Análise: Ys X: Nordics nos leva a novas aventuras em alto mar

O mais novo jogo da franquia de RPGs de ação traz uma experiência expansiva, mas não tão impactante quanto seus antecessores recentes.

em 16/10/2024
A Nihon Falcom é uma tradicional desenvolvedora japonesa de RPGs com mais de 40 anos de experiência no mercado. Embora seja pequena em comparação com empresas como a Square Enix, trata-se de uma das pioneiras do gênero e continua desenvolvendo obras de alta qualidade.

Entre suas várias séries, temos a franquia de RPGs de ação Ys. Em sua mais recente iteração, Ys X: Nordics, a Falcom traz uma nova jornada para o ruivo Adol com um elemento de exploração marítima.

Uma dupla inesperada

Em Ys X: Nordics, acompanhamos o tradicional protagonista Adol Christin em uma aventura que se passa um pouco antes de sua chegada à região de Celceta em Ys IV. Enquanto atravessa uma região inspirada no Norte Europeu, o jovem acaba se envolvendo em grandes conflitos causados pela disputa entre piratas inspirados nas lendas vikings e criaturas imortais.

Na chegada, Adol já acaba enfrentando Karja, a “princesa pirata” que faz parte da força marítima do jarl Grimson. Embora surja uma espécie de inimizade inicial por conta das circunstâncias de ambos, os dois são forçados a trabalhar em equipe por ficarem ligados um ao outro por meio de algemas de mana.

A dupla então desenvolve uma relação de parceria conforme enfrentam juntos a ameaça dos Griegr, uma raça de criaturas imortais que ameaça destruir tudo ao seu redor. No meio do caminho, Adol e Karja também desenvolverão habilidades especiais baseadas no uso de mana e descobrirão verdades que ficaram escondidas no tempo.

Juntos, os dois viajarão por várias ilhas em uma jornada que também dependerá da ajuda de vários aliados. Porém, ao contrário de jogos anteriores, o foco aqui é exclusivamente em Adol e Karja, com os outros personagens servindo como auxiliares no navio.

De forma geral, a trama é relativamente direta e simples para o gênero, com vilões bastante óbvios, porém ela se mantém razoavelmente interessante do início ao fim. Em particular, chama a atenção a coreografia das animações de luta em cutscenes e golpes especiais que podem ser ativados com defesas precisas no combate contra chefes.

Ação em dose dupla

O combate de Ys X: Nordics envolve controlar tanto Adol quanto Karja, ambos personagens agressivos com ataques de curta distância. Apesar de a dupla estar presente na maior parte do tempo, há momentos recorrentes na narrativa em que os dois se separam para que o ruivo explore um misterioso mundo alternativo.

Durante o combate, podemos atacar com Adol ou Karja, alternar entre os dois e ativar um modo “Duo” no qual eles coordenam seus movimentos em equipe. Cada personagem pode ter quatro habilidades atribuídas à combinação R + botões do controle, e a forma de dupla pode ativar três outras caso o jogador aperte X, Y ou B.

Um ponto importante das batalhas é aprender os padrões de ataque dos inimigos para saber quando defender ou evadir. Em alguns casos, as criaturas podem usar golpes ultrapoderosos e é importante saber quando optar por essas manobras defensivas para evitar dano.

Em particular, usar o botão de defesa no momento exato de um ataque poderá deixar o inimigo vulnerável a um contra-ataque mais potente do que um golpe comum ou até mesmo especiais bem poderosos com direito a animações especiais. Já a esquiva protege o jogador contra os golpes que brilham em azul independentemente do timing em que o botão é apertado, mas acaba não sendo tão eficiente contra vários outros ataques.

Para controlar os dois personagens ao mesmo tempo, é necessário manter o botão de defesa pressionado. Enquanto não está atacando, o jogador irá automaticamente bloquear ataques, mas não terá as vantagens extras nem da defesa perfeita nem da esquiva.

Além de a defesa ser bem útil para evitar dano, pois o jogo pode ser bastante punitivo, especialmente nos níveis mais altos, o uso da mecânica também aumenta a nossa barra de vingança. Com ela, intensificamos o poder das habilidades especiais do modo Duo.

Infelizmente, no Switch temos algumas quedas de performance, especialmente quando há grupos grandes de inimigos na tela. Embora seja um problema pequeno, na prática, mesmo os erros pontuais acabam dificultando o aprendizado do timing necessário para se defender.

Travessia

Além da exploração de ilhas, cavernas e regiões variadas a pé, um ponto importante do jogo é a viagem naval. Navegar os mares não se resume apenas a ir de um local a outro, mas também ao combate com frotas inimigas, a descoberta de itens e áreas opcionais, e até correntes especiais que podem ajudar o jogador a se locomover mais rapidamente.

Inicialmente, nosso barco é lento e fraco, mas aos poucos podemos desbloquear melhorias e novas opções de armamento. Também será possível aprender técnicas especiais, como a pescaria, que rende peixes diferentes dos que se consegue em terra.

Infelizmente, tanto em água quanto em terra, temos ambientes bastante repetitivos e lineares, fazendo com que o jogo rapidamente se torne menos impressionante. Enquanto esse tipo de problema também poderia ser apontado para o jogo anterior, o fato de que Ys IX se passava estritamente em uma mesma cidade fazia com que essas limitações fossem fáceis de se relevar.

Assim como o antecessor, ainda há aqui algumas técnicas de travessia em terra que ajudam a tornar o processo um pouco mais interessante. Em particular, temos uma corda mágica e uma espécie de prancha de surfe que podem ser usadas para rapidamente avançar por alguns pontos dos ambientes.

Além disso, Adol pode queimar árvores, Karja é capaz de congelar seus arredores criando degraus de gelo, e há ainda outras técnicas especiais desbloqueadas com o tempo e que afetam a exploração.

Combates navais

Uma parte da experiência também envolve combates navais e as missões de recaptura. Enquanto viajamos pelos mares, podemos encontrar áreas com navios inimigos, sendo necessário fugir ou derrotá-los. Para atacar, a nossa embarcação conta com armamentos variados, alguns dos quais podemos desenvolver nós mesmos e equipar.

Cada arma possui seu próprio ritmo de ataque e quantidade de balas disponíveis até o jogador voltar à terra firme. Além disso, certas armas podem ter restrições de alcance e posicionamento, como só atingir quem estiver próximo à lateral do navio.

Também podemos usar o botão de dash para atingir o navio inimigo e, caso ele seja mais poderoso, forçar uma abordagem. Quando isso acontece, fazemos uma invasão pirata e precisamos eliminar os inimigos a bordo em um esquema de ondas.

As missões de recaptura geralmente envolvem todo esse processo, mas depois há uma segunda etapa de enfrentamento de ondas de inimigos em terra. A performance do jogador é avaliada ao final, rendendo itens cada vez melhores se ele atingir ranques mais altos.

Melhorias

Além de tudo que mencionei, vale destacar ainda que o jogo inclui um sistema bem peculiar de evolução dos personagens. Com alguns dos materiais que coletamos ao longo da jornada, podemos criar sementes de mana que equipamos no menu “Release”  — este apresenta um gráfico similar à Sphere Grid de Final Fantasy X ou, mais especificamente, ao sistema de Orbments da série Trails.

Essas sementes aumentam nossos atributos, como força, defesa ou sorte. Conforme nossa dupla aumenta de nível e purificamos pedras especiais no caminho, podemos liberar mais vagas para benefícios adicionais.

Porém, o lado mais interessante é que há uma sinergia entre essas pedras. Quanto mais colocamos sementes do mesmo elemento, mais liberamos habilidades passivas extras que poderão tornar o personagem ainda mais poderoso. Saber explorar esse sistema faz a diferença na construção da build tanto para Adol quanto para Karja, que também inclui equipamentos com formas de crafting para upgrade.

Uma jornada empolgante por alto mar

Embora não atinja os pontos altos de alguns de seus antecessores, Ys X: Nordics é mais um empolgante RPG de ação que faz jus à qualidade da franquia. Fica a expectativa para que os próximos jogos de Adol consigam aproveitar o que foi desenvolvido aqui e trazer jornadas ainda mais empolgantes.

Prós

  • Combate de ação empolgante que explora o controle dos dois protagonistas em simultâneo;
  • Sistema de runas com sinergia traz uma forma interessante de criar builds;
  • Técnicas de travessia ajudam a dar um pouco de variedade à exploração dos ambientes;
  • Combate naval com várias opções de armamento e sistema de invadir as naves inimigas mais poderosas;
  • Algumas animações de Adol e Karja em combate são impressionantes.

Contras

  • Muitos ambientes similares entre si e lineares;
  • As pequenas quedas de performance no Switch, embora não muito significativas, dificultam o timing das defesas em algumas ocasiões;
  • Trama simples com personagens pouco expressivos.

Ys X: Nordics — Switch/PC/PS4/PS5 — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch

 Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela NIS America

Siga o Blast nas Redes Sociais

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).