Análise: Fitness Boxing feat. HATSUNE MIKU: uma maneira divertida para entrar em forma ao som de Vocaloid

Mais um divertido crossover da série de exercícios chega antecipadamente ao Switch, mas deixa a desejar em alguns aspectos.

em 15/09/2024

Fitness Boxing e Fitness Boxing 2: Rhythm & Exercise compõem uma série que está sempre à procura métodos de se reinventar no mercado para atrair cada vez mais pessoas à rotina de exercícios dentro de casa. Depois de um inusitado crossover com Hokuto no Ken (Fist of the North Star), chegou a vez da galera de Vocaloid se reunir em Fitness Boxing feat. HATSUNE MIKU para oferecer sessões leves e descontraídas de “socos no ar”, em especial para quem nunca teve contato com a série.

Aquele aviso básico antes de começar

Antes de mais nada, quero dizer que este é meu primeiro contato com a série Fitness Boxing como um todo. Sim, minha desculpa para me interessar neste jogo foi a presença dos Vocaloids clássicos — Miku, Luka (minha favorita até hoje), Rin e Len —, embora eu já tivesse a intenção de procurar algum título focado em exercícios para tentar quebrar o sedentarismo da minha rotina há um tempo.

Posso não ser mais a mesma fã de Vocaloid que fui anos atrás, mas os personagens coloridos da franquia ainda me chamam a atenção de tempos em tempos, bem como suas músicas, que abrangem os mais diferentes temas e estilos. Confesso que me senti um pouco decepcionada ao ver que Miku e seus amigos não são os instrutores, mas sim nossos parceiros que aparecem em tela e ficam mostrando os movimentos que devemos realizar. 


Mesmo assim, existe aquele apelo clássico de ter (possivelmente) seu Vocaloid favorito acompanhando sua rotina de treino, te desejando boa sorte e soltando frases de incentivo aqui e ali. Com toda a minha sinceridade, a privacidade de não ter que lidar com pessoas reais também fez com que eu me sentisse bem mais confortável em me adaptar à rotina dos exercícios, sem medo de errar o timing das ações ou não conseguir seguir o ritmo das músicas logo de cara.

Claro, em nenhum momento Fitness Boxing feat. HATSUNE MIKU substitui um treino real com instrutores de carne e osso, e este é o principal aspecto ao qual devemos nos atentar ao realizar os exercícios. No entanto, com meu dia a dia miseravelmente apertado, ainda mais em um semestre no qual minha dedicação está praticamente voltada à elaboração da minha monografia de conclusão de curso na faculdade, a “gameficação” dos exercícios em um jogo de ritmo caiu como uma luva, tendo também se refletido na minha saúde como um todo — mas este é um assunto para uma série de textos que pretendo começar, tudo dando certo, no próximo dia 18 de setembro.

Sessões customizadas

Com os avisos dados, é hora de entrar na avaliação do jogo em si. O primeiro contato com Miku nos leva a um tutorial bem simples do que nos aguarda em nossas sessões, seguido de uma tela na qual devemos preencher alguns dados pessoais para que o jogo possa nos auxiliar com as rotinas diárias de exercícios e fazer a estimativa de queima de calorias com cada série do treino diário (Daily Training), mas podemos mudar essas informações conforme nossas necessidades.

Por exemplo: para me adaptar ao jogo como um todo e tentar perder um pouco de peso, escolhi a modalidade Get Moving, cujos exercícios focam em queimar calorias, porém existem as opções de treinos mais intensos para criar resistência física (Stamina) ou mais leves, focados em manter o corpo em forma (Maintenance). Ainda, podemos determinar quais partes do corpo queremos exercitar no treino diário, o que é bastante legal se não temos tempo e dinheiro para investir em academia e instrutores reais.


Agora, é muito curioso eu estar tão motivada a voltar a me movimentar que nem percebi que precisava desbloquear outros combos de movimentos no modo livre (Free Training) antes. É aqui também que podemos ter acesso apenas às rotinas de alongamento e ao modo inédito do jogo, o Miku Exercise, no qual executamos os movimentos ao ritmo das músicas de Vocaloid — infelizmente, não temos como customizar sessões nesta modalidade, que funciona apenas como um jogo de ritmo.

Existem três dificuldades para as sessões: peso-leve (lightweight), peso-médio (middleweight) e peso-pesado (heavyweight). Embora não sejam exclusivas do modo livre, podendo ser escolhidas também no treino diário, senti que elas foram bem mais aproveitadas por mim na hora de desbloquear os novos combos e montar uma rotina mais voltada ao meu ânimo — só para ilustrar, na sexta-feira, preferi focar mais nas manobras defensivas em vez de socos, só para manter meu corpo em movimento. 

Um pouco fora de ritmo

Embora traga movimentos típicos do boxe, como jabs, diretos e ganchos, entre outros, esta colaboração com Vocaloid é muito mais um jogo de ritmo do que um treino de boxe propriamente dito. Existem inúmeros incentivos em manter uma frequência diária, especialmente em relação à pontuação que recebemos ao fim de cada sessão e às conquistas in-game, mas também algumas falhas que são difíceis de ignorar.

Focando nos pontos positivos, quanto mais nos dedicarmos a levar a sério as sessões de treino, mais pontos recebemos, bem como mais conquistas desbloqueadas. Com esses pontos, podemos aumentar o repertório de músicas (tanto as de Fitness Boxing quanto as de Vocaloid) e comprar novas roupas para os personagens.


Em contrapartida, esse sistema também traz um fator de grinding que não casa bem com a proposta do jogo em si. Até agora, não entendi por que só consigo liberar Rin após jogar dez vezes no modo livre com Miku, ainda mais quando temos quatro parceiros de exercícios; tudo bem, ela foi a primeira Vocaloid criada e é quem dá nome à colaboração, mas me parece uma escolha muito arbitrária precisar alcançar conquistas voltadas à Miku para desbloquear músicas e novos parceiros.

Por falar em músicas, as de Vocaloid são escassas, apesar de boas, e ficam bloqueadas no modo Miku Exercise. Já foram anunciados alguns pacotes DLC para o jogo, então é possível que tenhamos mais músicas sendo adicionadas aos poucos, mas a experiência base pode perder a graça rapidamente neste início de lançamento se você focar apenas na proposta do crossover.


Outra crítica que tenho a fazer a esse sistema de grinding é que, depois de adquirir todas as roupinhas e músicas, acabamos ficando com um excesso de pontos e não há mais nada que possamos fazer com eles. A Imagineer, desenvolvedora do jogo, realmente perdeu a possibilidade de incluir mais fundos à loja in-game, pois os quatro ou cinco presentes conseguem enjoar mais que as músicas em si.

Por fim, os sensores de movimento dos Joy-Con não são refinados o bastante para monitorar se estamos, de fato, repetindo os movimentos corretamente. Em mais de uma vez, mesmo que por acidente (porque me atrapalhei em algumas sessões devido à quantidade de movimentos seguidos), percebi que tanto faz realizar um direto ou um gancho, independentemente do movimento mostrado na tela — e constatei o mesmo com as manobras defensivas. Adicionalmente, também senti que nem sempre os exercícios acompanham o ritmo das músicas, o que acaba prejudicando a ideia de jogo de ritmo como um todo.

Vamos nos exercitar com Miku e seus amigos?

Fitness Boxing feat. HATSUNE MIKU não substitui uma rotina real de treinos, ainda mais de boxe, mas tentar seguir os movimentos e o ritmo à risca nos ajuda a suar a camisa, sem dúvida alguma.

Existem algumas falhas que não podem ser ignoradas, é verdade, e talvez os jogos principais da série Fitness Boxing (especialmente o segundo) sejam bem mais completos que este crossover com Vocaloid em termos de sessões de exercício e customização de instrutores. No entanto, para quem prefere o conforto do lar e de avatares virtuais na hora de se exercitar, seja por qual for o motivo, esta é uma boa pedida para manter o corpo em movimento mesmo se sua rotina não lhe permitir visitar a academia com frequência.

Ilustração de DSmile

Prós

  • Boa variedade de exercícios, especialmente para quem nunca teve contato com Fitness Boxing antes (como é meu caso);
  • Apesar de poucas, as músicas de Vocaloid presentes no jogo trazem clássicos atemporais, como Just Be Friends, e lançamentos mais recentes, e alcançam diferentes gêneros musicais;
  • Existem incentivos in-game para jogar diariamente e as sessões podem ser customizadas para serem encaixadas até nas agendas mais apertadas;
  • Por ser um jogo de ritmo, há garantias de que nunca ficaremos sem nos movimentar durante os treinos;
  • Possibilidade de configurar intensidade, propósito e dificuldade dos treinos, além de focar em diferentes partes do corpo durante as sessões;
  • As sessões de alongamento individuais são excelentes para relaxar o corpo, especialmente para quem leva uma rotina sedentária;
  • A pontuação obtida ao concluir as sessões de treino serve para comprar roupas para os personagens e também novas músicas para os treinos.

Contras

  • O grinding para desbloquear personagens, músicas, roupas e até mesmo exercícios não funciona muito bem em um jogo deste tipo;
  • Poucas músicas de Vocaloid se comparadas às originais da série Fitness Boxing, mesmo com DLCs já anunciados;
  • O sensor de movimento não é preciso, contabilizando qualquer movimento em vez do que é mostrado na tela;
  • A limitação de fundos disponíveis durante as atividades, sem possibilidade de adquirir novos por meio da loja in-game, deixa os cenários repetitivos em pouco tempo;
  • Miku, Luka, Rin e Len são apenas parceiros de exercícios, não substituindo os instrutores originais de Fitness Boxing (Rin e Evan);
  • O modo inédito, Miku Exercise, é o único que utiliza as músicas de Vocaloid, mas não permite a customização de rotina de exercícios;
  • Nem sempre os exercícios acompanham o ritmo das músicas, o que vai de encontro à proposta de um jogo de ritmo.
Fitness Boxing feat. HATSUNE MIKU — Switch — Nota: 7.5
Revisão: Davi Sousa
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida por Aksys Games
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Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
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