A trajetória de Doom em plataformas da Nintendo - Parte 1: SNES e GBA

Conheça todos os jogos da franquia Doom que foram lançados nos consoles da Nintendo.

em 11/12/2024

Doom é uma das franquias de jogos mais violentas que existem, com uma jogabilidade brutalmente frenética e sangrenta, além de uma trilha sonora que transforma qualquer jogador em um verdadeiro exterminador de demônios. Por isso, muita gente se surpreendeu ao ver o Switch recebendo um jogo tão violento e graficamente detalhado em 2017. Mas a relação entre Doom e a Nintendo não começou aí — na verdade, ela vem de muito tempo atrás.

O primeiro contato

No final da década de 1980, os computadores pessoais sequer sonhavam em rodar jogos parecidos com os de consoles, como o NES e o Master System. Afinal, computadores eram ferramentas de trabalho e não tinham potência suficiente para isso.

Mas, em 1992, esse cenário mudou. Após o lançamento de Wolfenstein-3D para PC, surgia a promissora id Software, uma nova força no mercado de jogos.


Em uma madrugada, enquanto testava uma nova tecnologia para jogos de PC, John Carmack — programador da id Software na época — conseguiu portar Super Mario Bros. 3 para o PC. Animada com a ideia, a id Software entrou em contato com a Nintendo para propor um porte oficial do jogo.

Obviamente, a Big N recusou a oferta, mas fez uma nova proposta: portar Wolfenstein-3D para o SNES, que já havia sido lançado. Durante o processo de adaptação do jogo para o console, surgiu a ideia que daria origem a um dos títulos mais importantes da indústria: Doom.

Doom (SNES)

O primeiro título da franquia a ser lançado para um console de mesa chegou em 1995, próximo ao fim da vida útil do SNES. Doom só foi possível de forma satisfatória no console graças aos chips Super FX — um chip gráfico integrado aos cartuchos de alguns jogos, usado para oferecer o poder gráfico extra que o SNES sozinho não conseguia entregar.


Mesmo com os esforços para fazer o jogo rodar no SNES, o downgrade em comparação à versão de PC é evidente. Os gráficos foram simplificados e o jogo rodava em uma pequena janela que não ocupava a tela toda.

Os pisos e tetos perderam suas texturas e foram substituídos por cores sólidas. A música também soava bem diferente da versão de PC, e não era possível salvar o progresso.

Apesar da jogabilidade se manter quase intacta, o baixo desempenho do jogo no console tornava a experiência frustrante e desafiadora, especialmente devido ao delay nos comandos do controle.


Mas, mesmo com alguns problemas técnicos, Doom no SNES é um jogo razoável. Ele oferece uma experiência quase completa do jogo em um console e, considerando que, na época, computadores eram mais caros e difíceis de adquirir, foi um bom porte que tornou Doom mais acessível para muitas pessoas.

No fim das contas, é apenas uma boa memória. Uma lembrança que não deve ser esquecida, mas que, sinceramente, talvez não valha a pena reviver.

Doom (GBA)

Lançado em 2001 para o GBA, Doom é a verdadeira definição de um port impossível. Com várias melhorias em relação à versão de SNES, Doom no GBA levou o console ao limite. A possibilidade de jogar este game em qualquer lugar era imbatível e, de certa forma, comparável à experiência de ter Doom (2017) rodando no Switch.


Comparado à versão de SNES, Doom no GBA era fantástico. Além da possibilidade de salvar após os níveis, a qualidade sonora era bem mais fiel à versão de PC — mesmo com algumas diferenças na trilha sonora. Apesar dos gráficos extremamente pixelados e da resolução minúscula, a qualidade das texturas e da iluminação superava a do SNES.


Mesmo não sendo a versão definitiva de Doom, devido a diferenças em alguns níveis e à ausência de certos elementos do PC, a versão de GBA é impressionante. Oferece uma ótima experiência portátil, e o simples fato de poder levar Doom a qualquer lugar naquela época já era algo incrível.

Além disso, o jogo conta com um modo multiplayer, jogado via cabo Game Link entre dois GBAs, que só aumenta o seu valor como port.

Doom II (GBA)

Em 2002, Doom II também ganhou um porte para o GBA. Mesmo com o curto intervalo entre os lançamentos, a sequência conseguiu melhorar levemente alguns aspectos em que o primeiro jogo falhou ao ser portado, embora com alguns custos.


Todo o conteúdo da versão de PC foi mantido quase idêntico no GBA, com todos os níveis funcionando fielmente. A única diferença está em algumas inconsistências gráficas e na iluminação simplificada, quando comparado à versão de PC.


De forma geral, Doom II no GBA era uma recriação praticamente perfeita de sua experiência original, mesmo com alguns downgrades gráficos notáveis e desempenho abaixo do esperado. Ainda assim, era um preço válido a pagar para ter Doom II na palma da mão, em qualquer lugar.

No entanto, diferente do primeiro jogo no GBA, Doom II não possui modo multiplayer, muito provavelmente cortado para priorizar a fidelidade dos elementos da campanha principal.

Mudanças na id Software…

Com o clima esquentando na id Software e a equipe à beira de uma possível separação, a empresa começava a se firmar como um nome cada vez mais sério e influente na indústria. Porém, muitas mudanças ainda estavam por vir. A grande dúvida que pairava no ar era: qual seria o futuro da franquia Doom?

Responderemos a essa pergunta no próximo capítulo, mas por enquanto, ficamos por aqui. Já adianto: após o Nintendo 64, Doom nunca mais foi o mesmo.

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Fontes: Masters of Doom: How Two Guys Created an Empire and Transformed Pop Culture,
Wikipédia (1, 2, 3, 4, 5).
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