Yuto parte em missão para encontrar os três escolhidos restantes e finalmente acabar com o mal de uma vez por todas.

Um verdadeiro elo para o passado, em 2024

Na prática, Divine Dynamo Flamefrit lembra bastante os The Legend of Zelda bidimensionais, como os clássicos atemporais A Link to The Past e Link’s Awakening. Isso quer dizer que, controlando Yuto, o dever do jogador será percorrer mapas apresentados de forma isométrica, derrotando os inimigos presentes em cada cômodo e também solucionando os ocasionais puzzles. 

Para vencer os seus oponentes, Yuto conta com uma espada e um útil combo de três golpes, além do poder mágico do fogo de seu Dynamo, desencadeado com um ataque giratório ao segurar o botão da espada (parece familiar?). No que tange à jogabilidade, esse ataque é muito interessante, pois é capaz de incendiar a grama e assim derrotar inimigos e alguns objetos distantes, desde que eles estejam no raio de ação dos pequenos incêndios causados. 

Sem entrar no campo dos spoilers, com algum tempo de jogo, também se torna possível controlar outros elementos que não o fogo, como a água e o vento. Esses também passam a ser usados para exploração e combate, novamente demonstrando a influência de The Legend of Zelda e provendo a tão necessária sensação de desenvolvimento e melhoria durante a aventura. 

Tudo isso é complementado por momentos em que assumimos o controle do Dynamo de Yuto. Quando isso ocorre, a jogabilidade muda para a perspectiva de primeira pessoa, e o objetivo passa a ser derrotar oponentes em combates corpo a corpo que me lembraram um pouco o que é visto nas séries Punch Out! e Arms, ainda que de forma bem simplista.

Sendo sincero, se você curte mechas gigantes e o exagero fantasioso e característico de animes e jogos clássicos da década de 1980 e 1990 — e quem não curte, honestamente? — certamente essas seções irão agradar bastante, assim como todo o restante da aventura de Yuto. Justamente por isso, é uma pena que Divine Dynamo Flamefrit pareça, no fim das contas, pouco mais do que uma demonstração ou prova de conceito, a começar pela sua duração.

Uma brincadeira divertida, mas que não se desenvolveu o bastante

Com poucas áreas exploráveis, puzzles extremamente simples e escassa variação de inimigos, Divine Dynamo Flamefrit pode ser facilmente concluído em menos de quatro horas de jogo. Por mais que a aventura seja divertida enquanto dure, também não há muito a ser oferecido em termos de fator replay, então a não ser que você goste de jogar a mesma coisa várias vezes, provavelmente este é um título que será finalizado e deixado na biblioteca virtual do console para, quem sabe, talvez um dia ser revisitado — provavelmente por algumas horas de um sábado chuvoso, sem acesso à internet.

É realmente uma pena, pois com mais conteúdo, arrisco dizer que este título da Inti Creates certamente se posicionaria entre os melhores do gênero disponíveis no Switch. A apresentação colorida e a pixel art agradam (especialmente no modelo OLED do console), a jogabilidade (apesar de simples) é precisa e a ideia de controlar mechas gigantes em parte da aventura, ainda que muito longe de ser inédita, também é bem-vinda, assim como o inocente alto-astral juvenil de Yuto e de seus companheiros, felizmente captado pela adaptação para português brasileiro.

Mas no fim, a infeliz conclusão é que esta brincadeira não se desenvolveu o bastante desde primeiro de abril até agora, o que reforça a impressão de estarmos testando algo ou uma franquia que ainda será lançada ou devidamente expandida no futuro com outros títulos — particularmente, torço para que seja o caso, dado o seu imenso potencial (que espero ter deixado bem claro ao longo desta análise).

Pelo menos, o seu módico preço na eShop brasileira reflete essa falta de ambição e favorece a investida de quem, ainda assim, ciente de seus deslizes, desejar explorar (por curiosidade ou outros motivos) esta nova entrada no rico catálogo da desenvolvedora japonesa. Entretanto, reforço que é prudente manter as expectativas em cheque para evitar frustrações.

Interessante, mas pouco ambicioso

Divine Dynamo Flamefrit entrega bons momentos e consegue divertir ao longo de sua curta duração, mas sua aparente e inegável falta de ambição mina o impacto de uma obra que tinha tudo para estar entre as melhores de seu gênero no Switch, caso fosse devidamente desenvolvida e ampliada. No fim, esta brincadeira do Dia da Mentira não justificou a expectativa criada, mas ainda pode render muitos frutos no futuro, caso seja revisitada. Particularmente, torço para isso.

Prós

  • Oferece uma aventura divertida enquanto dura, cuja jogabilidade consegue de fato remeter aos clássicos que lhe serviram como inspiração;
  • O entusiasmo e otimismo juvenil dos protagonistas empolga e motiva o jogador a cumprir a sua missão de defender e proteger Hologard;
  • Como toda obra da Inti Creates, oferece um show no quesito apresentação, com pixel art e cores vivas que se destacam no Switch, especialmente no modelo OLED;
  • Menus e legendas em português brasileiro ajudam a se conectar com a história e o universo, ainda que estes não exibam tanta profundidade.

Contras

  • Pode ser concluído em menos de quatro horas de jogo;
  • Praticamente não tem fator replay;
  • Não justifica o hype gerado desde que se apresentou como jogo, escorregando em sua falta de ambição;
  • Parece, no fim, uma prova de conceito para algo maior e melhor que ainda não está disponível.
Divine Dynamo Flamefrit — PC/Switch/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Inti Creates
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