Análise: Sword Art Online: Fractured Daydream entrega uma divertida, mas repetitiva experiência online

A Dimps retorna a trabalhar com a série SAO e nos apresenta um título predominantemente voltado ao multiplayer.

em 13/10/2024
Desenvolvido pela Dimps e publicado pela Bandai Namco, Sword Art Online: Fractured Daydream é o mais recente jogo de ação inspirado na série de light novels e animes concebida por Reki Kawahara. Desta vez, temos uma obra que, embora conte com uma campanha que traz uma história original, foca principalmente em modos cooperativos online. 

Galaxia em colapso

A trama de Fractured Daydream gira em torno de Galaxia, uma nova funcionalidade de ALfheim Online (MMO explorado no arco Fairy Dance e no game Lost Song), que permite reviver eventos do passado. No entanto, essa tecnologia apresenta falhas, resultando na perda de memória de diversos jogadores.

Nesse contexto, nossa missão é desvendar o que está acontecendo com Galaxia e identificar o responsável pela instabilidade. Inicialmente, nosso grupo é formado por Kirito e Quinella, mas logo se expande com a adição de personagens de diferentes momentos da série, além de duas garotas originais: Fuuka e Neige.
 
É importante mencionar que, embora os jogos de SAO sejam diretamente inspirados nos materiais originais, eles apresentam mudanças, adições e continuidades entre si que os tornam parte de um universo próprio. Nesse sentido, Fractured Daydream não deixa tão claro se considera os eventos dos games ou dos animes, mas algumas reações do protagonista ao reencontrar certos indivíduos sugerem que este último seja o caso.

Também vale destacar que essa entrada pressupõe um conhecimento prévio da história, mencionando eventos e inserindo pessoas sem fornecer um contexto adequado. Contudo, há um menu específico que, além de permitir rever cutscenes da campanha, apresenta alguns vídeos curtos sobre os arcos passados. Embora esse material não seja suficiente para estabelecer um vínculo entre nós e os personagens, ele proporciona uma base geral sobre cada realidade virtual explorada na série.

Se comparada com as dos dois últimos títulos de SAO (Alicization Lycoris e Last Recollection, sendo que este último não chegou ao Switch), a narrativa de Fractured Daydream é bem menos interessante e, em muitos momentos, apressada. No entanto, ela traz, sim, elementos que são compatíveis com o universo da franquia e que tem o potencial de agradar aos fãs, especialmente nas interações entre os diferentes sujeitos. Assim como em outras entradas, o enredo apresenta suas melhores nuances quando Kirito e suas frases de para-choque de caminhão não estão presentes.

Um ponto que merece destaque são as cutscenes, que são repletas de movimento e bem-elaboradas, especialmente nos momentos finais, quando todos os heróis se reúnem em cena. Sem dúvida, se considerarmos apenas os personagens, este é o jogo mais bonito da série disponível no Nintendo Switch. Além disso, é importante ressaltar que existe a opção de legendas em português, o que aumenta a acessibilidade.

Diversos personagens distribuídos em seis classes

A jogabilidade de Fractured Daydream segue o padrão 3D em terceira pessoa, com combates ágeis que lembram o estilo hack-and-slash. Além dos ataques padrão que desencadeiam combos, temos comandos dedicados à defesa, esquiva, salto, três habilidades especiais e uma skill suprema.

Um dos aspectos mais interessantes é a divisão dos personagens em seis classes: Lutador, Ladino, Tanque, Patrulheiro, Mago e Suporte. Embora alguns indivíduos da mesma categoria compartilhem movimentos semelhantes, às diferentes profissões oferecem estilos verdadeiramente únicos.

Para exemplificar, enquanto Asuna e Kirito (Lutadores) desferem ataques poderosos de curto alcance com suas espadas, Sinon (Patrulheira) utiliza um rifle para causar danos à distância. Já Fukaziroh, que também é uma Patrulheira, utiliza dois lança-granadas e se destaca por sua habilidade de alterar o elemento de suas balas.

Dentre os membros da classe Suporte, temos Leafa, que, além de conceder cura, pode voar livremente pelo cenário, tornando-a uma escolha ideal para combates contra inimigos aéreos. Por sua vez, Quinella, uma Maga que também pode pairar nos céus, possui uma interessante maestria que lhe permite acumular energia a partir do dano causado aos adversários para lançar uma rajada devastadora.

Sendo assim, embora o elenco de 21 heróis disponíveis seja menor do que em outras entradas da série, a diversidade de gameplay entre eles é a mais notável que tivemos até o momento. Apesar disso, é realmente uma pena que muitos indivíduos originais do universo dos jogos, como Medina Orthinanos e Dorothy, não estejam presentes.

A jogabilidade de Fractured Daydream não apresenta a mesma precisão de grandes obras de ação em tempo real e, em algumas ocasiões, a agilidade extrema pode confundir a compreensão do que realmente está acontecendo em campo. Além disso, a mira apresenta problemas, pois a câmera fica frequentemente desorientada e não acompanha a visão do personagem, tornando o lock-on praticamente inútil.

No entanto, apesar dessas ressalvas, o sistema de combate funciona bem dentro da proposta do jogo. Assim como ocorre em títulos do estilo musou, ver fileiras de inimigos sendo derrubadas, acompanhadas de números pipocando na tela, que aumentam à medida que os heróis se tornam mais poderosos, proporciona uma grande satisfação.

Focado nos modos online

Como mencionado, o grande foco de Sword Art Online: Fractured Daydream é o seu sistema online, no qual até 20 jogadores podem se unir em três modos principais: Quests Cooperativas, Mundo Aberto e Raids contra Chefes.

Na primeira modalidade, os lutadores formam grupos de quatro e são separados em diferentes áreas, devendo cumprir objetivos que geralmente envolvem a derrota de monstros. Para exemplificar: enquanto no primeiro mapa devemos proteger a Cardinal, no segundo precisamos limpar áreas para abrir portas e progredir. No final, todos os times se reúnem para enfrentar um chefe.

No Mundo Aberto, temos uma hora para explorar uma região relativamente extensa, realizando tarefas como derrotar um número específico de inimigos comuns ou especiais. Aqui, o mundo é delimitado por linhas que separam áreas compostas por monstros de diferentes graus de poder.

Por fim, as Raids contra Chefes são autoexplicativas e se assemelham ao que já vimos em diversos outros jogos. Nesta categoria, os times, novamente compostos por quatro indivíduos, competem por pontuações baseadas nos estragos causados ao boss.

É importante ressaltar que Fractured Daydream possui rankings individuais para cada personagem e geral para o jogador, que aumentam conforme completamos as missões. Enquanto o nosso rank desbloqueia diferentes mapas nos modos online, o dos heróis concede melhorias nos atributos, skins e a possibilidade de equipar habilidades passivas em outros indivíduos.

Embora essas melhorias sejam permanentes, nas Quests Cooperativas e nas Raids, sempre começamos no nível um e vamos progredindo conforme causamos danos aos adversários. Assim, ainda que, em certas ocasiões, seja possível avançar rapidamente para os objetivos finais, essa estratégia pode não ser a mais inteligente, já que os últimos adversários geralmente estarão em níveis consideravelmente mais altos.

O sistema online é divertido e, sem dúvida, o ponto alto do jogo, especialmente por ser crossplay, permitindo que jogadores de diferentes plataformas se unam nas missões. Caso não haja vinte pessoas reais em uma sessão, os espaços restantes são preenchidos por personagens controlados por IA.

Potencialmente viciante, mas rapidamente repetitivo 

Em Fractured Daydream, cada indivíduo pode equipar uma arma e três acessórios. Enquanto os equipamentos ofensivos são exclusivos de cada sujeito, os adereços são compartilhados entre as classes.

O detalhe é que esses itens podem conter diferentes efeitos passivos, como aumento de taxa de acerto e dano crítico, ou resistências elementais. Em razão disso, o título acaba sendo um tanto viciante, ressoando especialmente com aqueles que apreciam o grinding, incentivando a repetição de missões em busca de drops cada vez mais raros para construir builds mais poderosas.

Além de todos os objetos que temos a chance de conquistar em cada missão, incluindo visuais, também adquirimos uma moeda específica que nos permite comprar imagens de cenas dos jogos anteriores. Além de ser um fanservice para quem acompanha a franquia nos games, esse sistema também concede melhorias passivas aos personagens conforme desbloqueamos um certo número de fotos.

Como já mencionado, Fractured Daydream foi produzido pela Dimps, desenvolvedora que também esteve à frente de Fatal Bullet. Infelizmente, o mesmo erro cometido em seu SAO anterior foi repetido pela empresa nesta entrada: a baixíssima variedade de oponentes.

No modo História, exceto por alguns chefes, os monstros enfrentados são limitados e possuem uma inteligência artificial fraca, apresentando comportamentos passivos e até bobos. Sendo assim, embora o sistema de combate tenha nuances interessantes, mal conseguimos notá-las na campanha, que acaba podendo ser concluída apenas apertando repetidamente o botão de ataque.

Essa falta de variedade também se aplica aos cenários, que são quase integralmente planos e não apresentam elementos relevantes além dos inimigos e baús, lembrando o design de algumas regiões de MMORPGs mais antigos.

Nos modos online, os desafios são mais agradáveis, com inimigos poderosos e agressivos, exigindo que os comandos de esquiva e defesa sejam usados com sabedoria. No entanto, essas modalidades também estão um tanto limitadas, com poucos mapas e chefes disponíveis, tornando a experiência repetitiva após algumas sessões. Considerando o histórico de SAO, é muito provável que esse título melhore com o tempo, recebendo mais personagens, cenários e oponentes através de futuras atualizações e DLCs.

O melhor sistema online

Seguindo o padrão da franquia, Sword Art Online: Fractured Daydream apresenta falhas em alguns aspectos que limitam sua qualidade e longevidade, deixando o terreno preparado para atualizações e DLCs que certamente vão surgir. No entanto, embora eu não o considere o melhor da série, este jogo certamente é o que oferece o melhor sistema online e a maior diversidade de gameplay entre os personagens disponíveis.

Prós

  • Possui os modelos de personagens mais bonitos da série disponível no Nintendo Switch, além de apresentar cutscenes fluidas e visualmente agradáveis;
  • Graças às particularidades de cada classe, muitos heróis oferecem estilos únicos de combate, proporcionando uma jogabilidade diversificada;
  • Os modos online contam com crossplay e são divertidos, especialmente as Quests Cooperativas e as Raids contra Chefes; 
  • Os sistemas de ranking, somados ao desbloqueio de cenas dos jogos passados e a possibilidade de aquisição de visuais e equipamentos com diferentes vantagens, fazem com que a repetição de missões e o fortalecimento dos heróis se tornem uma experiência gratificante e até viciante;
  • Legendado em português.

Contras

  • A história não está entre as mais interessantes da série e possui um ritmo muito apressado, além de não apresentar um contexto adequado para eventos e personagens antigos, presumindo que os jogadores já estão familiarizados com o universo;
  • A campanha não oferece qualquer tipo de desafio devido à inteligência artificial ruim dos oponentes, fazendo com que as nuances do combate não sejam aproveitadas nesse modo;
  • Apesar de oferecer modos online divertidos, a limitação de mapas, inimigos e chefes pode resultar em uma experiência repetitiva após algumas sessões, diminuindo o apelo a longo prazo;
  • A câmera frequentemente fica boba e não acompanha a mira fixa, tornando essa mecânica praticamente inútil, e a extrema velocidade dos movimentos faz com que, em algumas situações, seja difícil de entender o que está ocorrendo em tela.
Sword Art Online: Fractured Daydream — PC/PS5/XSX/Switch —  Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco

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