Análise: F-Zero 99 — O melhor dos jogos “99”

F-Zero 99 pisa fundo no fator nostalgia, mas entrega uma experiência substancialmente diferente.

em 25/10/2024

Lançado em 2023, F-Zero 99 chegou após uma onda de rumores persistentes sobre a existência de um novo jogo da franquia, que já estava há quase 20 anos sem receber um título novo. Embora o anúncio do jogo — que é em essência uma corrida battle royale — tenha sido recebido com estranheza, mas não surpresa, devido aos vários lançamentos no estilo battle royale no console, de forma temporária ou não, como Super Mario Bros. 35. Analisemos então, F-zero 99 que já está consolidado no console e recebendo atualizações.

Então... F-Zero

Como F-Zero ficou um bom tempo sumido dos radares, vamos lembrar dele brevemente. Lançado em 1990, F-Zero foi um dos primeiros e certamente o mais importante jogo do gênero de corrida futurista, isso porque todos os ingredientes que compõem o clássico foram utilizados e levados em consideração por quase todos os jogos do gênero até hoje: mundos futuristas flertando com o Cyberpunk, alta velocidade, geralmente com sistemas anti-gravidade ou ambientes de gravidade modificada, veículos que mais se parecem naves espaciais e, claro, o alto risco, já que há chances de ser explodido em cada corrida. Muitos jogos desse gênero começaram a surgir e se popularizar poucos anos depois, Wipeout, Extreme G, Quantum Redshift, Redout, entre outros.

F-Zero x F-Zero 99


E embora F-Zero 99 seja mais um jogo da leva de jogos “99” e battle royale de jogos clássicos que vieram para o Switch seja de forma temporária em forma de comemoração, ou simplesmente para dar uma cara nova para os jogos que marcaram época, talvez F-Zero 99 seja o que de fato mais se enquadre nessa proposta, devido a própria natureza do jogo original, uma corrida mortal em alta velocidade.

Ainda que o F-Zero original tenha, de certa forma, o mesmo clima de corrida de sobrevivência que permeia o 99, a limitação de poucos veículos e pistas curtas, ainda que impressionantes para a época, limitava o jogo original. Mais do caos, da adrenalina e da super-velocidade foram sendo injetados em cada um dos jogos seguintes da série: F-Zero 64 e F-Zero GX não me deixam mentir.

Apesar da aparência, o estilo, pistas e outros elementos do game remeterem ao jogo original lançado para o Super Nintendo, F-Zero 99 diverge em diversos aspectos cruciais. Os boosts estão disponíveis desde a primeira volta, agora ao custo da energia/vida do veículo, ao modo dos F-Zero posteriores ao primeiro.

Outro diferencial é o sistema de ataque que foi adicionado, especificamente o spin attack — não confundir com a técnica de Link —, que, ao mesmo tempo causa dano nos adversários e impede danos de colisão, liberando os Super Sparks. Essas pequenas esferas de energia aumentam uma barra especial que quando cheia consegue chamar o Skyway, fazendo seu veículo correr por cima da pista em um trajeto que pula obstáculos e curvas acentuadas, com aceleradores e menos adversários. E claro, o maior e mais icônico diferencial: 99 pilotos disputando simultaneamente.

Velocidade, sobrevivência e estratégia


O sistema de boost irrestrito (enquanto houver energia), unido a todas as mecânicas novas citadas acima adicionam um aspecto estratégico ao jogo. Afinal, sendo um jogo veloz, contra 98 outros competidores, apenas acelerar e evitar batidas — um dos grandes desafios — em pistas nada amigáveis não é o suficiente.

A jogabilidade é intensa e exige reflexos rápidos, com os jogadores tendo que evitar colisões para manter seu medidor de energia, crucial para sobreviver até o fim da corrida. O tempo inteiro nas corridas temos que gerir e saber quando usar tanto nosso boost, que consome a vida do veículo, quanto a barra especial para chamar a Skyway e conseguir uma vantagem.


Já falei que as pistas não são amigáveis? Muitas delas são cheias de artimanhas e obstáculos prontos para te fazer começar a quicar pelas paredes feito uma bola de ping-pong, então se acostumar com as pistas e aprendê-las se faz tão necessário quanto aprender como pilotar os próprios veículos. Acabei levando algumas boas horas para me acostumar com a jogabilidade e sensibilidade dos veículos, e mais ainda me adequar a meu veículo preferido, isso depois de testar os quatro disponiveis o maximo que pude. E isso não é ruim.

F-Zero 99 é um jogo desafiador, ainda mais pela sua natureza competitiva, ainda assim, uma vez minimamente compreendida a forma como as mecânicas se aplicam e juntando tudo isso com uma ótima jogabilidade, com controles precisos e rápidos como um jogo como este precisa, F-Zero 99 se torna viciante.

Preciso destacar também o quanto a estabilidade do serviço online do jogo é competente. Sabemos que muitos jogos da Big N que dependem de um serviço online para o multiplayer acabam pecando muito nisso, com muitas quedas e instabilidades. Isso ocorre bem pouco em F-Zero 99.

Competitividade e recompensas


O sistema competitivo de F-Zero 99 é inovador dentro do gênero de corrida, pois introduz a mecânica de eliminação progressiva comum nos jogos battle royale. Durante a corrida, os jogadores precisam não apenas focar em terminar no topo, mas também em se manter vivos ao longo da partida. Colisões violentas com outros corredores ou com barreiras podem resultar em uma eliminação imediata, exigindo cautela nas manobras e no uso do boost.

O jogo também apresenta um sistema de classificação e progressão: os jogadores ganham pontos e podem subir de nível ao realizar boas performances, o que desbloqueia recompensas como novas cores e decals para os veículos. Além disso, corridas especiais e desafios periódicos são lançados para manter o engajamento da comunidade e aumentar o fator competitivo, trazendo sempre novos modos de jogo e eventos limitados.

O game também possui um sistema de rivais, que seleciona alguns jogadores do mesmo nível do jogador para serem seus rivais, que garantem mais ou menos pontos de níveis dependendo se eles forem vencidos ou não. Esse é um método interessante de manter o jogador engajado na corrida mesmo em competições mais complicadas, pois sempre terá o objetivo em mente de, ao menos, derrotar os rivais.

O fator altamente competitivo, a vontade de tentar ficar em primeiro ou mesmo desbloquear as cores, decals, insígnias e tudo o mais me deixa fixado nele toda vez que o abro. Assim me vejo diversas vezes gastando algumas horas correndo e tentando explodir os adversários toda vez que abro o jogo — por isso só me permito jogá-lo quando estou de folga.

Os estranhos circuitos temporários


Um elemento interessante, mas ao mesmo tempo incômodo no jogo são seus circuitos temporários. Como é um jogo que trabalha com alguns eventos temporários, como o recém-acabado evento de aniversário, há um sistema de competições/circuitos rotativos, que acontecem de quando em quando: alguns a cada dezenas de minutos, outros a cada hora, em especial nos fins de semana, em que os eventos e rotações acontecem com mais frequência.

Os eventos mais difíceis demoram mais para acontecer e custam mais tickets para participar. O fato de ter que esperar muito tempo entre cada partida em competições mais difíceis e desafiadoras é frustrante, visto que todas as categorias, tirando eventos temporários talvez, poderiam ser fixas, tal como o modo F-Zero 99.

Atualizações e escutando os jogadores


Outro detalhe interessante é modo como as atualizações têm, não apenas mantido o jogo vivo ou corrigido eventuais problemas e bugs. De elementos cosméticos até novos modos, F-Zero 99 mostra que veio para ficar. Acabei ficando um tempo afastado do jogo após os primeiros meses do lançamento, mas ao retornar notei que novos elementos haviam surgido, entre eles a tão pedida possibilidade de criar partidas privadas, para podermos competir contra nossos amigos. Outra mudança foi no modo Team Battle, que dividia os jogadores em dois grupos, mas hoje divide a disputa em 5 times de dez jogadores, o que na minha opinião deixou o modo mais divertido.

Falta agora adicionarem mais veículos, quem sabe alguma nave baseada naquelas dos jogos 3D da franquia.

Nostalgico, mas com novidades

F-Zero 99 é uma prova de que a Nintendo ainda pode inovar com suas franquias clássicas, dando um belo golpe de nostalgia com a trilha sonora clássica e visuais que simulam o Mode7 do game original, oferecendo uma experiência nova e emocionante que respeita o legado da série, ao mesmo tempo em que traz algo completamente novo para a mesa. Se você é fã da franquia e está esperando por um novo lançamento para a atual ou nova geração de consoles Nintendo, não vou dizer que F-Zero 99 "não é o que esperavamos, mas o que ganhamos", pois ele por si só um ótimo jogo e capta o que o espírito de F-Zero e é uma adição obrigatória à sua coleção de jogos do Switch.

Prós:

  • Fator competitivo extremamente divertido e viciante;
  • O jogo não sofre muitas quedas ou instabilidade de conexão com os servidores;
  • É extremamente nostálgico, mas também inovador;
  • Atualizações constantes e adição de elementos pedidos pelos jogadores.

Contras:

  • A rotação de competições é demorada;
  • Falta de mais veículos.

F-Zero 99 —Switch — Nota: 8
 
Revisor: Cristiane Amarante

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Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
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