Em 2001, a subsérie Monsters de Dragon Quest recebeu seu segundo capítulo com Dragon Quest Monsters 2, lançado para o Game Boy Color. Semelhantemente aos jogos de Pokémon, essa entrada foi disponibilizada em duas versões distintas, sendo que cada uma delas contava com seu próprio protagonista e trazia alguns monstros exclusivos.
Assim como ocorreu com vários dos produtos mais antigos da franquia, devido ao nome Dragon Quest estar vinculado a outro produto na época, as duas versões de DQM2 chegaram ao Ocidente sob o título de Dragon Warrior Monsters 2: Cobi's Journey e Dragon Warrior Monsters 2: Tara's Adventure.
Impedindo que um reino afunde
A história de Dragon Warrior Monsters 2 se inicia com os irmãos Cobi e Tara se mudando para o reino GreatLog com seus pais, que planejam trabalhar no local como criadores de monstros.
Enquanto cumprem uma tarefa simples solicitada pela mãe, as crianças encontram o príncipe Kameha e o seu parceiro monstrinho Warubou, que são conhecidos por realizar constantes travessuras. Durante uma tentativa de roubar um item dos protagonistas, a dupla bagunceira acaba removendo acidentalmente uma espécie de tampa que impede que a ilha que abriga o reino afunde.
Desesperado, Warubou usa o próprio corpo para fechar o buraco e implora para que os irmãos busquem ajuda; no entanto, ninguém acredita nas crianças. Determinado a resolver o problema, o bichinho travesso entrega uma chave mágica a Cobi (ou Tara, dependendo da versão) e pede que ele se aventure em outros mundos em busca de algum objeto especial capaz de selar o buraco e salvar GreatLog.
Como era de se esperar, o primeiro item mágico encontrado não é suficiente para fechar a fenda. Nesse contexto, a campanha progride em um ciclo no qual o jogador obtém novas chaves, explora novos reinos e coleta diferentes artefatos até finalmente encontrar o recurso capaz de resolver o problema.
Enquanto o primeiro jogo desta subsérie focava em torneios e trazia masmorras de layout aleatório voltadas quase que exclusivamente ao grinding e à captura de novas criaturas, Dragon Warriors Monsters 2 adota uma abordagem diferente, dando muito mais importância a cada região explorada.
Aqui, cada reino visitado possui uma história e apresenta determinados problemas que acabam se resolvendo com a ajuda do protagonista. Assim, em vez de dungeons simples focadas em combate, o game oferece mapas mais vastos, diversificados e repletos de ambientes internos, como cidades, cavernas e castelos.
As situações de cada reino nem sempre se conectam de forma coesa e, certamente, não entregam uma experiência tão imersiva quanto as aventuras dos jogos principais ou do último título da subsérie. Ainda assim, a narrativa oferece muitos momentos interessantes e utiliza o humor característico da série de forma constante. Tal como no seu antecessor, embora a trama seja funcional, o verdadeiro destaque de DWM2 está em sua jogabilidade.
Explorando diferentes mundos
Como mencionado, nossa aventura se desenrola em diversos reinos, nos quais, após resolvermos problemas locais, somos recompensados com objetos que serão testados para selar o buraco. Além dos mundos obrigatórios para avançar na campanha, é possível obter chaves que abrem acesso a regiões opcionais. Nessas áreas, além de monstros diferentes, geralmente podemos encontrar itens valiosos.
À medida que a campanha avança, também adquirimos habilidades de exploração, como navegar sob as águas, voar pelos céus e quebrar rochas. Além de serem essenciais nos mundos mais avançados, essas maestrias nos permitem descobrir segredos em cenários já explorados.
Fora desses mundos, o reino funciona como um hub e contém vários estabelecimentos úteis, como um santuário para realizar cruzamentos entre criaturas; uma loja de itens; uma biblioteca em que podemos consultar informações sobre os monstros que já capturamos; e a fazenda da família, onde as bestas extras ficam armazenadas.
Em suma, no que diz respeito à exploração, Dragon Warriors Monsters 2 apresenta um avanço significativo, com cada mundo oferecendo características geográficas únicas e desafios de navegação mais complexos. Aqui, as barreiras criadas por puzzles, a coleta de itens importantes e a busca por informações tornaram-se fundamentais para o progresso na aventura.
Diversidade de monstros e personalização sem limites
Dragon Warriors Monsters 2 mantém o tradicional combate por turnos, que se inicia de forma aleatória, e nos permite formar uma equipe com até três monstrinhos. Além de um golpe padrão, cada criatura possui diferentes habilidades e atributos únicos.
O sistema de personalidades, presente no primeiro jogo, retorna nesta sequência, fazendo com que os monstros apresentem comportamentos variados ao utilizarmos os padrões automatizados de ataque. Vale destacar que diversas ações podem alterar a individualidade de um aliado, como fugir de um confronto ou dar comandos diretos específicos.
Através do cruzamento de dois seres, uma nova criatura herda parte dos status e habilidades de seus pais. Graças a essa mecânica, Dragon Warriors Monsters 2 oferece um nível extraordinário de customização, no qual conseguimos construir parceiros com inúmeros benefícios.
Curiosamente, nessa entrada, o coliseu é praticamente opcional, já que a maior parte da campanha acontece nos mundos que exploramos. Assim, na maioria dos desafios obrigatórios, temos controle direto sobre as ações dos nossos parceiros, o que torna este jogo mais acessível em comparação ao seu antecessor.
Vale ressaltar que Dragon Warrior Monsters 2 apresenta pouco mais de três dezenas de criaturas, distribuídas em cerca de uma dezena de famílias. Além dos diferentes atributos e ataques de cada monstro, as espécies possuem níveis de crescimento distintos. Para exemplificar, evoluir um dragão exige mais tempo e pontos de experiência do que aprimorar um slime.
Remakes que não chegaram ao Ocidente
DWM2 recebeu duas versões aprimoradas, que, infelizmente, não chegaram ao Ocidente. A primeira, lançada em 2002, não traz muitas novidades além de gráficos melhorados. Ela foi lançada como uma duologia para o PlayStation, reunindo o primeiro e o segundo títulos da subsérie sob o nome Dragon Quest Monsters 1+2.
A segunda, intitulada Dragon Quest Monsters 2: Iru and Luca's Mysterious Key, foi lançada para o 3DS em 2014 e segue um modelo semelhante ao de Dragon Quest Monsters: Terry's Wonderland 3D, remake do primeiro jogo que também foi lançado para 3DS. Além dos gráficos totalmente em 3D, essa edição trouxe uma grande quantidade de conteúdo adicional e inúmeras melhorias, algumas das quais foram originadas em Dragon Quest Monsters: Joker.
Entre as principais adições, destacam-se a possibilidade de formar uma equipe com até quatro monstros; a eliminação dos encontros aleatórios; a introdução de centenas de novas bestas; a adição de uma mecânica de forja de equipamentos; a capacidade de chamar a atenção das criaturas que vagam pelo cenário com um apito; e a introdução de muitas tarefas pós-game.
Ainda muito divertido
Dragon Warrior Monsters 2, ou Dragon Quest Monsters 2, como preferir, é uma sequência sólida que refinou a fórmula de seu antecessor, trazendo de volta o rico sistema de combate e criação de monstros e dando maior ênfase à exploração dos mundos e ao desenvolvimento do enredo de cada região. Mesmo depois de tantos anos, trata-se de um jogo que permanece extremamente divertido.
Revisão: Davi Sousa