Chegando ao Switch pela primeira vez, a franquia traz uma experiência expansiva e recheada de conteúdo. Desenvolvido pela Acquire, o jogo traz uma mudança drástica para a presença de Luigi, automatizando o personagem e adicionando mais presença dele em mecânicas especiais.
Uma jornada por várias ilhas
Tudo começa quando Mario e Luigi acabam sendo sugados por um portal e vão parar em uma misteriosa região chamada Elétria. Nesse lugar, antes existia um único continente interconectado, mas uma grande calamidade fez com que ele fosse dividido em várias ilhas que se espalharam pelos mares.
Após conhecer a jovem Tetê e o curioso Pligue, que se parece com um porco alado e de vez em quando faz “oinc”, a dupla decide ajudá-los na tentativa de reconectar as ilhas. Para fazer isso, teremos que viajar pelos mares utilizando a Ilha Nauta, uma espécie de ilha móvel que se parece com uma embarcação.
Para viajar pelas ilhas, precisamos de fato escolher nossas rotas em um sistema de cartografia e usar o Telecanhão para atirar Mario e Luigi em direção a essas áreas. Inicialmente, temos acesso apenas a algumas correntes marítimas e isso é expandido conforme avançamos a trama, conectando mais regiões à Ilha Nauta.
Como usual dos RPGs de Mario, a trama abusa do humor para criar uma experiência majoritariamente leve. Há um forte senso de aventura na natureza da narrativa e ir conhecendo as culturas locais de cada região é um aspecto bastante positivo da experiência.
Nesse sentido, temos também em Brothership o primeiro RPG de console da Nintendo a receber tradução em português do Brasil. Isso não apenas faz com que o jogo seja mais acessível ao público brasileiro, como também é realmente fascinante como as escolhas de termos e expressões fazem a experiência parecer algo natural e verdadeiramente nosso.
Todos os detalhes são muito bem pensados para transmitir o humor, apresentando trocadilhos e um tom leve e descontraído que é fundamental para a aventura. Notei em algumas raras ocasiões alguns errinhos de escrita, mas eles não chegam a ser grandes incômodos exceto para quem é muito atento a regras gramaticais e de ortografia.
O ritmo do combate
Como usual dos RPGs de Mario, Mario & Luigi: Brothership traz um combate em turnos com elementos rítmicos. No seu turno, cabe ao jogador escolher quais ações realizar com cada um dos dois irmãos e depois apertar os botões no momento certo para garantir que um ataque tenha o seu dano maximizado.
Já na vez do oponente, é fundamental aprender os padrões e reagir de forma eficiente aos seus golpes. Pequenos detalhes de animação são indicativos de qual dos dois irmãos será atacado e do ritmo que devemos seguir. Da mesma forma, também precisamos entender quais inimigos estão vulneráveis a martelos e quais é melhor atingir com pulos, seguindo uma lógica intuitiva que acompanha a série há anos.
Dito tudo isso, temos uma equipe de dois personagens (Mario e Luigi), cujas opções de ação incluem atacar com martelo ou pulo, usar itens consumíveis e ativar ataques Bros. Esses golpes especiais podem ser mais poderosos e atingir uma área de inimigos, mas sua execução é mais complexa e eles consomem PB, um recurso limitado que podemos restaurar com xarope ou retornando a um ponto de cura raro.
Dando um upgrade no combate
A grande novidade do combate, porém, fica por conta dos Plugues de Batalha, que são recursos desbloqueáveis que adicionam benefícios passivos para o jogador. Com eles, podemos aumentar o dano de certos ataques, reduzir o dano sofrido, evitar que itens sejam consumidos, ganhar mais dinheiro, e até mesmo fazer com que uma performance excelente seja executada sem precisar apertar os botões.
Esses elementos todos podem fazer uma diferença bem significativa no combate, mas são acompanhados de uma limitação de uso. Cada plugue só pode ser ativado um certo número de vezes antes de se esgotar, exigindo que o jogador fique várias rodadas sem aproveitá-lo nos próximos confrontos.
Outro fator que aumenta a complexidade estratégico do uso é que certas combinações de plugue resultam em vantagens a mais. Um bom exemplo disso é usar o Ataque Cabum (que causa dano a inimigos próximos ao realizar um ataque excelente) com outro plugue relacionado a efeitos de ataque, como atordoá-los. Ao fazer isso, o jogador terá a chance de paralisar não apenas o seu alvo atual como também as criaturas do entorno.
Já para as batalhas contra chefões, temos a introdução da Luigideia. O conceito dessa mecânica envolve o nosso bigodudo verde reparar em detalhes do ambiente e usá-los a nosso favor no combate. Com isso, podemos deixar os inimigos atordoados e vulneráveis aos nossos golpes durante o próximo turno. Apenas Luigi pode ativar esses golpes e é necessário que ambos os irmãos estejam vivos para habilitá-los.
Riqueza na exploração
Não é apenas no combate que precisamos aprender a usar recursos variados, pois a exploração dos ambientes também é recheada de conteúdo. Temos várias ilhas para conhecer e explorá-las implica em observar bem os ambientes e usar técnicas variadas, que vão desde o pulo e a marretada à execução das Ações Bros.
Com o Ovnicóptero, podemos atravessar grandes buracos entre plataformas, alcançando áreas que, de outra forma, seriam inacessíveis. Porém, mesmo além das ações Bros., temos também algumas Luigideias associadas à exploração, como o Luigi se enfiando em um barril para tampar as áreas de visão dos inimigos ou distraí-los sem ser capturado.
Além das ilhas principais, temos ilhotas minúsculas com desafios e tesouros adicionais, e várias missões secundárias para resolver. Toda vez que a trama avança, novos desafios são adicionados, alguns dos quais podem ser perdidos para sempre se o jogador não optar por fazê-los rapidamente. Felizmente, o jogo indica essa limitação no menu de forma clara.
Para alguns jogadores, essas tarefas podem acabar sendo pouco estimulantes devido à sua natureza simplória, muitas vezes envolvendo apenas achar ou transportar um item de um lado para outro. Porém, pessoalmente, senti-me bem envolvido nessas pequenas tarefas, não apenas pelas boas recompensas, como equipamentos novos, como também por apresentarem detalhes sobre o passado dos personagens.
As pedras no caminho
Apesar de tudo que comentei, preciso destacar que o desbloqueio de várias mecânicas pode demorar bastante. Com horas até liberar certas funcionalidades e um espaço grande entre elas, o jogo tende a se tornar um tanto repetitivo durante suas partes.
Outro ponto que pode ser bem incômodo, especialmente para os fãs da franquia, é a forma como o Luigi acaba sendo repensado. Enquanto nos jogos anteriores tínhamos o controle direto dos dois irmãos e poderíamos até mesmo alternar entre eles, Luigi agora assume um papel mais de ajudante para o qual solicitamos uma ação do que de protagonista.
Embora isso seja útil em alguns momentos, temos situações nas quais certos puzzles exigem que o jogador espere a execução da máquina. Luigi pode até mesmo atrapalhar o avanço, chamando Mario caso se afaste demais de sua posição ou indo apertar um botão fora de ordem.
Ainda pensando nos pequenos defeitos, não me incomodei em particular com a performance do jogo, tendo jogado ele inteiramente no modo portátil. O que me pareceu mais inconveniente em alguns momentos foi a impossibilidade de movimentar a câmera para ajudar na exploração dos ambientes 3D e a visibilidade de alguns puzzles, como os canos do Grande Farol do Mar Cromar.
Hora de zarpar
Mario & Luigi: Brothership é uma ótima adição a uma série de RPGs amplamente reconhecida por sua qualidade, trazendo uma experiência rica em desafios de combate e exploração. Finalmente poder mergulhar em um Mario & Luigi em português é uma experiência única e muito especial que é facilmente recomendada tanto para veteranos quanto para novatos do gênero.
Prós
- Combate rico em opções estratégicas, com destaque para os novos Plugues de Batalha;
- Ambientação leve e colorida que convida o jogador para uma jornada encantadora;
- As escolhas da tradução para o português ajudam a transmitir o humor do jogo de forma bastante imersiva e engraçada;
- Boa variedade de ambientes e bastante conteúdo para explorar;
- Ricos sistemas de exploração graças às Ações Bros. e às Luigideias.
Contras
- As ações automáticas do Luigi podem ser inconvenientes em alguns momentos;
- A demora em desbloquear as mecânicas cria bolsões de repetição e limitação na experiência;
- Pequenos problemas de visibilidade dos ambientes em alguns raros momentos.
Mario & Luigi: Brothership — Switch — Nota: 8.5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo