Análise: Elsie: desastres naturais e robôs em um roguelike competente

Desenvolvido pela Knight Shift Games e publicado pela Playtonic Friends para o Nintendo Switch e outros sistemas, Elsie é um jogo que mistura ação, roguelike e plataforma side-scrolling. Apesar de algumas ressalvas, trata-se de um título interessante que consegue fornecer algumas boas horas de diversão.

Elsie, a última androide

A história de Elsie se passa no planeta Ekis, um mundo constantemente assolado por desastres naturais. Nesse cenário perigoso, uma cientista chamada Dra. Grey desenvolveu androides extremamente poderosos, conhecidos como Guardiões, cuja missão era conter as forças da natureza e manter a ordem.

No entanto, sem qualquer tipo de aviso ou explicação, os Guardiões desapareceram, desencadeando catástrofes naturais devastadoras e o surgimento de um exército de robôs que começaram a atacar as cidades. Em razão desse estranho acontecimento, a Dra. Grey cria uma última androide, chamada Elsie. Sendo assim, cabe ao jogador guiar a robô em uma jornada desafiadora, enfrentando hordas de robôs enquanto procura pelos Guardiões desaparecidos e desvenda o que realmente aconteceu.

Embora a trama de Elsie seja simples, ela funciona bem dentro do contexto do jogo, apresentando alguns personagens carismáticos e diálogos interessantes, todos dublados em inglês. Além disso, o título está totalmente legendado em português, o que torna a experiência mais acessível.

Ágil e divertido, mas com ressalvas

Como mencionado, Elsie combina elementos de ação, roguelike e plataforma side-scrolling. No controle da androide, o jogador pode correr, pular, atirar, aparar ataques e utilizar golpes especiais que, assim como os ataques padrão, variam conforme o tipo de arma equipada.

No geral, os comandos são bem responsivos, o que, aliado à agilidade da protagonista e dos inimigos, proporcionam uma jogabilidade dinâmica e fluida. Outro destaque são os chefes, que incluem alguns claramente inspirados em bosses da franquia Mega Man, especialmente da série X. Esses encontros exigem a memorização dos padrões de ataque, resultando em batalhas desafiadoras e gratificantes.

A despeito desses méritos da jogabilidade, os movimentos de parry e o equivalente ao salto duplo são desnecessariamente complexos. No primeiro caso, é necessário pressionar o botão correspondente no momento exato, esperar o preenchimento de um círculo e, em seguida, apertar o botão novamente. Esse processo torna essa ação lenta, destoando da boa velocidade do restante do jogo.

Já o salto duplo depende de pequenas esferas espalhadas pelos cenários, que devem ser usadas para realizar um segundo impulso. Para isso, o jogador precisa executar um ataque imersivo, pressionando o botão de pulo e o direcional para baixo ao mesmo tempo. No entanto, o tamanho reduzido das esferas e o uso de dois botões simultâneos aumenta bastante a chance de erro, o que acaba gerando frustração em certas seções de plataforma.

O fator roguelike

Como um roguelike, Elsie apresenta um ciclo em que o jogador avança pelas fases, coleta aprimoramentos e, ao morrer, perde todo o progresso. Durante a jornada, também é possível resgatar alguns personagens que se mudam para o lobby e passam a oferecer serviços, como a produção de alimentos que concedem buffs, desbloqueio de diferentes equipamentos ou a reparação de máquinas que podem ser usadas para descanso durante as missões.

Um aspecto interessante é que, ao derrotar inimigos, o jogador sobe de nível e pode escolher entre várias melhorias. Além disso, esses upgrades surgem em pontos específicos das fases, nos quais é preciso eliminar todos os adversários da área para prosseguir.

Graças à diversidade de armas e poderes, bem como aos talentos passivos que podem ser combinados em cada corrida, a repetição permanece interessante no que diz respeito à construção de diferentes builds. No entanto, o número limitado de inimigos comuns, aliado à repetição dos layouts das fases e dos elementos de plataforma, pode acabar gerando uma sensação de monotonia com o tempo.

Além das melhorias adquiridas durante as fases, que são perdidas ao morrer, é possível usar materiais obtidos dos inimigos para adquirir aprimoramentos permanentes nos comércios disponíveis no lobby. Vale destacar que algumas dessas aquisições são obrigatórias para avançar na campanha principal.

Embora não seja muito longo, Elsie oferece um nível de desafio agradável e inclui elementos que podem atrair jogadores com um senso complecionista. Além da oportunidade de maximizar todas as melhorias e completar as conquistas que o jogo oferece em um sistema próprio, o título nos convida a jogar a campanha com um segundo personagem, o qual é especializado em ataques corpo a corpo.

Para finalizar, é importante mencionar que durante a minha experiência com o game, enfrentei alguns bugs e quedas de desempenho em sessões prolongadas, especialmente em fases com muitos adversários e em situações em que a personagem era capaz de realizar diversos disparos simultâneos.

Vale a pena se aventurar em busca dos Guardiões

Com uma trama simples, porém eficaz, e uma jogabilidade dinâmica, Elsie entrega uma experiência tanto divertida quanto desafiadora, apesar de possuir algumas ressalvas difíceis de ignorar, como os problemas de desempenho em sessões prolongadas e a dificuldade de utilizar as mecânicas de aparar e de salto duplo.

A diversidade de armas e de habilidades, combinada com o ciclo de repetição característico dos roguelikes e com os combates desafiadores contra chefes, mantém o nosso interesse em continuar jogando e nos incentiva a experimentar diferentes builds. Além disso, o título oferece considerável conteúdo opcional para quem quiser ir além da campanha principal.

Prós

Os controles responsivos e a fluidez na ação garantem uma experiência divertida;
A diversidade de armas e de talentos passivos permite a criação de diferentes builds;
Os combates contra chefes são desafiadores, exigindo a memorização de padrões;
O jogo oferece várias tarefas e objetivos secundários que podem atrair jogadores com senso complecionista;
Legendado em português.

Contras

O parry e o salto nas esferas são desnecessariamente complicados, o que acaba gerando frustração;
O número limitado de inimigos e a repetição dos layouts das fases podem levar a uma sensação de monotonia;
O jogo apresenta bugs e quedas de desempenho durante sessões prolongadas, especialmente em situações com muitos inimigos e disparos simultâneos.