Análise: WitchSpring R é um RPG encantador, acessível e divertido

O título da KIWIWALKS combina diversas mecânicas para oferecer uma ótima experiência.

em 29/08/2024
Desenvolvido e publicado pela KIWIWALKS, WitchSpring R é um RPG com combate baseado em turnos que traz elementos de fabricação de itens e coleta de criaturas. Com uma trama envolvente, personagens carismáticos e uma jogabilidade sólida, o jogo brilha como mais uma adição valiosa ao catálogo do Nintendo Switch.

Uma bruxinha adorável em um mundo desconhecido

Em WitchSpring R, acompanhamos a jornada de Pieberry, uma pequena e adorável bruxa que vive isolada em uma floresta. Nesse universo, as bruxas são mal vistas, o que força nossa protagonista a se defender constantemente de cavaleiros que desejam caçá-la.

No entanto, sua vida solitária muda ao encontrar um pequeno pássaro chamado Black Joe. Juntos, eles embarcam em uma aventura pelo mundo, levando Pieberry a conhecer outras criaturas e a descobrir mais sobre o passado de sua raça, além das razões por trás do ódio dos humanos.

A narrativa de WitchSpring R é leve e bem-humorada, mas também aborda temas mais delicados e traz algumas reviravoltas interessantes. Além da dupla principal, o jogo apresenta uma gama de personagens cativantes, tanto humanos quanto seres mágicos, muitos dos quais são bem-desenvolvidos e possuem significativa profundidade. Infelizmente, não há opção de legendas em português, o que pode limitar o acesso a alguns jogadores.

Para finalizar sobre o enredo, é importante destacar que WitchSpring é uma franquia de RPGs originalmente lançada para dispositivos móveis, cujos títulos possuem histórias conectadas entre si. Felizmente, WitchSpring R pode ser apreciado sem qualquer conhecimento prévio, já que se trata de um remake do primeiro jogo da série.

Utilizando o caldeirão e evoluindo a bruxinha

Entrando no campo da jogabilidade, WitchSpring R combina diversas mecânicas com maestria, proporcionando uma experiência que, apesar de acessível, oferece inúmeras opções ao jogador, incluindo múltiplos desfechos e bastante conteúdo opcional.

Para facilitar a adaptação, o primeiro capítulo funciona como um tutorial, apresentando gradualmente os diversos sistemas do jogo. Embora essa introdução seja essencial, ela torna o início da campanha um pouco lenta, com o ritmo melhorando significativamente a partir do segundo arco.

Assim como na série Atelier, WitchSpring R dá grande ênfase à fabricação de itens. Usando diferentes matérias-primas coletadas pelo mundo, Pieberry pode criar uma variedade de produtos em seu caldeirão, como bombas, itens de cura e objetos que conferem vantagens em combate.

No que diz respeito ao mundo do jogo, ele é dividido em áreas abertas, que por sua vez são compostas por zonas menores. Conforme avançamos na campanha, novas regiões são desbloqueadas, trazendo materiais inéditos e possibilitando a criação de novas receitas.

Ainda nessa perspectiva, a casa de Pieberry é um local importantíssimo ao qual retornamos com muita frequência, funcionando como uma base onde podemos melhorar armas e criar armaduras, produzir itens consumíveis, descansar para recuperar a energia, salvar o progresso e realizar treinamentos que aumentam diferentes atributos da bruxinha.

Os treinos são apresentados como minijogos simples, mas divertidos, como atirar bolas de fogo em alvos móveis ou pular obstáculos. É importante destacar que essas atividades consomem pontos específicos, os quais se regeneram gradativamente ao longo da campanha ou por meio da coleta de materiais.

Um aspecto interessante é que, ao contrário de muitos RPGs, WitchSpring R praticamente elimina a possibilidade de realizar grinding. Aqui, os inimigos, que são visíveis e fixos em pontos específicos do cenário, não concedem pontos de experiência ao serem derrotados uma segunda vez, embora ainda derrubem matérias-primas.

Além disso, o jogo não adota o tradicional sistema de aumento de nível geral. Em vez disso, WitchSpring R utiliza uma abordagem diferenciada, com um nível específico para o combate, que aumenta com as batalhas, e outros dois níveis, um para o dano mágico e outro para o dano físico, que evoluem por meio dos treinamentos.

Devido à limitação de experiência adquirida e à abordagem dos níveis da personagem, mesmo que o jogador derrote todos os inimigos que encontrar, a progressão de poder de Pieberry acaba acompanhando naturalmente o desenrolar da história, mantendo o nível de desafio equilibrado ao longo de toda a campanha. 

Confrontos engajantes e bichinhos aliados

Como mencionado, os confrontos em WitchSpring R acontecem em locais fixos do mapa e seguem o modelo de turnos. Além de uma variedade de golpes físicos, há inúmeras opções de ataques mágicos, os quais se expandem ao longo da campanha ou são adquiridos por meio do crafting.

Neste jogo, os itens criados no caldeirão são indispensáveis, oferecendo vantagens como aumento de velocidade, força e regeneração de saúde. Nesse sentido, uma mecânica útil e interessante é a possibilidade de usar Black Joe como assistente, permitindo que itens sejam utilizados sem consumir o turno da bruxinha a cada duas rodadas.

Embora Pieberry seja a única personagem controlável diretamente, é possível contar com a ajuda de criaturas aliadas, as quais podem ser domesticadas com o uso de uma habilidade específica. Além de serem essenciais nos confrontos, alguns desses bichinhos auxiliam na exploração, servindo de montaria ou nos ajudando a alcançar áreas inicialmente inacessíveis.

O sistema de combate de WitchSpring R é descomplicado, mas longe de ser superficial. Graças à eficiência dos itens e à diversidade de habilidades e monstrinhos, o jogo oferece muitas opções estratégicas para explorarmos durante as batalhas. Além disso, cada turno deve ser planejado com cuidado, já que os inimigos das novas áreas sempre aparecem com um nível de poder compatível ao da protagonista.

Como ponto negativo, WitchSpring R não fornece nenhuma orientação sobre as preferências alimentares das criaturas domesticáveis, o que é crucial para evoluir seus atributos. Como resultado, mesmo após testar todos os itens disponíveis no meu inventário, ainda não consegui descobrir como alimentar e desenvolver alguns dos monstrinhos.

Por fim, o título da KIWIWALKS também se destaca no campo visual, com cenários bem detalhados e personagens que apresentam belos modelos 3D, além de incríveis retratos 2D durante os diálogos. Além disso, o jogo conta com uma excelente dublagem em japonês e uma trilha sonora composta por músicas que se encaixam com eficácia tanto em momentos cômicos quanto dramáticos.

A jornada da bruxinha é muito agradável 

WitchSpring R é um RPG encantador que apresenta uma narrativa envolvente e uma jogabilidade extremamente divertida. Embora o título seja descomplicado, sua excelente combinação de mecânicas o concede profundidade e oferece ao jogador uma ampla gama de possibilidades. 

Prós

  • História agradável e bem-humorada, com reviravoltas interessantes e personagens carismáticos e bem-desenvolvidos;
  • As mecânicas de fabricação de itens e de captura de criaturas adicionam mais profundidade e variedade ao jogo;
  • Além de interessante, o sistema de progressão evita a necessidade de grinding e mantém o nível de desafio equilibrado durante toda a jornada;
  • Embora descomplicado, o sistema de combate oferece muitas possibilidades e requer um planejamento estratégico a cada turno;
  • Cenários e personagens visualmente bem detalhados e trilha sonora composta por músicas que se encaixam perfeitamente em cada momento.

Contras

  • Embora seja útil e até necessária, a abordagem do primeiro capítulo torna o início do jogo bastante lento;
  • Falta de orientação sobre as preferências alimentares das criaturas domesticáveis, o que dificulta a evolução de seus atributos;
  • Ausência de legendas em português.
WitchSpring R — PC/PS5/XBO/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela KIWIWALKS 
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