Donkey Kong Country 30 anos — as memórias da redação do Nintendo Blast

Para comemorar a terceira década de vida deste clássico, pedimos para nossos redatores nos revelarem suas principais memórias relacionadas ao game.

em 23/11/2024



Em novembro de 1994, o SNES — e a indústria dos videogames de maneira geral — recebeu um dos títulos mais importantes de sua história: Donkey Kong Country. Além de demonstrar o potencial dos gráficos pré-renderizados, a aventura recolocou o gorilão entre os principais personagens da Big N. Como se já não fosse o suficiente, o jogo ainda teve papel fundamental na tarefa de elevar a popularidade da plataforma de 16-bits da Nintendo.


Com tamanho destaque, o game marcou a vida de incontáveis jogadores ao redor do planeta. E para comemorar os 30 anos desta icônica jornada, pedimos para o time de redação do Nintendo Blast recordar as principais memórias envolvendo a missão de recuperar as bananas roubadas por King K. Rool e seu perigoso grupo de Kremlings.

Vinícius Veloso 

O Super Nintendo foi o meu primeiro console e Donkey Kong Country era um dos cartuchos de minha restrita coleção. Passei horas da infância explorando a Ilha DK e conheço vários pedacinhos daquele universo melhor do que muitos dos locais da cidade onde moro. O vício era tamanho que cheguei até a criar um pequeno ritual: em dias chuvosos, retornava da escola e precisava jogar as geladas fases de Gorilla Glacier (quarto mundo do game). Eu pensava que a nevasca combinava perfeitamente com o céu nublado lá fora — gerando no pequeno Vinícius uma estranha sensação de tranquilidade e relaxamento após os estudos.




Mas, minha memória mais marcante tem relação com a batalha final a bordo do Gangplank Galleon. Não foi nada fácil chegar ao navio de K. Rool — e muitas seções de barris me dão calafrios até hoje. Tão árdua quanto a jornada, o confronto definitivo contra o lagartão não estava sendo nada simples. Mas, depois de muitas vidas perdidas, finalmente consegui derrubar o inimigo. Enfim, a história havia terminado e eu poderia assistir aos créditos (ou será que não!?). Sim, fui enganado pelo final falso e tomei um verdadeiro susto ao perceber que a luta não tinha acabado. Tive poucos segundos para alcançar o controle, que acabou voando para longe durante a comemoração. Mas tudo deu certo e o trauma foi menor.

Mesmo tendo causado tamanha angústia, DKC tem meu eterno carinho e lugar cativo entre os meus jogos favoritos de todos os tempos. Não poderia terminar esse relato sem mencionar a fantástica trilha sonora composta por David Wise. Muitas das músicas do game estão na playlist que ouço quando preciso me concentrar em alguma tarefa do trabalho.

Victor Vitório

Posso estar enganado, mas acho que meu primeiro contato com DKC foi pela obra-prima do segundo jogo. Lembro claramente de, no SNES de meus primos, ficar assombrado perante a visão de Kremland, em sua mistura de parque de diversões, pântano e colmeias. O DKC original é, para mim, um bom ensaio para o que veio depois, mostrando como a Rareware das antigas conseguiu se aprimorar em apenas um ano de diferença entre os lançamentos.

No entanto, tem um ponto em que a aventura de estreia de Diddy acertou de primeira: a atmosfera profunda e imersiva. É claro que a música é parte essencial para isso, mas quero focar na direção de arte. A ilha do gorilão é toda cheia de vida, mistérios, silêncios, vazios e uma opressiva decadência industrial, cuja soma confere uma melancolia solene impressa no todo e nos detalhes.



Quem diria que um jogo sobre um gorila de gravata que teve seu estoque de bananas roubado por um jacaré com mania de grandeza poderia suscitar qualidades emocionais como essas? Para mim, lembrar do primeiro DKC evoca, acima de tudo, uma sensação estética. Infelizmente, essa via ficou ausente do retorno da série no Wii e Wii U. Talvez seja uma questão do peso do contraste das sombras, quase que totalmente deixado de lado no 2.5D colorido e iluminado de Returns e do meu apreciado Tropical Freeze.

Para ver sobre o que estou falando, pense (ou confira) na chuva torrencial que se abate sobre a selva que DK chama de lar (Ropey Rampage), o horizonte arenoso do leito do lago (Coral Capers), os pavorosos jacarés de barro (Stop & Go Station), a enigmática vila entrelaçada no topo da floresta (Tree Top Town), a caverna de cristais cintilantes (Slipslide Ride) e, sendo agora bastante específico, as luminárias que pendem sobre andaimes precariamente suspensos, cortando a escuridão das minas (Winky’s Walkway).

Esses e outros são lugares prazerosamente sombrios e até mesmo ermos, mas nunca totalmente solitários, pois Donkey e Diddy sempre dão suporte um ao outro na luta pelo seu tesouro dourado.



José Vítor Costa

Não tive o primeiro contato com a franquia pelo primeiro jogo, mas sim pelo segundo. Por falta de procura, acabei ficando afastado da repaginada do clássico Donkey Kong. Depois de alguns bons anos jogando o segundo e o terceiro jogos, encontrei o primeiro por acaso e me deparei com um mundo completamente novo, mais tribal do que eu imaginava.

A primeira coisa que me impressionou foi ver o próprio Donkey Kong. Por ser uma criança meio isolada, eu não tinha ninguém para finalizar os jogos e ver a aparição do gorila no final. Por isso, foi meio chocante jogá-lo e encontrá-lo pela primeira vez. Além disso, a jogabilidade mais pesada foi um desafio, pois sempre fui acostumado a jogar com personagens ágeis, como o Diddy Kong.

Outro detalhe que me deixou extasiado foi a trilha sonora. As músicas mais tribais e melancólicas me impactaram de uma forma indescritível, especialmente a atmosfera lenta de Jungle Hijinks, que me marcou tanto quanto os macacos quando descobriram que suas bananas haviam sido roubadas.




A ambientação foi algo único de se sentir. Depois de ver o navio pirata mais vezes do que posso contar e o Kremisfério Norte em uma infinidade de jogos, foi… estranho ver onde tudo começou. Florestas, cavernas, templos e minas foram uma combinação excelente de cenários para a proposta do jogo, e realmente dava vontade de defender aquele canto dos invasores.

Admiro a antiga Rareware, pois, mesmo com um cartucho tão pequeno, conseguiram entregar um universo tão rico. Embora lindo, esse mundo esconde perigos e desafios que me fazem sentir saudades de uma época que, embora eu possa revisitar, nunca poderei vivenciar, tanto pela idade quanto pelo atual curso do mundo dos jogos.

Ivanir Ignacchitti

Meu contato com Donkey Kong é algo um pouco nebuloso. Na época em que eu tinha um Super Nintendo, eu já o conhecia, mas não lembro de ter jogado nenhum dos seus jogos, embora seja bem possível que tenha acontecido, entre as várias fitas que alugava.



Foi só por volta de 2013, quando eu estava na faculdade, que fui ativamente atrás dos Donkey Kong Country como parte do meu trabalho como desenvolvedor de jogos. Fiquei muito encantado com o segundo jogo em particular, que me motivou a ficar várias e várias tardes jogando em busca das letras KONG e das áreas bônus.

Depois, quando comprei um 3DS alguns anos depois, joguei a versão 3D de Donkey Kong Country Returns, que também me divertiu bastante. Em comparação com outras franquias da Nintendo, como Kirby, Mario e Pokémon, tenho menos apreço pelo gorila, mas ainda queria ver mais títulos dele aparecendo nos sistemas atuais.

Alberto Canen

Uma das histórias mais fascinantes do livro A Guerra dos Consoles relata o momento em que o então presidente da Nintendo of America, Minoru Arakawa, foi conferir o projeto em que a Rare estava trabalhando. Ao assistir a uma demo do jogo que viria a se tornar Donkey Kong Country, ele ficou fascinado, certo de que aqueles gráficos espetaculares só podiam pertencer a um jogo de 64-bits. Quando descobriu que se tratava de um título para o SNES, segundo o livro, “a expressão no rosto de Arakawa era o equivalente a incrível multiplicado por impossível”.



Hoje, alguém jogando Donkey Kong Country pela primeira vez talvez não consiga compreender totalmente o impacto que o jogo do gorilão teve na indústria dos videogames. Foi o primeiro título da franquia que joguei, tanto sozinho quanto com minha irmã. Não era apenas visualmente deslumbrante, também tinha uma jogabilidade incrivelmente fluida e viciante. Adicione a isso a trilha sonora inesquecível de David Wise, personagens carismáticos e um universo bem-humorado e completamente único. A combinação era tão perfeita que me deixou com a mesma expressão de Arakawa.

Como fã de jogos de plataforma, Donkey Kong Country foi o começo de uma bela amizade. Desde então, nunca mais larguei a franquia. Parabéns, Donkey Kong Country, por continuar sendo uma referência e um marco na história dos videogames!

Alan Murilo

Para mim, Donkey Kong Country é e sempre será um clássico atemporal. Lembro-me com muito carinho do meu primeiro contato com a saga, ainda na infância, graças ao Super Nintendo que ganhei dos meus pais. Quem diria que naquele singelo cartucho com o selo Player’s Choice haveria tanta diversão e segredos escondidos.




Atualmente, posso afirmar que é graças ao primeiro jogo da série e a Super Mario World (outra obra-prima do console 16-bit da Nintendo) que até hoje sou fã de jogos de plataforma 2D. E o melhor de tudo é poder rejogar essa obra em 2024 e perceber que as lembranças positivas não resumem-se em nostalgia cega ou vã: 30 anos depois, o título da Rareware continua realmente tão divertido e cativante quanto em seu lançamento.

Da inconfundível trilha sonora de David Wise aos gráficos pré-renderizados que pareciam mágica, difícil é achar algo que não seja elogiável em Donkey Kong Country. Se você ainda não vivenciou esta obra, faça-se esse favor o quanto antes: sem exageros, aqui está um dos melhores jogos de todos os tempos e um dos maiores motivos para o “macacão” ainda ser reconhecido mundo afora como um dos símbolos da indústria dos games. Obrigado, Nintendo, por este clássico!
Caro leitor, você também está convidado para a festa! Use os comentários logo abaixo para compartilhar conosco as suas memórias relacionadas a Donkey Kong Country.
Revisão: Cristiane Amarante
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É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
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