Análise: Super Mario Party Jamboree é uma festa sem hora para acabar no Switch

O terceiro título da série no console híbrido da Nintendo surpreende e prova ser, de fato, o maior Mario Party já criado.

em 29/10/2024
Quem me conhece há bastante tempo sabe que considero o Switch o meu console favorito de todos os tempos. Em partes, isso ocorre por acreditar que é nele que se encontram, com raras exceções, as melhores entradas das longevas franquias da Nintendo: Super Smash Bros. Ultimate, por exemplo, é tão ambicioso e superior aos seus antecessores que será difícil uma sequência igualar os seus feitos sem ser taxada de megalomaníaca. O mesmo pode se dizer de Mario Kart 8 Deluxe (especialmente quando consideramos todos os seus DLCs) ou The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, por exemplo.


Pois bem, Super Mario Party Jamboree — chamado de nada menos que “o maior Mario Party já feito” em diversos materiais de divulgação da Big N —  segue esse mesmo propósito, entregando aos fãs novos e veteranos da franquia um pacote robusto e que pode, sim, ser considerado a edição definitiva da divertida série de tabuleiros virtuais. Sem mais delongas, prepare o seu ingresso, caro leitor, e confira a seguir por que esta é uma festa sem hora para acabar!

É hora de comemorar!

Uma das primeiras qualidades que saltam aos olhos em Super Mario Party Jamboree é a sua abundância de modos de jogo em relação aos títulos anteriores da série. Além do tradicional tabuleiro (que pode ser jogado com até quatro jogadores localmente ou online), a recepção de Kamek (o encarregado desta edição da festa) mostra desde os momentos iniciais que não faltarão formas de se divertir na ilha em que se passa o game.

Isso porque, ao todo, Jamboree possui nada menos que sete modos além do principal da saga. São eles: Aventuras Aéreas, Fábrica do Toad, Cozinha Rítmica, Bowserathlon, Brigada anti-Bowser, Marina dos Minijogos e Jornada das Tarefas. A quantidade certamente é impressionante, ainda mais quando analisamos a qualidade de cada um deles e o equilíbrio entre oferecimentos single e multiplayer.

Começando pelas opções que comportam mais de um jogador, a Marina dos Minijogos é a primeira parada para quem quer curtir os minigames sem outras distrações. Dentro dela, além do jogo livre contra o computador ou quem estiver do lado, é possível escolher opções em dupla (2x2), disputa por moedas e até competir online com outros três jogadores aleatórios. Um desafio diário contendo três minijogos também pode ser encontrado aqui e é uma boa pedida para quem deseja se divertir de forma rápida, sem complicações no processo.

Já a Cozinha Rítmica lembra muito o Sound Stage de Super Mario Party, estreia da série no Switch. Com suporte para até quatro jogadores locais, o objetivo aqui é “entrar no ritmo” movendo os Joy-Con de acordo com a batida da música em uma sequência de minigames temáticos. Pontuações mais altas resultam em pratos mais sofisticados, e todos os participantes precisam colaborar para que o sucesso culinário seja alcançado no final.

A cooperação também dá as caras na Fábrica do Toad e nas Aventuras Aéreas. No primeiro modo, a meta é ajudar os habitantes do Reino do Cogumelo a produzirem os itens que são usados nos tabuleiros; para isso, é preciso que até quatro jogadores levem uma esfera de um canto a outro do cenário usando os sensores dos Joy-Con para movimentar itens como prateleiras e caixas. Já nas Aventuras Aéreas, até duas pessoas podem brincar de voar pela ilha em que se passa a aventura, realizando tarefas como transportar personagens de um ponto a outro.

Todos os modos acima são divertidos à sua maneira e uma ótima forma de entreter os amigos em uma tarde ou noite de jogatina, mas o destaque, na minha opinião, fica mesmo por conta dos três restantes: Bowserathlon, Brigada anti-Bowser e Jornada das Tarefas. Isso porque todos esses parecem ter sido desenvolvidos como respostas aos dois pontos historicamente mais fracos da franquia, que eram as suas opções single-player e online. E não é que deu certo?

Sozinho também tem festa

Superando as expectativas, Super Mario Party Jamboree oferece opções bem robustas para quem planeja jogar sozinho na totalidade ou maior parte do tempo. Além da inteligência artificial do jogo ser elogiável — voltarei a esse ponto muito em breve —, a inclusão de modos dedicados a um jogador por console, completos com opções de multiplayer online e até um sistema próprio de conquistas, ajuda na longevidade da experiência.

O antecipado e divertido Bowserathlon, por exemplo, coloca até 20 jogadores online para percorrerem um tabuleiro especial. Pontuar nos minijogos possibilita avançar pelas casas, mas perder obriga os azarados a recuarem. No fim, ganha quem completar três, cinco ou sete voltas primeiro, e a natureza rápida das partidas (até 16 minutos, no máximo) é um prato cheio para reviravoltas.

Já a Brigada anti-Bowser coloca até oito pessoas, cada uma em seu console, para trabalharem em equipe e derrotar o Bowser impostor. O objetivo é carregar um canhão com a quantidade de balas necessárias para vencer a tartaruga, e a cooperação online é fundamental para isso acontecer.

Sem tantos amigos e não quer se arriscar com estranhos? Sem problemas: para quem planeja jogar offline, a boa notícia é que tanto aqui quanto no Bowserathlon as vagas remanescentes são preenchidas pelo computador, cuja precisão pode ser ajustada para se adequar às necessidades do jogador.

Por fim, a Jornada das Tarefas é o que temos de mais próximo de uma campanha single-player em Mario Party desde o modo história em Mario Party: The Top 100, para o saudoso Nintendo 3DS. Aqui, o objetivo é ajudar Kamek com os preparativos da festança, navegando à vontade por cada tabuleiro, cumprindo tarefas com outros personagens e, claro, jogando diversos minijogos pelo caminho. 

Avançar na Jornada das Tarefas é bem divertido e revela outro ponto muito forte de Jamboree em relação aos jogos anteriores: a qualidade e a variedade dos seus mapas. Ao todo, são sete tabuleiros jogáveis na Jornada das Tarefas e no modo principal Mario Party, o que torna esta nova entrada uma das mais ricas da série nesse quesito, empatando com Mario Party 5 e Island Tour e ficando abaixo somente do primeiro jogo, que contava com oito.

Para ficar ainda melhor, algumas fases, como o Shopping Arco-Íris, contam com itens e mecânicas próprias e rotas alternativas, o que aumenta diretamente o fator replay e também a competitividade, ao incentivar diferentes abordagens e estratégias para cada partida.

A maior festa até agora?

O grande número de tabuleiros (sete, ao todo) é acompanhado pelo maior número de minijogos em um único título da série até hoje:  são mais de 110 provas para se divertir com os amigos ou contra o computador em Super Mario Party Jamboree, o que torna as partidas diversificadas e divertidas, como esperado.

Como um fã de Mario desde a década de 1990, algo que particularmente achei muito legal é que vários minijogos carregam referências diretas à franquia do bigodudo e aos seus mais diversos spin-offs. Destaco aqui o “Fliperama do Waluigi”, “No Ritmo de Donkey Kong” e “Questão de Força”, que, além de serem bem divertidos, homenageiam respectivamente Mario Kart, Donkey Konga e Wrecking Crew. 

Outro ponto muito interessante é que Jamboree parece ter sido pensado de forma a proporcionar reviravoltas bem interessantes durante as suas rodadas, seja com as já tradicionais estrelas duplas na reta final do jogo ou com os novos recursos, como a reformulação das duplas, que agora acompanham os personagens somente por três rodadas e podem ser “roubadas” de outro jogador ao passar por ele no tabuleiro.

Inclusive, para quem gosta de fomentar inimizades ou quer colocar à prova suas habilidades em grupo ou contra a máquina, o novíssimo modo Pro chega com regras fixas e mais justas para todos, como o número máximo de 12 rodadas, minigames que não requerem sorte, apenas uma estrela bônus no final da partida (com critérios claros e revelados já no início) e número limitado de itens em cada loja. Tudo isso para premiar, no fim, quem realmente foi a verdadeira superestrela da partida.

Some tudo acima a uma das melhores inteligências artificiais da história da saga (nada de personagens que parecem não entender o minigame e acabam atrapalhando em vez de ajudar) e temos aqui a receita para um título digno de ser considerado, sim, o melhor Mario Party já feito. Esteja você sozinho ou acompanhado, online ou offline, Jamboree é sinônimo de diversão genuína em forma de videogame e um claro acerto da antiga NDcube, agora chamada de Nintendo Cube.

Primor técnico

Além da presença de Diddy Kong, preterido mesmo em um elenco com 22 (!) personagens, o único ponto que eu realmente senti falta em Jamboree foi de algo próximo ao Partner Party de Super Mario Party. Considerando que Mario Party é o modo principal do título, seria bem legal poder jogá-lo de forma cooperativa com minha esposa novamente; honestamente não entendo a insistência da Nintendo Cube em relegar a cooperação aos modos adicionais em seus jogos.

Essa é a minha única crítica propriamente dita a Jamboree, que claramente acerta em todo o restante, inclusive em sua direção artística e apresentação visual. Quase oito anos após a estreia do Switch, temos aqui um título que não somente apresenta performance impecável tanto no modo TV quanto no modo portátil, mas que também rivaliza com os mais belos da plataforma em todos esses anos, elevando o seu valor como produto.

Para alegria da nação, Super Mario Party Jamboree também está 100% localizado para o nosso idioma, facilitando a compreensão dos termos e jogos e possibilitando que até mesmo o público mais novo embarque nesta festa sem maiores complicações. Indo direto ao ponto, é muito bom ver a Nintendo olhando com o devido carinho para o nosso público, que hoje pode ver a sua fidelidade recompensada com uma excelente e digna adaptação, seguindo os passos de seu antecessor, Superstars.

Esta festa é sua, é nossa, de quem quiser e quem vier

Super Mario Party Jamboree supera todas as expectativas e entrega um título digno de, sim, ser considerado o melhor Mario Party já feito. Com mais de 100 minijogos, diversas opções online e offline e várias modalidades para um ou mais jogadores, difícil é achar um motivo para não adentrar esta festança que prova que o Switch ainda tem lenha para queimar e muita diversão para oferecer, mesmo há tanto tempo no mercado. Reserve o seu calendário e prepare o seu traje de gala, caro leitor: esta celebração não tem hora pra acabar.

Prós

  • Faz jus à alcunha de “maior Mario Party já feito”, entregando um pacote robusto que com certeza agradará aos fãs novos e veteranos da série;
  • O bom número de tabuleiros (sete, no total) e minijogos (mais de 100) aumenta o fator replay e combate a incômoda sensação de repetição que por vezes assombrou a franquia;
  • Exorciza os fantasmas relacionados ao aproveitamento single-player, oferecendo uma divertida campanha na forma da Jornada das Tarefas e modos exclusivos como Bowserathlon e Brigada anti-Bowser, os quais também podem ser jogados online;
  • O novo modo “Pro” e mudanças na implementação das duplas são opções bem-vindas que agradarão muito a quem prioriza a habilidade em vez da sorte em suas partidas;
  • O aprimoramento da inteligência artificial torna as rodadas mais desafiadoras e divertidas para quem prefere jogar sozinho;
  • Um dos títulos mais bonitos e impressionantes visualmente do Switch;
  • 100% localizado para português brasileiro.

Contras

  • Apesar do bom número de personagens jogáveis, poderia contar com ainda mais;
  • A ausência de opções cooperativas à la Partner Party é injustificável, considerando a proposta do jogo.
Super Mario Party Jamboree — Switch — Nota: 9.5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo

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