Análise: Paper Ghost Stories: Third Eye Open é uma aventura narrativa intrigante e imersiva

Com visuais encantadores e uma trama envolvente, a Cellar Vault Games nos presenteia com um título marcante.

em 13/09/2024
Desenvolvido pela Cellar Vault Games e publicado pela Chorus Worldwide Games para Switch e diversas outras plataformas, Paper Ghost Stories: Third Eye Open é uma aventura narrativa que nos permite vivenciar momentos cruciais da infância de uma menina capaz de ver fantasmas. Misturando questões cotidianas com toques de terror inspirados em lendas da Malásia, o jogo entrega uma experiência envolvente e, por vezes, perturbadora.

A pequena Ting

Em Paper Ghost Stories, acompanhamos a história de Ting, uma menininha bastante tímida e que enfrenta algumas dificuldades para socializar. Ao se mudar para uma nova casa com seus pais, ela faz amizade com Xiu, o espírito de uma garota.

Conforme a trama se desenrola, vemos os desafios enfrentados por Ting devido à sua habilidade de ver fantasmas, o que resulta em mal-entendidos e faz com que os os adultos acreditem que sua amiga é apenas fruto de uma imaginação fértil.

O enredo de Third Eye Open é profundamente imersivo, abordando temas sérios como alcoolismo e violência doméstica. Infelizmente, o título não conta com legendas em português, o que naturalmente limita o alcance da obra, considerando o seu grande foco em textos.

Entre o cotidiano e o sobrenatural

A campanha de Paper Ghost Stories é dividida em capítulos e abrange cinco anos da vida de Ting, retratando momentos importantes, como a conquista dos primeiros amigos na escola, as dificuldades de adaptação em um novo colégio e o constante sentimento de incompreensão por parte daqueles ao seu redor, que não acreditam no seu dom.

Enquanto a mãe de Ting é afetuosa e compreensiva, seu pai se mostra rígido, frequentemente brigando com ela e tratando suas visões como meras fantasias. Além disso, esses indivíduos também carregam seus próprios dramas, que são habilmente explorados ao longo da narrativa.

Por sua vez, Xiu é uma personagem igualmente carismática, carregada de emoções e dilemas. Embora deseje ajudar a protagonista, sua condição de fantasma a impede de agir efetivamente, levando-a a questionar sua própria utilidade.

Além dos desafios comuns, Ting também acaba se envolvendo com o mundo dos espíritos ao explorar uma casa abandonada com outras crianças. O resultado dessa brincadeira inocente a persegue nos anos seguintes, levando-a a acreditar que alguns dos problemas enfrentados no lar são consequência dessa ação.

O jogo faz uma excelente mistura de elementos sobrenaturais inspirados em lendas da Malásia com questões cotidianas, criando uma relação de codependência entre ambos. Embora o talento da protagonista seja extraordinário, os dramas que ela e os demais indivíduos enfrentam são bastante reais, o que torna a história crível e cativante.

Como ressalva, existem alguns pontos envolvendo fantasmas que são resolvidos de forma um pouco abrupta. Além disso, há uma ou outra questão que creio que mereciam mais tempo e poderiam ter sido melhor exploradas, como o passado de Xiu, que nos é apresentado de uma maneira corrida e sem muito impacto. 

Momentos de interação

Como uma aventura narrativa, Paper Ghost Stories foca majoritariamente em sua trama, resultando em muito mais situações de diálogos do que de ação. No entanto, o jogo oferece alguns puzzles e elementos interativos em formato de Quick Time Events, o que pode agradar a quem costuma se entediar com obras tão focadas em textos.

Controlamos Ting a partir de uma perspectiva tridimensional em terceira pessoa, com a câmera mudando de ângulo em diversas ocasiões. Além de caminhar e interagir com personagens e objetos, há um botão que abre um diário, no qual são organizados os objetivos atuais e os já concluídos.

Com respeito aos momentos de interação, temos algumas atividades que são simples, mas que se encaixam bem dentro de cada contexto apresentado, como descascar legumes para preparar uma sopa, montar espetinhos para assar ou resolver problemas de matemática na escola.

Third Eye Open também inclui algumas circunstâncias de stealth, nas quais precisamos atravessar ambientes sem sermos vistos por pessoas ou fantasmas. De modo geral, o nível de desafio é baixo, o que considero um ponto positivo para obras desse tipo, pois assim a história pode fluir de maneira mais direta.

Para finalizar, é muito importante destacar que o visual do título é um de seus aspectos mais fascinantes. Aqui, os personagens e cenários são criados com recortes de papel, similar ao estilo da série Paper Mario. Essa abordagem resulta em uma construção visual rica em detalhes, tornando o mundo de Paper Ghost Stories extremamente agradável aos olhos.

Uma belíssima obra

Paper Ghost Stories: Third Eye Open é uma experiência única que combina habilmente o sobrenatural com temas humanos e cotidianos. Com uma narrativa envolvente, personagens profundos e um estilo visual encantador, o jogo se destaca como uma obra sensível e emocional, além de ser mais uma adição de qualidade ao catálogo do atual console da Nintendo.

Prós

  • História intrigante e bem-construída, misturando com eficiência o sobrenatural com temas humanos e cotidianos;
  • A maioria dos personagens são interessantes e bem desenvolvidos, com dilemas e dramas que adicionam profundidade à trama;
  • A estética de recortes de papel é rica em detalhes e extremamente agradável aos olhos;
  • As situações que apresentam atividades interativas, como os momentos de stealth e de resolução de puzzles, se encaixam bem no contexto do jogo e podem agradar aos jogadores que costumam se entediar com obras tão focadas em textos.

Contras

  • Algumas situações ou arcos, como o passado de Xiu, são resolvidos de forma abrupta ou apressada, deixando algumas lacunas na narrativa;
  • Ausência de legendas em português.
Paper Ghost Stories: Third Eye Open — PC/PS5/XSX/Switch —  Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Chorus Worldwide Games

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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