Gêmeos da Ampulheta, a fascinante dupla de Outer Wilds

O sistema binário é um dos exemplos de toda a genialidade empregada no jogo.

em 04/08/2024
Outer Wilds é, certamente, um dos títulos mais singulares disponíveis na vasta biblioteca do Nintendo Switch, proporcionando ao jogador a oportunidade de explorar livremente um incrível sistema planetário. Entre os extraordinários planetas presentes no game, temos os Gêmeos da Ampulheta, uma dupla curiosa que nos convida e desafia a analisar e lidar com o tempo de formas distintas.


Antes de qualquer coisa, como já foi mencionado em nossa análise, é preciso lembrar que Outer Wilds é um jogo de aventura e exploração espacial cujo grande mérito está atrelado à descoberta de seus inúmeros segredos. Sendo assim, embora tenhamos feito o possível para não revelar grandes spoilers neste texto, recomendo fortemente que a primeira jogada seja sem nenhum tipo de conhecimento prévio. Aviso dado, vamos ao artigo.

Uma verdadeira ampulheta

Os Gêmeos da Ampulheta, Cálido e Cinzento, são dois planetas que orbitam entre si e influenciam um ao outro O nome dessa dupla não poderia ser mais perfeito, pois a atração gravitacional cria um fenômeno no qual a areia de um astro passa para o outro, replicando uma dinâmica extremamente semelhante à de uma ampulheta. Como estamos presos em um looping temporal, temos tempo suficiente apenas para ver o irmão Cálido ser preenchido.

Logo de cara, o aspecto visual acaba impressionando bastante aqui, já que observar essa atividade acontecendo em tempo real e sem nenhum tipo de carregamento (o loading ocorre apenas no início de cada intervalo) é simplesmente fascinante, especialmente se considerarmos as conhecidas limitações do Nintendo Switch. 

Além disso, ao longo de um ciclo, cada um desses dois planetas sofre uma mudança radical em sua geografia, fazendo com que determinados ambientes se tornem acessíveis ou inacessíveis à medida que os minutos passam e entregando ao jogador dois tipos diferentes de desafio.

Correndo contra o tempo 

O Gêmeo Cálido é um mundo árido de cor avermelhada que possui um gigantesco cânion, o qual é preenchido gradativamente pela areia recebida do Gêmeo Cinzento. Como todos os outros corpos celestes presentes no jogo, este astro está repleto de segredos a serem descobertos.




Uma das principais características do Cálido é o fato de conter um gigantesco sistema de cavernas interconectadas, que levam o jogador à Cidade do Acaso, um antigo e grandioso assentamento Nomai. Como não poderia ser diferente, neste local há muitos registros deixados por esse povo fascinante, alguns dos quais são essenciais para alcançar os créditos finais e também para chegar a um local que é completamente opcional, mas quase apoteótico.

No Gêmeo Cálido, enfrentamos uma verdadeira corrida contra o tempo, pois a areia que ele recebe vai preenchendo as trilhas das cavernas e a própria Cidade do Acaso, impedindo o nosso acesso a esses locais. 

É importante mencionar que esse assentamento é composto por diversos distritos posicionados verticalmente. Como o abarrotamento naturalmente se inicia de baixo para cima, alguns pisos inferiores requerem bastante agilidade do jogador para ser acessados, o que provavelmente exigirá pelo menos algumas tentativas para que todas as informações sejam coletadas.

A paciência é uma virtude

Por sua vez, o Gêmeo Cinzento é um planeta que, no início do ciclo, não conta com nenhum ponto de interesse, sendo apenas um mundo completamente coberto por areia. No entanto, à medida que o looping avança, grandiosas estruturas Nomai em formato de torres conectadas vão sendo desenterradas.

Além de mostrar mais uma vez toda a engenhosidade do povo Nomai, essas construções funcionam como teletransportadores para vários locais desse sistema planetário, inclusive para um edifício importantíssimo encontrado nesse próprio astro, o qual é um dos pontos obrigatórios para chegarmos ao final do jogo.




Diferentemente do Gêmeo Cálido, no qual devemos sair às pressas do Recanto Lenhoso para chegar o mais rápido possível e investigar o máximo antes do planeta ser preenchido por areia, no Gêmeo Cinzento, devemos esperar até que suas principais áreas se tornem acessíveis, o que naturalmente faz com que sua exploração só seja possível em momentos mais avançados do looping.

É completamente normal aceitar a morte da estrela local em Outer Wilds e aprender um pouco mais sobre o todo a cada novo lapso, às vezes levando vários períodos para explorar apenas um único astro. No entanto, graças ao seu funcionamento, os Gêmeos da Ampulheta permitem e convidam o jogador a percorrer áreas dos dois ambientes dentro de um mesmo intervalo.

Apenas um exemplo do brilhantismo do jogo

Uma das belezas de Outer Wilds está em como ele nos faz aceitar o tempo não apenas como um desafio, mas também como um aliado em nossa jornada para desvendar os segredos do povo Nomai e do próprio cosmos. Assim, cada ciclo é uma nova chance de aprendizado, permitindo-nos avançar um pouco mais em direção à verdade.

Nessa perspectiva, os Gêmeos da Ampulheta exemplificam a engenhosidade dos desenvolvedores de Outer Wilds, no qual cada um dos planetas utiliza o mesmo conceito de tempo de uma maneira distinta, levando o jogador a alternar entre a agilidade para não desperdiçar oportunidades e a paciência para esperar o momento certo.

Revisão: Davi Sousa

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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