Análise: Gundam Breaker 4, onde a customização manda

Construa seu Gundam e vá para a porradaria ou para diorama.

em 31/08/2024

Após as críticas ao jogo anterior, Gundam Breaker 4 chega para trazer a franquia de volta às suas raízes e, mais do que isso, corrigir o que causou grande insatisfação entre os jogadores: a tentativa de forçar a franquia a se tornar um jogo competitivo, mais especificamente, um esport. Desta vez, a Bandai decidiu focar ainda mais no conceito de Gunplas, um hobby muito popular, especialmente no Japão, modernizá-lo e ainda tentar reconquistar o público da franquia Gundam Breaker.

Mais foco no Gunpla

Primeiramente, gunpla é um hobby e uma subcultura centrada na montagem, personalização e exibição de modelos plásticos de robôs da franquia "Gundam", uma das séries de anime e mangá mais populares do Japão. "Gunpla" é uma combinação das palavras "Gundam" e "Plastic Model" (modelo plástico). E mais do que em qualquer outra iteração de Gundam Breaker, a Bandai Namco aproveitou o conceito dos Gunplas e suas customizações, indo além e apresentando um mundo virtual dentro do jogo, no melhor estilo metaverso, no qual a aventura do game se desenrola.

Um metaverso de Gunpla


No jogo, encarnamos um jogador, em um futuro não muito distante, de um novo modelo beta de combate de Gunplas, denominado “GUNPLA Battle Blaze: Beyond Borders” — nome que, felizmente, ficou apenas na narrativa do jogo e não como seu nome oficial — ou resumidamente GBBBB, ou ainda, GB4.  

Esse novo e revolucionário modo de batalhar com Gunplas, gerenciado por uma potente I.A. — o que poderia dar errado? — permite que os jogadores acessem todo o universo de customização de Gunplas e batalhem nesse ambiente virtual, podendo interagir com outros jogadores, criar comunidades, clãs e participar de rankings. Mas os problemas logo começam a surgir.  

No decorrer da aventura, nosso personagem e seus aliados se deparam com indivíduos que parecem querer acabar com o ambiente virtual e interativo. Juntos, eles precisam desvendar quem está causando problemas dentro do sistema e descobrir quem realmente está por trás da I.A. que comanda esse mundo.  

Se você acha que a narrativa de GB4 não parece ser complexa, é porque ela realmente não é. Em suma, o jogo oferece uma linha narrativa consistente com sua proposta, com personagens cativantes, menções a personagens de jogos anteriores e de diferentes séries Gundam, momentos emotivos, além de alguns mistérios e reviravoltas. No entanto, seu foco está na personalização e no combate.

Personalizações quase infinitas e funcionais


Não seria exagero dizer que a parte principal de GB4 é a personalização, assim como o aspecto mais interessante do hobby Gunpla é a fusão de partes de diversos action figures Gundam para chegar a criações únicas. O jogo oferece uma quantidade absurda de peças para trabalhar, representando, possivelmente, a maioria das séries de jogos, animes e mangás da franquia.  
Claro, a customização já era presente em outros jogos da série, mas aqui há um salto gigantesco na quantidade de kits de robôs, peças, armas, escudos e muito mais.

O fato de que todas as peças podem ser usadas em qualquer modelo dentro do game, além da possibilidade de modificar cor e tamanho das partes, aumenta ainda mais as possibilidades de personalização. Assim podemos criar desde modelos SD — aqueles cabeçudinhos —, completos Frankeinsteins bizarros e deformados, até grandes maquinas que impõe respeito e terror. 


Mais interessante do que a capacidade de montar um robô completamente novo com as centenas de peças disponíveis é como essas peças funcionam em combate. Cada parte escolhida pelo jogador afeta o status geral do robô no final. Algumas peças dão acesso a funções, habilidades e técnicas especiais, que, por sua vez, também são customizáveis. Vale ressaltar que as peças para personalização são conquistadas nas missões do modo história. Não se surpreenda se acabar perdendo horas apenas montando, personalizando e testando seu Gunpla, assim como eu fiz.

Missões, arenas menores, mais ação


Embora o modo história de GB4 tenha um total de 40 missões divididas em sete capítulos, diversos outros modos de jogo são liberados ao longo do game, incluindo um interessante pós-game. Muitos desses modos prometem fazer ótimo uso do modo online de clãs, mas este sistema não pôde ser testado, visto que a análise foi feita durante o período de pré-lançamento, quando os servidores estavam desativados.  

Diferente dos jogos anteriores, em que as missões focavam apenas em combates diretos contra hordas de inimigos em áreas amplas, desta vez elas apresentam algumas variações. Certas missões são divididas em fases com objetivos diferenciados, como proteger um ponto ou defender um aliado. Independente do tipo de missão, o mais importante está presente: a ação. E apesar de alguns problemas, é divertida. As arenas de combate agora são menores — não chegam a ser claustrofóbicas, mas são bem mais contidas, o que torna o combate ainda mais direto.

Combos e recompensas


Assim como a personalização é um dos pontos fortes deste jogo, o mesmo pode ser dito do combate, que é repleto de nuances. GB4 conta com um excelente sistema de combos que gratifica o jogador com mais e melhores peças, de acordo com seu desempenho nos combos e tempo nas missões.  

Os combos podem ser estendidos de forma muito satisfatória usando as habilidades especiais EX e OP, que além de muitas também são customizáveis de acordo com as armas e partes dos robôs escolhidas pelo jogador.  


As batalhas são, quase sempre, intensas e variadas, com a dificuldade dos adversários aumentando gradativamente até a chegada dos subchefes e chefes, que podem ser gigantes ou não. No caso dos confrontos contra robôs gigantes, estes possuem pontos fracos a serem explorados, que, quando atacados, fazem-nos parar de atacar por um tempo.

O sistema de combate de GB4 é rico em detalhes, mas simples de aprender. Ele também possui um interessante sistema de danos, que os contabiliza os danos nas partes dos robôs, danificando-as e causando uma diversidade de condições, como desabilitar armas, funções e movimento — o que também se aplica ao jogador. Esse aspecto provavelmente será um ponto interessante no modo online.

Missões repetitivas e mira confusa


Apesar de as missões muitas vezes serem subdivididas em objetivos, é notável a grande repetição em seus padrões, tornando o jogo relativamente repetitivo, apesar do esforço. Essa sensação de repetição também ocorre pelo fato de os inimigos serem geralmente os mesmos, com exceção de certos adversários mais importantes para a história ou chefes.  

Os cenários também acabam sendo repetitivos, sendo reutilizados ou são muito similares uns aos outros. E, apesar da magnífica qualidade dos modelos dos Gundams, vários cenários não acompanham o mesmo nível de qualidade visual, evidenciando uma clara discrepância entre os objetos.  

Outro problema evidente em GB4 é o sistema de mira. Na verdade, o jogo oferece duas opções de travamento de mira: uma que foca um adversário e o mantém no centro da tela, permitindo trocar de alvo, mas a forma de alternar entre os alvos nem sempre funciona da melhor maneira. A segunda opção de travamento de mira permite que, apesar de um inimigo estar marcado, a movimentação seja livre, o que pode fazer com que a mira troque de alvo ou que o jogador o perca de vista — o que é frustrante.

Jogo de anime sem música de anime?


Um fator curioso é a trilha sonora de GB4. Apesar de contar com composições originais, elas acabam não empolgando tanto, soando mais como trilha sonora genérica de jogo de ação e menos como algo digno de Gundam.  

As séries de anime da franquia Gundam são repletas de músicas potentes e marcantes que poderiam ter sido muito bem aproveitadas no game, especialmente considerando que o modo história não é tão longo. Uma presença sonora forte e emotiva nos momentos mais importantes da campanha poderia ter dado um brilho maior ao jogo.

Mas e se você cansar da ação

Em suma, Gundam Breaker 4 pode ser considerado um dos melhores jogos da série Breaker, bem como um dos melhores jogos de Gundam em geral, graças a sua alta taxa de personalização, combate intenso e cheio de possibilidades.

Apesar de ter um modo história divertido, ele é curto e, como o jogo indica desde o primeiro instante, é um título que deve ser jogado preferencialmente online. Ao menos, não tenta nos obrigar a participar de um mundo de e-Sports altamente competitivos, como foi o caso de seu antecessor, New Gundam Breaker. No entanto, é evidente que a Bandai ainda pode estar testando o terreno para um possível game as a service para a franquia. 

Ainda assim o game guarda uma ultima surpresa, um modo de diorama que serve ao proposito mais simples de um gunpla, que é montar e expor seus modelos em cenários diversos.

Prós:

  • Maior nível de personalização e quantidade de kits de toda a franquia;
  • Sistema de combate aprimorado e em sinergia com o sistema de personalização;
  • O modo diorama é um ótimo extra para quem já gosta tem o hobby de customização de gunplas ou gostaria de poder experimentar sem gastar fortunas com modelos e kits de gundam reais.

Contras:

  • Trilha sonora que beira o esquecível;
  • Sistema de mira confuso e pouco prático;
  • Discrepância gráfica clara entre Gundams e cenários em diversos momentos.

Gundam Breaker 4 – PC, PS4, PS5, Switch  Nota 8.0
 Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia cedida pela Bandai Namco

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Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
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