Dragon Quest III HD-2D Remake é uma versão atualizada do importantíssimo RPG lançado originalmente para o Nintendinho em 1988. A Square Enix nos deu a oportunidade de conferir uma parte do jogo e viemos compartilhar as nossas impressões e tentar explicar o motivo de termos tantas expectativas para essa nova versão. Vale lembrar que o título chegará ao Nintendo Switch no dia 14 de novembro.
Descendente de um herói
Assim como nas demais obras da série, Dragon Quest III HD-2D Remake nos coloca no papel de um jovem que se lança em uma jornada para salvar o mundo de uma grande ameaça. Desta vez, o vilão é conhecido como Archfiend Baramos.
Nessa entrada, o protagonista é filho de Ortega, um herói que partiu em uma missão para derrotar o mencionado malfeitor, mas que infelizmente nunca retornou. Uma das maiores promessas desse remake é que a história desse indivíduo será explorada mais a fundo, abordando os desafios e dramas que ele enfrentou.
Embora ainda não tenhamos visto a extensão desse aprofundamento, os flashbacks iniciais sugerem que teremos, sim, uma carga emocional mais centrada na figura de Ortega. Nesse sentido, a introdução de dublagem em alguns diálogos provavelmente ajudará a acrescentar peso aos momentos dramáticos.
Outro ponto empolgante é que a Square Enix já anunciou que está trabalhando em remakes de Dragon Quest I e II. A escolha de iniciar essas atualizações com o terceiro título se deve ao fato de ele ser o primeiro na linha cronológica dos eventos dessa trilogia (Erdrick), nos levando a crer que os aprimoramentos narrativos podem buscar uma conexão ainda mais intensa entre os três jogos.
Embora o DQIII original seja um dos RPGs mais influentes de todos os tempos, particularmente, não acho que seu enredo figure entre os mais elaborados da série. Em razão disso, essa revisão narrativa desperta muita expectativa e curiosidade para ver como o drama de Ortega será desenvolvido e como esta obra se conectará com os dois futuros remakes.
A magia do HD-2D
Essa nova versão de Dragon Quest III adota o estilo visual HD-2D, que também foi utilizado em outras obras recentes da Square Enix, como Triangle Strategy e Octopath Traveler. Desde já, podemos afirmar que o resultado é impressionante.
Mesmo que a nossa prévia tenha sido limitada a poucas áreas, a variação de cenários e seus detalhes chamam muito a atenção, com uma iluminação excepcional que enriquece bastante o sistema de dia e noite. Esse cuidado visual também está presente nas batalhas, trazendo excelentes sprites para os heróis e inimigos e tirando proveito da genialidade do design do imortal Akira Toriyama.
Vale destacar ainda que, embora nossos golpes ainda sejam apresentados em uma perspectiva de primeira pessoa, a câmera agora se afasta para mostrar nossos personagens durante a seleção de ataques. Fica a expectativa de que o mesmo cuidado visual tenha sido aplicado a todo o restante da campanha.
Batalhando com humanos e competindo com monstros
O sistema de combate de DQIII HD-2D Remake segue o modelo de turnos e nos permite controlar um grupo de até quatro personagens. Logo nas primeiras horas, é possível ver uma variedade de maestrias especiais (algumas inéditas) que complementam os ataques-padrão. A nova versão também apresenta menus separados para as habilidades corpo a corpo e as magias.
Dragon Quest III: The Seeds of Salvation foi importantíssimo no cenário dos RPGs por ser um dos primeiros a introduzir um sistema de classes, uma mecânica que continua presente em muitos títulos até hoje. Em DQIII HD-2D Remake, essa mecânica é preservada e aprimorada com opções de personalização visual, permitindo modificações em características como cabelo e voz.
Durante nosso teste, experimentamos alguns jobs, com o principal destaque ficando para a Monster Wrangler, mais uma introdução desse remake. Além de possuir habilidades regenerativas, essa profissão tem o talento de encontrar monstros recrutáveis nas redondezas, o que certamente será um grande motivo para muitos jogadores quererem explorar o mundo com mais cuidado.
Por falar em monstros, a mecânica de recrutar e usar criaturas em combate é mais uma das grandes novidades desta versão. Como alguém que gosta muito da subsérie Monsters, é verdadeiramente empolgante ver essa funcionalidade sendo incorporada em moldes semelhantes em um título tão emblemático da série principal.
Neste remake, algumas cidades possuem arenas de combate de bestas. Diferentemente do original, em que apenas apostamos nos lutadores, agora o jogador pode usar seus próprios bichinhos para competir em campeonatos e conquistar prêmios. Assim como no mencionado spin-off, o controle sobre os monstrengos é limitado, permitindo apenas a definição de comportamentos gerais.
Ainda não sabemos quantas criaturas estarão disponíveis para recrutar, mas, considerando que Dragon Quest V (que introduziu o sistema de recrutamento na série) já contava com várias dezenas de opções, acredito que DQIII HD-2D Remake não irá decepcionar nesse aspecto.
Também vale destacar que o jogo traz de volta o sistema de personalidades, que esteve presente nas versões de DQIII para GBC, SNES, Mobile e Switch. Com essa mecânica, cada personagem possui uma personalidade única que influencia o crescimento de seus atributos.
Uma versão mais acessível
Um ponto que merece ser mencionado é DQIII HD-2D Remake se preocupa em proporcionar uma experiência acessível a diferentes perfis de jogadores, com três níveis de dificuldade que podem ser ajustados a qualquer momento da campanha.
O jogo também explica suas principais mecânicas de forma gradual e eficiente, além de oferecer um guia geral dividido em tópicos, disponível no menu principal. Além disso, temos uma indicação clara de onde está o próximo objetivo, uma alternativa que também pode ser ativada ou desativada a qualquer momento.
No entanto, toda essa acessibilidade, que pode atrair jogadores novos ao gênero, contrasta diretamente com a escolha de manter os encontros aleatórios, um elemento que sempre foi um dos maiores motivos de rejeição aos RPGs de turnos mais antigos para algumas pessoas.
Outro ponto que gera certa preocupação é o nível de grinding necessário. Embora a entrada mais recente (Dragon Quest XI) tenha um excelente equilíbrio na distribuição de força dos oponentes pelas regiões, precisar interromper a jornada para acumular experiência e dinheiro devido a picos de dificuldade em chefes é algo bastante comum na série, inclusive no DQIII original.
Na parte do jogo que exploramos, o nível de desafio foi bastante agradável na dificuldade normal, com um chefe em específico exigindo bastante esforço. Nesse sentido, resta torcer para que os futuros desafios mantenham um bom equilíbrio e que os eventuais saltos de dificuldade não sejam tão frequentes e não exijam horas excessivas de grinding.
Que chegue logo o dia 14!
Dragon Quest III HD-2D Remake promete trazer não apenas uma atualização visual impressionante, mas também uma reinterpretação narrativa de um grande clássico. Com a introdução de novas mecânicas e elementos que o tornam mais acessível, ainda que com ressalvas, trata-se de um título imperdível para os fãs da série e uma oportunidade de ouro para novos jogadores conhecerem essa obra importantíssima.
Revisão: Davi Sousa
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Square Enix