A publicadora Playism geralmente traz títulos capazes de nos envolver de um jeito ou de outro. Desta vez, a aposta foi The Star Named EOS, um jogo criado pelo estúdio independente Silver Lining Studio e que traz uma aventura em primeira pessoa com base em fotografia e puzzles.
“Quando você olha para as estrelas, elas olham de volta para você”
Em The Star Named EOS, assumimos o controle de Dei, cuja paixão pela fotografia foi herdada de sua mãe. Sempre com sua fiel câmera em mãos — um presente que ele ganhou ainda criança —, seu propósito é recriar as fotos outrora tiradas pela mulher.
Para isso, ele passa pelos mais diferentes locais em Taiwan, cada qual compreendendo um capítulo do jogo. Sendo assim, enquanto revisita esses lugares, Dei confronta suas memórias nostálgicas de infância, como se o jovem estivesse, por meio das lentes de sua câmera, redescobrindo a verdade.
Com um grande apelo emotivo e introspectivo, a curta narrativa é reforçada pelas mensagens das cartas da mãe de Dei, que também servem como abertura para cada capítulo. Para dar mais ênfase ao peso das palavras, o jogo conta com dublagem em chinês, japonês e inglês, sendo que essas duas últimas trazem nomes importantes no ramo — respectivamente, Aoi Yuuki e Suzie Yeung.
Contudo, por mais que a história traga uma bonita mensagem sobre conflitos entre memórias do passado e a dura realidade do presente, alguns momentos podem ser previsíveis. Mesmo que essa característica não deixe a aventura menos agradável, pessoas que se prendem mais a detalhes “mundanos”, por assim dizer, podem não sentir o impacto de certas passagens — felizmente, não foi o meu caso aqui.
O que você vê pela lente da câmera?
Em termos gerais, a jogabilidade de The Star Named EOS se baseia em resolver puzzles, alguns mais fáceis e diretos, outros bastante complexos, para ter acesso a elementos que recriam as fotos tiradas pela mãe de Dei. Por exemplo: logo no prólogo, quando o rapaz revisita seu quarto de infância, os quebra-cabeças nos permitem obter flores de papel e uma cortina para simular a visão que a mulher teve durante uma viagem de trem.
Uma sacada interessante é usar a câmera para dar zoom em certas pistas — e até mesmo para clicar nelas —, o que faz com que esses elementos fotográficos sejam aproveitados ao máximo na jogatina, especialmente para a resolução de certos puzzles. Ainda, cada capítulo possui três fotos especiais que, quando reunidas no diário de Dei, nos ajudam a entender sua experiência e seu ponto de vista durante a viagem.
Desse modo, é muito interessante sairmos capturando todos os elementos que achamos marcantes. Mesmo que não encontremos todas as composições de primeira, podemos revisitar os cenários sem perder o progresso — no entanto, é necessário rejogá-los desde o início; porém, quem tiver curiosidade em descobrir a história em sua totalidade tem uma desculpa para estender um pouco mais o tempo de jogatina.
Ainda acerca dos puzzles, seu maior defeito é a falta de dicas para a resolução. É verdade que muitos deles podem ser resolvidos por meio da intuição ou de um olhar mais atento, mas outros são bastante frustrantes e podem nos levar a uma perda de tempo desnecessária ou, em casos mais extremos, à desistência total do jogo. Neste quesito, um agravante é a falta de dicas, conveniência comumente presente em outros títulos do gênero, que justamente nos ajudam a aproveitar melhor esses desafios.
Outro aspecto que também impacta profundamente na jogabilidade é uma imprecisão nos controles no Switch. Enquanto achei muito mais conveniente resolver alguns puzzles por meio da tela de toque do console híbrido, especialmente aqueles que envolvem arrastar peças, em outros momentos, usar os botões físicos foi a melhor saída; contudo, a maior dificuldade mesmo foi resolver uma espécie de labirinto sem a ajuda da função de giroscópio, que, na minha opinião, teria deixado a experiência menos frustrante.
Por fim, no âmbito audiovisual, The Star Named EOS realmente faz jus aos conceitos fotográficos, trazendo artes desenhadas à mão e uma trilha sonora que ajuda a captar todas as nuances experienciadas por Dei. Essa combinação artística, aliada à dublagem mencionada anteriormente, ajuda a realçar a atmosfera contemplativa do jogo.
A efemeridade da vida capturada em fotografias
The Star Named EOS, com sua abordagem inusitada, narrativa introspectiva e uma deslumbrante apresentação audiovisual, é uma ótima pedida para pessoas que preferem jogos curtos para relaxar e pensar. A versão de Switch peca em alguns detalhes e a experiência pode ser seriamente comprometida pela ausência de dicas para os puzzles, mas, como dizem por aí, “o importante não é o destino, mas sim a viagem”.
Prós
- Apesar de curta, a aventura traz uma história tocante;
- A composição audiovisual é o destaque do jogo, especialmente para reforçar o peso emocional das memórias de Dei e sua paixão por fotografia;
- As dublagens em japonês e inglês contam com nomes importantes do ramo;
- As fotografias escondidas em cada capítulo, além de nos contextualizar sobre a viagem do protagonista, aproveitam o conceito do jogo e nos incentivam a fotografar os cenários;
- Os quebra-cabeças são bem-elaborados, desafiando nossa percepção e criatividade;
- O uso de conceitos de fotografia para nos auxiliar a recriar cenários e até desvendar pistas para os puzzles é interessante.
Contras
- Os quebra-cabeças podem prolongar a jogatina mais do que o necessário;
- A ausência de dicas para os puzzles mina a experiência como um todo;
- Alguns aspectos da trama podem ser previsíveis, diminuindo o impacto de certas passagens;
- Os controles no Switch são imprecisos, sendo que alguns puzzles são melhor manipulados se utilizarmos a tela de toque;
- Apesar de contar com suporte a toques gestuais, o jogo não se aproveita totalmente dessa característica, muito menos da função de giroscópio do console.
The Star Named EOS — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida por Playism