Análise: Goblin Slayer Another Adventurer: Nightmare Feast traz uma aventura promissora, mas que falha na execução

O título publicado pela Red Art Games é direcionado exclusivamente aos fãs mais fervorosos da série original.

em 14/11/2024
Desenvolvido pela Apollosoft em parceira com a Mebius e publicado no Ocidente pela Red Art Games, Goblin Slayer Another Adventurer: Nightmare Feast é uma combinação de visual novel e RPG estratégico que mergulha em um enredo original ambientado no universo de Goblin Slayer. Embora a trama possua bons momentos e a jogabilidade geral funcione, o título peca pela falta de profundidade estratégica e por apresentar um roteiro excessivamente enrolado.

Uma história original

Em Goblin Slayer Another Adventurer: Nightmare Feast, assumimos o papel de uma jovem sem nome revelado inicialmente. No início da campanha, ela retorna à sua terra natal e assume o posto de mestre na filial local da Guilda dos Aventureiros, substituindo seu falecido pai.

Durante sua primeira missão, ela conhece uma misteriosa vampira conhecida como Princesa do Sangue, a quem convida para se unir ao grupo, apesar da desaprovação de alguns companheiros e da evidente antipatia da vampira pelos humanos.

A narrativa começa a tomar rumos mais sombrios quando nossa heroína encontra um objeto lendário, supostamente capaz de ressuscitar os mortos. A partir desse momento, uma série de eventos se desenrola, colocando o grupo em situações de risco cada vez maiores.

Como alguém que pouco conhece o material original além da sinopse, não posso afirmar até que ponto essa história e seus personagens se encaixam no universo de Goblin Slayer, especialmente por se tratar de um enredo completamente original.

No entanto, a narrativa apresenta algumas situações e indivíduos interessantes, capazes de despertar nossa curiosidade sobre o desenrolar dos eventos. Para os fãs da série, vale destacar que o autor da obra original participou do desenvolvimento do jogo e algumas figuras do anime fazem aparições em momentos específicos da história.

O principal problema de Goblin Slayer Another Adventurer é seu roteiro arrastado, que frequentemente se prolonga em torno de questões que poderiam ser apresentadas de forma mais direta, além de repetir as mesmas afirmações em diversos momentos. Para piorar, o game não oferece legendas em português, o que naturalmente limita o acesso à história para alguns jogadores.

Essencialmente, uma visual novel

Grosso modo, Goblin Slayer Another Adventurer: Nightmare Feast segue um ciclo de gameplay semelhante ao de Digimon Survive, funcionando mais como uma visual novel com momentos pontuais de combate no estilo de um RPG estratégico, e não o contrário.

Sendo assim, passamos a maior parte do jogo acompanhando o desenrolar da narrativa por meio das interações entre os personagens. Como já mencionado, ainda que a trama tenha seus bons momentos, ela é inflada artificialmente por um roteiro prolixo.

Fora dos momentos de diálogo, temos um menu principal que funciona como um hub, no qual  podemos avançar para a próxima batalha, comprar itens consumíveis e equipamentos (com novas opções sendo desbloqueadas conforme a história avança), recrutar novos mercenários e equipar os heróis.

Além das missões principais, que dão andamento à campanha, também há batalhas opcionais focadas em fornecer experiência ou explorar subtramas. Em muitos casos, o jogo exige que um certo número de quests "normais" seja concluído antes de permitir o acesso a uma tarefa principal.

Acredito que essa abordagem exista para forçar um certo grinding e tentar manter o nível de desafio equilibrado, já que há um salto considerável nos níveis dos oponentes entre alguns capítulos da campanha principal. Embora algumas missões alternativas ofereçam situações interessantes, ser obrigado a cumprir batalhas aleatórias antes de retornar à história não é muito agradável.

Um RPG sem estratégia

No campo de combate, Nightmare Feast oferece o que há de mais básico em um RPG estratégico: movemos nossos heróis em uma grade e podemos atacar os inimigos que entram em nosso alcance. Vale destacar que o título apresenta um visual em pixel art bastante agradável durante os confrontos.

Além do ataque padrão, os personagens podem usar habilidades corpo a corpo e magias, sendo que cada um desses golpes consome um recurso próprio. Como os pontos de MP são muito baixos, mesmo com os sujeitos em níveis elevados, é necessário usar as habilidades com mais cautela, pelo menos na teoria.

Semelhantemente a Fire Emblem, os turnos do jogador e do oponente são completamente separados, o que significa que, durante nossa vez de ação, temos liberdade para controlar os heróis na ordem que quisermos, até que todos tenham sido usados.

Outro aspecto interessante é um sistema no qual, ao realizarmos um ataque, temos a possibilidade de rolar dados que, se atingirem um valor superior ao mínimo exigido, aumentam o dano causado. À medida que avançamos na campanha, novas opções de efeitos são desbloqueadas para esse sistema.

Ainda que Goblin Slayer Another Adventurer tenha um combate funcional, ele não acrescenta nada ao gênero e dificilmente manterá a atenção de quem já está acostumado com jogos do estilo. Além disso, apesar de existir uma boa quantidade de classes e maestrias, os seus efeitos são muito similares.

Mesmo havendo armadilhas no terreno, aumento de dano por ataques laterais ou pelas costas, status negativos e benefícios e fraquezas entre as profissões, no final das contas, basta utilizar personagens de níveis mais altos e avançar contra os inimigos sem precisar de qualquer estratégia para vencer os confrontos.

Outro ponto negativo é que, em muitas batalhas, o cenário é exageradamente grande e os indivíduos se movem de forma limitada, o que parece ser mais uma tentativa de esticar a duração do jogo artificialmente. Em razão dessas falhas, os arqueiros acabam se tornando a classe mais desejada, pois podem atacar à distância sem consumir recursos.

Apenas para fãs

Com um pouco mais de variação na personalização dos heróis e uma diferenciação maior entre as possibilidades de cada classe e suas habilidades, Goblin Slayer Another Adventurer: Nightmare Feast poderia ser um RPG estratégico mais interessante. No entanto, do jeito que está, trata-se de um produto voltado exclusivamente para fãs fervorosos do material original, que desejam consumir tudo relacionado a este universo.

Prós

  • Apesar de ser um pouco prolixa, a história apresenta momentos interessantes e personagens que despertam curiosidade;
  • O visual em pixel art durante os combates é agradável;
  • O jogo conta com a colaboração do criador de Goblin Slayer e traz alguns personagens do material original, o que pode agradar aos fãs da série;
  • No geral, o sistema de combate funciona e pode agradar àqueles que estão mais focados na narrativa do que na complexidade das mecânicas.

Contras

  • O enredo é excessivamente arrastado, o que prejudica o ritmo da história;
  • Grande parte das classes e habilidades não se diferenciam significativamente, o que limita as opções estratégicas;
  • O jogo exige a conclusão de missões secundárias antes de avançar nas missões principais, o que pode ser frustrante em alguns momentos;
  • O tamanho exagerado dos cenários e a movimentação restrita dos personagens tornam algumas batalhas desnecessariamente demoradas;
  • O jogo é voltado exclusivamente para fãs do universo de Goblin Slayer, oferecendo pouco apelo para quem busca uma experiência mais robusta de RPG estratégico;
  • Ausência de legendas em português.
Goblin Slayer Another Adventurer: Nightmare Feast  — PC/Switch —  Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Red Art Games
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