Godzilla 70 Anos: O Rei dos Monstros na Nintendo

Confira um pouco da história do Rei dos Monstros pela Nintendo.

Japão, 1954. Quase uma década após o fim da Segunda Guerra Mundial e os ataques nucleares em Hiroshima e Nagasaki, o povo japonês sofreria mais um ataque estadunidense quando o teste nuclear Castle Bravo contaminou o barco pesqueiro Daigo Fukuryū Maru por meio de fallout, vitimando seus 23 tripulantes ao longo do tempo. Com isso, algumas mentes cinematográficas se juntaram e, ao final daquele ano, lançaram o filme Godzilla, uma metáfora aos perigos nucleares.


Sete décadas depois, a franquia é a série cinematográfica mais longeva e ativa da história, com altos e baixos, expandindo sua influência em desenhos, quadrinhos, música e, obviamente, videogames. Para celebrar seu legado, venha conferir algumas das incursões do Rei dos Monstros pela Nintendo, com algumas curiosidades aqui e ali por valor histórico.

Godzilla, Monster of Monsters (NES)

No primeiro jogo do Campeão na Nintendo (e primeiro em consoles, com os jogos anteriores sendo exclusivos de computador), os Xiliens (alienígenas do Planeta X e inimigos icônicos da franquia) planejam invadir a Terra e cabe apenas a Godzilla e Mothra impedirem a dominação extraterrestre.

Comparado a outros jogos da série, este é um título bastante peculiar da galeria por não se tratar de um jogo de luta, mas um side-scrolling com elementos de tabuleiro. Antes de cada fase, o jogador escolhe controlar o Rei dos Monstros ou a Deusa Selvagem, levando seu personagem para um hexágono próximo e então começando o nível.

O objetivo é andar pelo nível e destruir tudo que encontrar pela frente, enfrentando algum monstro icônico no final (com King Ghidorah sendo, obviamente, o último chefe). Este jogo foi a introdução de certos filmes adjacentes da Toho na franquia (como a lula Gezora de Ameba Espacial, os cogumelos Matango de Ilha da Morte e Dogorah do mal apreciado filme de mesmo nome). Mesmo com seus controles um tanto rudimentares, vale a pena conferir pela vasta variedade de monstros e por valor histórico.

Curiosidade extra: no código do jogo, é possível acessar modelos dos monstros Rodan e Anguirus, um aliado corriqueiro de Godzilla e o melhor amigo do Rei dos Monstros, respectivamente. Eles têm animações limitadas e sem ataques, mas causam dano extremo em contato com os inimigos.

Godzilla (GB)

Mais um título que difere do modus operandi da franquia, Godzilla deve cruzar labirintos e solucionar puzzles enquanto desvia de inimigos e os derrota socando-os com muita força. Este é essencialmente um port do jogo Godzilla-Kun (MSX), inspirado na superdivertida minissérie de OVAs educacionais do monstrão.

Apesar de muito esquisito comparado com outros títulos, ele é bastante divertido quando se pega o jeito e ver modelos fofinhos desses personagens é sempre legal. Ainda no Game Boy, vale a pena também conferir King of the Monsters, que opera da mesma forma que Monster of Monsters, sem a Mothra como personagem jogável mas tão divertido quanto e uma vasta galeria de monstros no elenco.

Curiosidade extra: na versão americana, o propósito é encontrar o filho adotado de Godzilla da era Showa, o feio Minilla. Na versão japonesa, não apenas Godzilla tem uma família toda de membros da sua espécie como ele deve resgatar sua namorada, Bijirin (nada parecida com a personagem dos OVAs Gojirin, mas igualmente adorável).

Battle Soccer e Battle Baseball

Além de ser Rei dos Monstros, Godzilla também é Rei dos Esportes. Cruzando caminhos pela primeira vez com Gundam, Kamen Rider e Ultraman, quando quatro dos maiores titãs da cultura nipônica se enfrentaram em partidas acirradas, trazendo elencos bem variados de suas séries.

É muito curioso notar que, em Battle Baseball, Mechani-Kong está incluso no time de Godzilla, sendo que eles nunca se encontraram (a única aparição do gorila robô foi em King Kong Escapes), mas é uma adição peculiar e divertida. Ainda haverá um dia que o lagartão vai bater bolas de novo (honestamente, estou surpreso que até hoje não teve um Godzilla Kart).

Curiosidade extra: Godzilla e Ultraman se reencontraram mais recentemente em Gigabash (Switch), enfrentando-se em partidas para quatro jogadores em campos abertos.

Godzilla: Unleashed (Wii)

Este é considerado um dos melhores jogos da franquia, a conclusão épica da trilogia de jogos desenvolvida pela Atari com os novos alienígenas Vortaak como antagonistas principais. Como os outros jogos da série, ele tem diferentes versões entre consoles, com a versão Wii sendo considerada a melhor e mais completa, contando com monstros exclusivos (Battra, o irmão gêmeo agressivo de Mothra, é o único Kaiju ausente) e jogabilidade mais afiada.

Vale também mencionar Godzilla: Domination! (GBA) que, apesar de conter um elenco bem mais humilde que outros títulos, ainda é uma ótima pedida para quem quer ver lutas épicas entre monstros gigantes.

Curiosidade extra: Unleashed é um dos poucos jogos que conta com o Godzilla original no elenco e o personagem MechaGodzilla, em Domination!, pode variar dependendo da versão jogada. Na versão americana, é o MechGodzilla II, criado pelo Japão a partir da carcaça de Mecha-King Ghidorah para combater Godzilla. Já na versão japonesa, o personagem é Kiryu, um Mecha feito ao redor dos ossos do Godzilla original.

Super Godzilla (SNES)

Para finalizar, este eu considero o mais influente dos jogos da franquia. Em mais uma invasão alienígena, Godzilla e um grupo de humanos são a única esperança da Terra. O jogador deve guiar o Campeão por um mapa até o local onde o Kaiju controlado pelos aliens estão e lutar contra ele, tendo liberdade de explorar o espaço por um tempo antes que o relógio zere.

Godzilla pode coletar até quatro esferas de energia pelo mapa e cortar caminho por prédios e montanhas, ganhando tempo mas perdendo vida por causa do dano. Os comandos são um pouco travados (seja para guiar o lagartão pelo mapa, seja nas lutas), mas a premissa é interessante e consegue manter a atenção do jogador.

O motivo que eu considero esse o mais influente dos jogos, no entanto, está em seu conteúdo adicional. No clímax do título, Godzilla assume a forma Super Godzilla, mais forte e visualmente musculosa. Esta forma influenciaria no design de SpaceGodzilla, o clone diabólico espacial que serviria como um dos chefões finais mais recorrentes de jogos futuros.
 
E por falar em chefão final, este foi o primeiro projeto oficial de Bagan. Não conhecem Bagan? Não se preocupem, é normal. Godzilla é conhecido, além de sua enorme galeria de filmes e personagens, por sua vasta quantidade de projetos descartados e reciclados. Bagan foi inicialmente cotado para ser o principal antagonista no revival da franquia, Resurrection of Godzilla (1980) como um ser ancestral que teria diversas formas para evoluir e adaptar, mas sendo descartado e o filme virando Godzilla 1984 (para celebrar os 30 anos da série e iniciar a consagrada era Heisei).

Após alguns anos na prateleira coletando poeira, Bagan finalmente ganhou uma chance e apareceu como o chefão final do jogo, sendo invencível até que Godzilla virasse Super e, ainda assim, era um desafio e tanto. O design e conceito de evolução progressiva de Bagan seriam reutilizados no icônico monstro Destroyah, o monstro final da era Heisei. Bagan apareceria finalmente fora dos jogos em um episódio da série online Godziban.

Curiosidade extra: MechaGodzilla tem seu design diferente também neste jogo. Na versão americana, primeiramente ele aparece como Fake Godzilla, que é derrotado com um golpe só e logo vira MechaGodzilla I. Na versão japonesa, Fake está ausente pois o design usado é o MechaII, cujo filme foi lançado em 1993 (mesmo ano que o jogo foi lançado).

O Campeão

Eu poderia ficar um bom tempo falando sobre o legado e vida de Godzilla, além de como ele virou um alicerce das coisas que eu gosto (talvez eu faça algum dia, se este artigo for bem recebido). Hoje eu quis tirar um pouco do tempo para relembrar da trajetória do Rei dos Monstros pela Nintendo.

É uma pena que já faz um bom tempo de um jogo apropriadamente único da série e que mostre o seu impacto na cultura, sendo relegado ultimamente a jogos de celular e, se não for isso, aparições especiais em colaborações como em Minecraft e o já mencionado GigaBash.

A mais legal na minha opinião, porém, foi em Dave the Diver (Switch), no qual não apenas Godzilla (e sua forma mais poderosa Burning Godzilla) aparecem, mas a telepata Miki Saegusa (a humana mais frequente da franquia, tendo aparecido em quase todos os filmes da era Heisei) e o Kaiju mal apreciado (mas que eu adoro) Ebirah aparecem também, com direito a batalha de chefão contra o camarão gigante.

Parabéns, Godzilla! Vida Longa ao Rei.

Revisão: Vitor Tibério 
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Formado em Publicidade e Propaganda na USC e especializado em Marketing Digital, sou Editor de Vídeos também, meu TCC foi sobre a Guerra dos Consoles e evolução da publicidade nos games. Jogo um pouco de tudo e também escrevo. Me descrevo como um artista.
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