Análise: Farmagia mescla fazendinha e criação de monstrinhos em uma bagunça divertidinha

Ajude Ten a cultivar monstros poderosos e lutar contra a tirania de Glaza.

em 11/11/2024
Embora seja mais conhecida pelas séries Story of Seasons e Rune Factory, a Marvelous frequentemente surpreende com títulos curiosos que exploram mecânicas de plantio ou outro tipo de simulação. A nova aposta da empresa é Farmagia, uma obra que, além de um divertido ciclo de gameplay, apresenta um belíssimo design de personagens assinado por Hiro Mashima, o criador de Fairy Tail.

Uma única resistência

A história do jogo se passa em Felicidad, um mundo de fantasia onde alguns indivíduos possuem a curiosa habilidade de controlar e cultivar monstros mágicos, literalmente plantando e colhendo essas criaturas. Esses especialistas são conhecidos como Farmagias.

Felicidad é dividida em alguns continentes, com cada um deles sendo comandado por um general. No entanto, há um líder supremo, conhecido como Magus, que governa sobre todos. Infelizmente, após a morte do grande regente, o general Glaza assume o poder e instaura um regime de tirania.

Embora a maioria das regiões aceite a nova ordem, a capitã Nares se rebela e forma uma resistência. Entre os membros da oposição, está Ten, um Farmagia novato e o protagonista da história. Nesse contexto, cabe ao jogador assumir o papel do jovem herói e embarcar em uma jornada para se fortalecer e libertar Felicidad da opressão.

Farmagia apresenta um enredo bastante previsível, repleto de clichês típicos de animes shounen. No entanto, a narrativa é bem-construída e alguns dos personagens que encontramos ao longo do caminho são cativantes, com alguns deles possuindo grande semelhança com o elenco principal de Fairy Tail. 

Outro ponto positivo é que todas as conversas são muito bem dubladas em japonês, o que ajuda a acrescentar carisma aos indivíduos e tornar a trama mais emocionante. Infelizmente, o título não conta com legendas em português, o que pode ser um incômodo devido ao grande volume de diálogos.

Cultivando monstrinhos

A jogabilidade de Farmagia é dividida em duas partes principais: plantio e combate. Na primeira, encontramos alguns dos elementos mais básicos de jogos do gênero, com a particularidade de que, em vez de hortaliças, cultivamos monstros. 

Cada tipo de criatura requer um espaço específico para crescer e precisa ser regada diariamente. Conforme avançamos na campanha, desbloqueamos novas ferramentas por meio de um sistema similar a uma árvore de habilidades, o que nos permite melhorar a quantidade, qualidade e velocidade de plantação.

Uma vez colhidos, os bichinhos podem ser treinados em um rancho, desde que tenhamos os itens específicos para isso. Nesse sentido, o jogador tem liberdade para distribuir os pontos adquiridos em diferentes estatísticas e personalizar seus parceiros conforme preferir. 

Embora as mecânicas de fazenda sejam simples e limitadas em comparação com outros jogos do gênero (inclusive os desenvolvidos pela própria Marvelous), o sistema de plantio e aprimoramento de criaturas funciona bem dentro do contexto de Farmagia. Muitos dos bichinhos não são tão marcantes visualmente, mas há uma boa diversidade deles quando se trata de habilidades.

Combates surpreendentemente divertidos

Ainda que as demais mecânicas não deixem a desejar, a verdadeira diversão proporcionada por Farmagia está em seu sistema de combate, no qual avançamos em masmorras bastante lineares (e repetitivas) e controlamos dezenas de monstrengos simultaneamente.

Com um estilo semelhante ao de um roguelike, o jogo apresenta dungeons divididas em áreas com diferentes tipos de eventos e nos permite escolher o próximo caminho após completarmos cada região. Para exemplificar, temos zonas com baús de itens, lugares povoados por oponentes mais poderosos e setores que concedem habilidades passivas temporárias. 

Apesar de controlarmos várias criaturas ao mesmo tempo, o sistema de combate é surpreendentemente bem-executado e intuitivo. Aqui, cada espécie de monstrinho é associada a um botão específico, bastando segurá-lo para que eles avancem sobre o adversário.

Além dos ataques-padrão, é possível usar uma habilidade especial que combina bichinhos iguais em uma besta maior e mais forte. Há também um segundo tipo de combinação, que une todas as feras sob nosso comando em um demônio ainda mais formidável. Em ambos os casos, conseguimos aplicar um dano devastador e interromper a ação do oponente.

É importante destacar que o jogo também apresenta um sistema no qual criamos intimidade com espíritos elementais por meio de diálogos com diferentes abordagens de respostas e pela entrega de presentes. Por meio dessa mecânica, podemos adquirir novos tipos de fusões para nossos monstrinhos.

Contudo, os embates não se resumem a atacar, pois a defesa possui um papel igualmente fundamental. Com um comando específico, todas as nossas criaturas se reúnem ao nosso redor e criam um grande escudo. Caso essa ação seja realizada no momento exato, conseguimos reduzir quase que completamente o dano recebido e ainda recuperar um pouco de vida.

Graças a esses aspectos, as lutas, especialmente contra chefes, acabam exigindo bastante atenção do jogador e recompensando sua precisão. No entanto, o grande problema é que a câmera frequentemente se perde e não consegue acompanhar adequadamente a ação, o que resulta em uma bagunça caótica que, por vezes, prejudica a divertida experiência.


Apesar dos defeitos, uma aventura que cativa

Apesar de suas falhas, Farmagia oferece uma mistura curiosa e agradável de fazendinha e criação de criaturas. Embora as mecânicas de plantio não sejam tão profundas e fiquem distantes de ser tão viciantes quanto as oferecidas por grandes obras do gênero, o sistema de combate se mostra satisfatório e a narrativa consegue entreter.

Prós

  • Apesar de ser previsível e repleta de clichês, a jornada de Ten é envolvente, e muitos dos personagens que encontramos ao longo do caminho são cativantes;
  • A boa dublagem em japonês ajuda a fornecer mais carisma aos indivíduos e tornar a trama mais emocionante;
  • O conceito de cultivar monstros mágicos em vez de hortaliças é interessante e traz um toque de frescor ao gênero de fazendinha;
  • Controlar múltiplas criaturas simultaneamente, alternando com precisão entre ataque e defesa, resulta em batalhas dinâmicas e divertidas;
  • Oferece uma considerável liberdade de personalização dos monstrinhos por meio de treinamentos no rancho, fusões obtidas com os espíritos elementais e habilidades passivas adquiridas nas masmorras.

Contras

  • A narrativa traz muitos dos clichês típicos de animes shounen, o que acaba tornando a trama previsível;
  • Em algumas batalhas, a câmera não consegue acompanhar a ação adequadamente, o que pode prejudicar a experiência em momentos mais caóticos;
  • Embora o conceito de cultivar monstros seja interessante, as mecânicas de plantio não possuem a profundidade e o poder de imersão que boas obras do gênero conseguem oferecer;
  • As masmorras são bastante lineares e repetitivas, o que pode incomodar alguns jogadores;
  • Ausência de legendas em português.
Farmagia — PC/PS5/Switch —  Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Marvelous USA

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.