O arroz com feijão dos modos
Inspirado em grandes clássicos do gênero, Blazing Strike adota o tradicional formato 1 vs 1. Como de praxe, temos opções para um jogador só enfrentar personagens controlados pela máquina ou encarar adversários controlados por outro jogador.
Os dois primeiros modos são focados estritamente na experiência single player. O primeiro tenta oferecer uma visão do mundo em que os personagens estão inseridos, enquanto o segundo replica a estrutura dos arcades de combates consecutivos de forma mais direta.
Já o modo Vs permite disputas casuais ágeis contra amigos ou a CPU. Com apenas as opções “Quick Match” e “Lobby Play”, o Online acaba sendo limitado ao mesmo funcionamento, já que não há rankings, nem uma estrutura mais robusta que valorize o uso do modo.
Uma história em ruínas
No modo História, temos uma espécie de história em quadrinhos animada. Nela, são apresentados os contextos de vida de alguns personagens, mas a estrutura é linear e um tanto limitada. O foco é bem direto, não dando abertura para explorar mais a fundo alguns deles.Além de todos esses pontos, é ainda mais grave o fato de que o texto avança de forma absurdamente lenta. Esse problema chega a ser impressionante e fazer com que seja muito difícil gastar o tempo para efetivamente acompanhar tudo em vez de apenas apertar skip para chegar à próxima sessão de pancadaria.
É uma pena, porque as ilustrações em si são bem empolgantes e a trama não é necessariamente ruim, mas é muito difícil aproveitar o modo com esses problemas. Da mesma forma, os ambientes do jogo são muito bonitos e a trilha sonora funciona muito bem para dar a sensação de uma experiência retrô de luta em um mundo futurista.
Combos e truques
O cerne de um jogo de luta são os seus sistemas de combate. Nesse ponto, Blazing Strike acerta ao oferecer uma ótima variedade de personagens jogáveis que não são apenas rostinhos bonitos — e olha que os designs deles são bem detalhados e estilosos —, mas opções realmente diversas de estilo.Alguns lutadores podem ser mais ágeis ou causar mais dano, outros possuem mais alcance do que a média. Há ainda aqueles cujo estilo mais técnico pode ser bastante complicado para um novato. Inicialmente, temos acesso a 14 personagens, mas é possível desbloquear outras opções após concluir o modo História.
Em particular, o jogo conta com uma barra de especial e outra de Rush. Enquanto a primeira permite o uso de golpes bastante poderosos, a segunda é uma forma de alterar o estado do personagem para que ele possa ter acesso temporário a golpes e movimentos adicionais em combate.
De forma geral, temos uma boa variedade de ações e um combate de luta cujos recursos vão agradar aos fãs do gênero, apesar da simplicidade dos modos. Para jogadores mais casuais e novatos, a dificuldade de entrada pode ser bem alta, pois os comandos e as mecânicas estão longe de ser triviais ou óbvios.
Para piorar a situação, não há um bom tutorial ou explicações claras sobre as mecânicas. Temos apenas uma lista de golpes no menu de pausa e o “treinamento”, que permite ver a hitbox dos oponentes e testar combos com indicação dos botões utilizados.Aspectos extras
Indo além do combate e dos modos, é importante destacar que a navegação pelos menus de Blazing Strike é bastante ruim e merecia mais trabalho. O que mais me incomodou é que, uma vez dentro da seleção de personagens, não é possível voltar sem começar uma partida primeiro para só depois voltar utilizando o menu de pausa.Durante o combate também não é possível ajustar os controles no menu, sendo necessário voltar ao início; porém, mesmo lá temos uma limitação que só deixa utilizarmos os gatilhos da frente e os botões para designar as ações de combate. Embora a escolha tenha em mente a possibilidade de usar o Joy-Con deitado (tendo apenas SR e SL), é uma restrição considerável.
Curiosamente, também encontrei um bug que transformou meus controles em Player 1 e Player 2 por estar com eles desconectados quando fui ajustar as configurações. Eu só estava jogando na TV e não pretendia usá-lo para dois jogadores, então achei um erro bem curioso. Outro bug que encontrei manteve meu inimigo deitado no modo treino e me impossibilitou de sair dele, o que me forçou a fechar o aplicativo.
Por fim, gostaria de destacar que é possível escolher entre quatro opções de filtro gráfico. Por padrão, é aplicado um filtro que simula a tela de um arcade, mas também há duas opções de TVs antigas e a versão HD, que é mais “limpa” por não usar nada disso. Todas são formas interessantes de aproveitar os belos visuais do jogo.
Um golpe de impacto limitado
Blazing Strike é um jogo de luta que tem potencial para ser melhor do que a sua apresentação. Embaixo de suas várias limitações, temos um combate verdadeiramente divertido, personagens variados e charmosos e uma ambientação envolvente que merecem brilhar mais do que o que temos aqui no momento.
Prós
- O design de personagens e as ilustrações são vibrantes e demonstram riqueza em detalhes;
- Boa variedade de personagens jogáveis com diferentes estilos de combate;
- Possibilidade de alterar os gráficos com filtros que simulam monitores antigos;
- Trilha sonora e cenários de alta qualidade que conseguem passar a sensação de clássicos do gênero ao mesmo tempo que reforçam a sua ambientação futurista.
Contras
- Modo história limitado, absurdamente lento e com uma direção audiovisual fraca;
- O online limitado a partidas casuais reduz consideravelmente o apelo do modo;
- A dificuldade de executar combos e a complexidade das mecânicas e comandos podem fazer as partidas serem menos atrativas do que outros títulos do gênero, especialmente para novatos;
- Menus de navegação ruins;
- Ajustes de controle bastante limitados e um bug que altera os Joy-Con para o formato de dois jogadores.
Blazing Strike — Switch/PC/PS4/PS5 — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aksys Games