Quando Extreme-G (XG) apareceu, os jogos de corrida futurista estavam chegando ao seu ápice, mas indo na contramão dos demais, que nos colocavam como pilotos de veículos que mais se pareciam naves espaciais. O jogo optou por motos de conceito magnético — que lembravam o estilo visual das motos do filme Akira—, dando uma cara de distopia cyberpunk. Apesar do visual incrível e da ideia interessante das motos, essa primeira entrada ainda carecia de alguma coisa: mais personalidade para os veículos, mais intensidade. Então, chegou Extreme-G 2 (XG2).
Mais e melhor
Lançado para o Nintendo 64 em 1998, Extreme-G 2, é um jogo que exemplifica a era de ouro dos jogos de corrida futurista. Desenvolvido pela Probe Entertainment e publicado pela Acclaim Entertainment, XG2 é frequentemente lembrado por sua velocidade vertiginosa e trilha sonora pulsante que capturou a essência da corrida de alta octanagem em um mundo futurístico.
Extreme-G 2, saiu apenas um ano após o primeiro game da franquia, elevando o que XG tinha a oferecer. Maior sensação de velocidade, veículos com visuais únicos e estilosos, pistas ainda mais desafiadoras, mais combate, mais modos de jogo e mais caos.
Alta velocidade, alta brutalidade.
A jogabilidade de XG2 é centrada em corridas de motos em velocidades que podem ultrapassar a velocidade do som, o que proporciona uma experiência de tirar o fôlego. A sensação quando sua moto ia se aproximando de quebrar a barreira do som, com a música diminuindo — ou melhor, sendo ultrapassada — até sobrar apenas o ronco do motor era uma sensação incrível — ao menos até que nos arrebentássemos um segundo depois em alguma das curvas insanas.
O design das pistas é inovador e impiedoso, com loops, curvas fechadas e saltos que desafiam a gravidade, exigindo reflexos rápidos, uma boa dose de estratégia e prática para dominar.
O tom sombrio, da ambientação e das pistas dava um tom de um espírito cyberpunk, ou, no mínimo, de um futuro em que as coisas não estão tranquilas e positivas, como se já tivesse irrompido em uma sociedade hiperindustrial decadente, a distopia futurista, ou estivesse à beira de acontecer — e talvez o modelo de corrida em tão alta velocidade e cheia de armas e pistas mortais, sendo o grande entretenimento do mundo, dê esse sentimento. E Se quer saber sobre enredo ou história? Esqueça isso, aqui é só correr e destruir.
Além disso, o jogo oferece uma variedade de power-ups e armas que podem ser usadas para ganhar vantagem sobre os adversários, adicionando uma camada tática às corridas. Ou você vencia à velocidade ou na base da violência.
Música boa, visuais incríveis, mas nada é perfeito
Modo multiplayer de batalha de tanques lentos: contrastando com a velocidade das corridas. |
Um dos aspectos mais elogiados de Extreme-G 2 é sua trilha sonora. Composta por músicas que combinam perfeitamente com a atmosfera de alta velocidade do jogo, a trilha sonora é frequentemente citada como uma das melhores do N64, sendo repleto de um mix de música eletrônica, mais especificamente um flerte com o darkwave. Ela não apenas complementa a ação na tela, dá espírito a ela, e também ajuda a imergir os jogadores no mundo futurista de Extreme-G 2.
Visualmente, Extreme-G 2 é um feito impressionante para o hardware do N64. Os gráficos são detalhados e os efeitos de iluminação e neblina contribuem para a sensação de velocidade e profundidade. No entanto, o jogo sofre com problemas de taxa de quadros em alguns momentos, a câmera em determinadas partes de alguns circuitos diminui a capacidade de conseguir perceber o que está à frente.
Uma franquia que merecia mais
Apesar desses problemas técnicos, Extreme-G 2 permanece como um título subestimado no catálogo do N64. Ele oferece uma experiência de corrida única que ainda é atraente para os fãs do gênero. Curiosamente, ou não, XG2 ainda é um dos jogos, senão o mais, marcantes da franquia. Seu sucessor, XG3, acabou retirando muito da identidade marcante construída no game de 1998, parecendo uma versão genérica do primeiro game da franquia, apenas com gráficos atualizados. Já XGRA: Extreme G Racing Association, último jogo da franquia, tentou retomar muitas das características de XG2, mas sem a mesma originalidade e personalidade marcante. Infelizmente a franquia acabou ficando esquecida no tempo com o último título sendo lançado há mais de 20 anos.
XG2 no Nintendo Switch Online?
Arte conceitual por ASPHAAALT |
Em retrospecto, Extreme-G 2 pode não ter alcançado o mesmo nível de reconhecimento de títulos como F-Zero X ou Wipeout 64, mas certamente deixou sua marca entre os jogos de corrida futurista. Com seu estilo distinto, jogabilidade desafiadora e trilha sonora memorável, Extreme-G 2 é um game que merece ser revisitado por aqueles que apreciam a era clássica dos jogos de corrida. Esse ano XG foi adicionado à biblioteca de games de Nintendo 64 do NSO, então não é impossível que o melhor game da franquia também acabe sendo disponibilizado no serviço.
Revisão: Vitor Tibério