Análise: One Piece Odyssey (Switch) é um dos melhores RPGs baseados em anime

Para além de uma excelente adaptação de anime, o título da Bandai Namco é, antes de tudo, um ótimo RPG.

em 10/08/2024
Desenvolvido pela ILCA e publicado pela Bandai Namco, One Piece Odyssey é um RPG com combate baseado em turnos que foi lançado originalmente em 2023 para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC. Agora também disponível no Nintendo Switch, o título oferece uma adaptação digna e incrivelmente divertida da icônica série criada por Eiichiro Oda.

Naufragados em uma ilha misteriosa

Em One Piece Odyssey, Luffy e a sua tripulação do Chapéu de Palha são surpreendidos por uma gigantesca tempestade e acabam naufragando em uma ilha misteriosa conhecida como Waford. Nesse território desconhecido, o grupo encontra Adio, um rapaz um tanto enigmático, e Lim, uma jovem que, movida por um aparente desprezo por piratas, transforma os poderes dos heróis em cubos, espalhando-os por toda a ilha.

Enquanto alguns desses itens podem ser recuperados facilmente, outros exigem um esforço maior, forçando o grupo, inicialmente composto por Luffy, Nami, Sanji, Robin, Zoro, Chopper e Usopp (Franky e Brook aparecem mais tarde no jogo), a revisitar algumas de suas memórias, levando o jogador a explorar eventos das sagas Alabasta, Water 7, Marineford e Dressrosa.

A premissa narrativa de One Piece Odyssey é simples, mas muito engenhosa, pois justifica tanto o reinício da jornada dos personagens no nível um quanto o retorno do jogador a momentos marcantes da série original, agora vistos sob uma nova perspectiva, já que o grupo está mais experiente e as memórias são retratadas de uma forma não totalmente precisa.

Embora seja difícil encontrar alguém que consome esse tipo de produto e não esteja, ao menos, familiarizado com o básico de animes da grandeza de One Piece, Naruto ou Dragon Ball, ainda é sempre importante que uma adaptação se esforce para apresentar seus elementos fundamentais para um estreante.

Nessa perspectiva, é válido dizer que um jogador que nunca teve contato com One Piece provavelmente ainda vai se engajar com Odyssey devido ao carisma dos personagens, ao mistério que a trama constrói e por se tratar de um RPG bem-estruturado. No entanto, o jogo falha em não oferecer ao menos um resumo sobre os aspectos básicos desse universo, como quando e como esses indivíduos tão distintos se uniram ou a origem de seus poderes.

Felizmente, o título inclui cenas que sintetizam os principais pontos contextuais de cada arco revisitado, o que é útil (embora, em algumas situações, insuficiente) para que novatos sintam um pouco do peso emocional de certos reencontros. Por fim, é importante destacar que o game conta com o elenco de vozes original e com legendas em português, o que o torna ainda mais acolhedor e prazeroso de se jogar.

Navegando pelo mundo com o bando de Luffy

No campo da jogabilidade, em One Piece Odyssey, controlamos os membros do Chapéu de Palha em vastos cenários tridimensionais com uma perspectiva em terceira pessoa, podendo alternar livremente entre os indivíduos.

Essa troca é essencial, pois cada personagem possui uma habilidade específica voltada à exploração, como a capacidade de Luffy de esticar os braços para alcançar locais e objetos distantes, a habilidade de Zoro de quebrar barreiras com suas espadas ou a baixa estatura de Chopper o permitir passar por espaços estreitos.

De maneira geral, todo o âmbito da exploração é muito agradável, com cenários visualmente bem elaborados e que garantem itens relevantes ao jogador que gosta de explorar. Além disso, One Piece Odyssey apresenta dungeons que contam com puzzles que, apesar de simples, são satisfatórios e bem planejados.

O principal ponto negativo diz respeito ao fato de que a campanha bloqueia a navegação em diversas situações, obrigando o jogador a seguir o objetivo principal para só depois retomar a liberdade. Além disso, há consideráveis momentos de backtracking causados por desculpas narrativas pouco convincentes, o que resulta na repetição dos mesmos ambientes em mais vezes que o tolerável.

Um RPG de turnos muito competente

Sobre os combates em One Piece Odyssey, eles são baseados em turnos e se iniciam quando nos aproximamos dos inimigos visíveis no cenário. Aqui, conseguimos utilizar um grupo de quatro personagens, com a possibilidade de trocar livremente os membros principais durante as próprias batalhas.

Um ponto muito relevante é o sistema de pedra, papel e tesoura, similar ao de Monster Hunter Stories (apenas no quesito de força e fraqueza e não no de apresentar disputas diretas entre os combatentes), no qual Poder vence Velocidade, Velocidade supera Técnica, e Técnica derrota Poder. Além disso, alguns golpes possuem dano elemental e podem causar status negativos, como veneno ou sangramento.

Outro aspecto interessante é a configuração dos campos de batalha, no qual os aliados e os inimigos são distribuídos aleatoriamente em diferentes áreas. Para exemplificar, uma luta pode começar com Luffy cercado por dois adversários enquanto os outros três aliados estão em outro espaço juntamente com mais dois oponentes.

Diante dessa imprevisibilidade, o jogador pode criar estratégias com ataques de curto alcance ou a distância, ou ainda mover membros do time para socorrer aliados cercados. One Piece Odyssey também apresenta certas situações específicas de combate, nas quais devemos cumprir determinados requisitos, como derrotar um inimigo em poucos turnos, para receber mais experiência ao final.

O jogo ainda oferece a possibilidade de realizar ataques de amizade, que são executados em grupo e geralmente têm um grande poder. Essas técnicas especiais são desbloqueadas ao explorarmos determinadas memórias, servindo como mais uma recompensa para os jogadores que se dedicarem ao conteúdo opcional.

O sistema de combate de One Piece Odyssey não reinventa a roda e nem apresenta um desafio significativo para quem já está familiarizado com o gênero. No entanto, ele aproveita bem as particularidades e habilidades de cada personagem, proporcionando ao jogador batalhas extremamente divertidas.

Uma ótima adaptação do universo dos piratas 

One Piece Odyssey é mais do que uma incrível adaptação da obra criada por Eiichiro Oda; é um RPG sólido e extremamente divertido. Embora o título ofereça uma experiência mais rica para os fãs do material original, ele ainda é uma jornada que merece ser explorada por qualquer entusiasta do gênero.

Prós

  • Revisita sagas icônicas de One Piece sob uma nova perspectiva, proporcionando momentos emocionantes para os fãs da série, mesclando nostalgia com novidade;
  • Os resumos dos principais pontos de cada arco visitado ajudam os jogadores que não conhecem o material original a sentirem um pouco do peso dos reencontros entre os personagens;
  • Sistema de combate por turnos sólido e divertido, com composições estratégicas consideravelmente variadas e um toque de imprevisibilidade;
  • Cenários visualmente agradáveis e que oferecem uma experiência de exploração envolvente, incentivando o uso de diferentes personagens e recompensando o jogador curioso com itens relevantes;
  • Legendado em português.

Contras

  • A liberdade de exploração é frequentemente limitada pela progressão da campanha, que muitas vezes força o jogador a avançar no objetivo principal;
  • Apresenta diversos momentos cansativos de backtracking, muitas vezes justificados por razões narrativas pouco convincentes;
  • Apesar dos úteis resumos dos arcos principais, o jogo não faz um trabalho robusto o suficiente para introduzir novos jogadores ao universo de One Piece.
One Piece Odyssey  — PC/PS4/PS5/XSX/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco
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