Impressões: Emio - The Smiling Man: Famicom Detective Club: uma demo feita para aumentar o hype

em 28/08/2024

Ainda bem que o lançamento de Emio - The Smiling Man: Famicom Detective Club é nesta quinta-feira. Digo “ainda bem”, pois a demo com os trê... (por Juliana Paiva Zapparoli em 28/08/2024, via Nintendo Blast)


Ainda bem que o lançamento de Emio - The Smiling Man: Famicom Detective Club é nesta quinta-feira. Digo “ainda bem”, pois a demo com os três capítulos iniciais do jogo, estes lançados a conta-gotas, só aumentou o hype por esta nova entrada da série Famicom Detective Club.


Com uma trama mais sombria e factual, o caso do homem sorridente parece ser uma ótima pedida para fãs de um gênero que praticamente sumiu dos consoles. E não tem problema se você nunca jogou The Missing Heir e The Girl Who Stands Behind, ou se nunca ouviu falar em Famicom Detective Club como um todo, porque este terceiro título da série não tem nenhuma ligação com os antecessores — a não ser alguns personagens recorrentes, mas sugiro que você leia meu texto de expectativas para entender mais do que abordo a seguir.

“Eu posso te dar um sorriso permanente”

O corpo de Eisuke Sasaki, um estudante de 15 anos, foi encontrado em um entulho próximo a uma densa floresta. No pescoço do garoto, indícios de estrangulamento; em sua cabeça, um velho saco de papel com um sinistro sorriso desenhado nele. No entanto, temos muitas perguntas e nenhuma resposta, ainda mais quando a morte do estudante parece estar ligada à lenda urbana de Emio, o homem sorridente.

18 anos antes do caso que devemos solucionar, um assassino trajando um sobretudo e um saco de papel na cabeça tinha prazer em matar garotas adolescentes por estrangulamento. E, assim como aconteceu com o estudante encontrado morto, as vítimas de Emio sempre tinham um saco de papel na cabeça.



Porém, há algumas divergências entre o caso que devemos investigar e os crimes do homem sorridente. A primeira e mais importante delas é que a vítima da vez é um garoto; depois, vem o modus operandi: Emio sempre estrangulava suas vítimas com as mãos, enquanto o pescoço do garoto possui marca de corda (ou outro instrumento para o mesmo propósito).

E tem mais: além de ter sido arquivado, o caso de Emio de 18 anos atrás nunca veio a público na íntegra, pelo menos não pela polícia. Então, como o novo homem sorridente saberia o método utilizado pelo criminoso original?

Estamos lidando apenas com um imitador? Ou o serial killer está de volta com novos métodos?

Direto ao ponto? Nem tanto

Como você pode ter percebido, Emio segue a mesma fórmula narrativa dos jogos anteriores: todo o caso nos é jogado de uma vez, mas sempre com peças faltantes. E de novo assumindo o papel de assistente de detetive particular, nossa missão é descobrir quem matou o pobre Eisuke.

Para isso, precisamos conversar com pessoas e visitar lugares que podem estar relacionados com o caso em questão, como em um típico jogo de aventura textual com elementos de point-and-click. Contudo, lembra que eu comentei que a narrativa da série Famicom Detective Club sempre deixa pontas soltas? Pois bem, nos três capítulos que compreendem a demo, já incluí na minha lista duas possibilidades de suspeito.


Ainda, a trama consegue sustentar o mistério ao incluir, pouco a pouco, pessoas que estão ligadas, direta ou indiretamente, ao caso de Emio. Infelizmente, até o final do capítulo 3, nenhuma outra vítima tinha sido descoberta, então só pude me perguntar quantas outras vítimas aparecerão ao longo da investigação — e quantas outras mais serão usadas para desviar nosso foco do que realmente importa na trama.

Uma coisa que pude perceber, e que difere um pouco de The Missing Heir e The Girl Who Stands Behind, é o fato de Emio - The Smiling Man parecer ter menos porções de humor para quebrar a tensão. Pode ser uma impressão equivocada minha, mas quero acreditar nas palavras de Yoshio Sakamoto que este será um título muito mais maduro e sombrio em relação aos outros dois da série.

Adições bem-vindas à jogabilidade

Embora a jogabilidade não tenha sido modernizada para ser compatível com a tela de toque do Switch — algo que ajudaria muito nas porções de interação, como ressaltei na análise de The Girl Who Stands Behind — Emio - The Smiling Man adiciona duas mecânicas interessantes. A primeira delas, mais uma ferramenta de qualidade de vida que mecânica em si, é a opção de ligar ou desligar a visibilidade de palavras-chave que dão indícios do que devemos fazer a seguir; essa funcionalidade por si só já é um grande avanço, pois os jogos originais possuíam muitas porções de tentativa e erro.

A nova mecânica é a possibilidade de usar as anotações do caderno para responder a algumas perguntas que aparecem ao longo da trama. Não foram muitas as vezes que presenciei isso acontecer durante a demo, porém torço para que tenhamos mais momentos desse “minijogo” na versão completa.


Outra novidade é que, pela primeira vez, controlamos Ayumi, a parceira do nosso protagonista, durante a investigação. Anteriormente, ela era apenas uma coadjuvante que nos ajudava aqui ou ali dos bastidores.

A jogabilidade tradicional não muda independentemente de qual personagem estamos controlando no momento, porém fiquei com a sensação de que essa alternância de pontos de vista trouxe mais dinamismo à investigação do caso, como se várias ações estivessem acontecendo simultaneamente. De novo, a demo só me permitiu jogar um trecho com Ayumi, mas torço que ela assuma o comando mais vezes.

Audiovisual impecável

Assim como em The Missing Heir e The Girl Who Stands Behind, Emio - The Smiling Man também foi produzido em parceria com a Mages, que já é conhecida no ramo de visual novels. Além de um visual atualizado e bastante charmoso, temos todo o cuidado de sincronização labial e dublagem integral em japonês para todos os personagens, inclusive o senhorzinho que estava escondido em uma plantação de repolhos. 

Infelizmente, o novo caso da Agência de Detetives Utsugi não recebeu localização para o português brasileiro — o que considerei uma grande oportunidade desperdiçada pela Nintendo —, mas pelo menos teremos suporte a outras línguas latinas, como espanhol, italiano e francês; os dois primeiros jogos só podiam ser jogados em japonês ou inglês, então mais opções de idiomas é um avanço.

Contando as horas para o lançamento

A demo de Emio - The Smiling Man: Famicom Detective Club parece ter sido disponibilizada apenas para aumentar o hype em cima de um título inédito para uma franquia adormecida e que o Ocidente só conheceu de verdade em 2021. Se formos levar em consideração o marketing da Nintendo, nem The Missing Heir, nem The Girl Who Stands Behind receberam trailers, teasers ou uma demo sequer; eles só foram lançados e ficamos por isso.

Emio, em contrapartida, parece ser um projeto ambicioso dentro da série à qual pertence. Temos mecânicas novas na jogabilidade e uma “ramificação” na investigação, ora sob o ponto de vista do protagonista, ora sob o de Ayumi. A abordagem mais factual e sombria também ajuda a criar um suspense ainda maior.

Minhas expectativas para o jogo completo são altas, sem dúvidas, e não vejo a hora de descobrir o fim desse novo mistério. Quantas suposições corretas farei ao longo do caminho desta vez? Uma coisa parece certa: o jogo tem de tudo para agradar a fãs de suspense.


Revisão: Vitor Tibério
Texto de impressões produzido com demo disponível na eShop
Siga o Blast nas Redes Sociais

Também conhecida como Lilac, é jornalista e atualmente trabalha com assessoria de imprensa. Fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 3.0).