Entrevista

gamescom latam 2024: Pokémon GO (Mobile) — confira o bate-papo com a Niantic

Eric Araki e Leonardo Wille compartilharam com o Nintendo Blast informações sobre o andamento do jogo no Brasil

em 08/07/2024
Na primeira edição da gamescom latam, que aconteceu nos dias 26 a 30 de junho, o Nintendo Blast teve a oportunidade de conversar com representantes da Niantic no Brasil, empresa responsável por Pokémon GO. No bate-papo, Eric Araki, Country Manager Brasil, e Leonardo Wille, Community Manager nos Mercados Emergentes, me explicaram sobre os trabalhos que a Niantic tem feito para deixar o jogo mais acessível para a comunidade e os diferentes tipos de jogadores.


Confira a seguir como foi essa conversa. Atenção: o texto contém edições para deixar o conteúdo mais claro e coeso.
Sobre os entrevistados

Eric Araki: Country Manager Brasil da Niantic. Cuida de parcerias, de ações de marketing e de eventos.

Leonardo Wille: Community Manager da Niantic mercados em desenvolvimento (Brasil, América Latina e países do Sudeste Asiático, Índia, Indonésia e Tailândia). Trabalha principalmente no projeto de comunidades da Niantic (de desenvolvimento dos grupos de jogadores nesses países), e também em programas de influenciadores e todas as atividades relacionadas aos jogadores nesses locais.
NB: Quais os fatores importantes para Pokémon GO continuar sendo jogado?

EA: Essa é uma boa pergunta, especialmente porque Pokémon GO acabou de fazer oito anos. De 2016 até agora, já aconteceu bastante coisa e a Niantic, como um todo, olha Pokémon GO como “forever game”, um jogo pra sempre. A ideia é que Pokémon GO sempre tenha coisas novas, engajando os jogadores de uma forma diferente para que ele continue sempre se renovando, se redescobrindo e esteja sempre atingindo o limite da tecnologia.

Mais do que uma empresa de games, a Niantic é uma empresa de tecnologia; ela foca na realidade aumentada e ela sempre vai atrás da forma como o jogador joga. Então, se o jogador estiver nos celulares, estaremos nos celulares, mas daqui a dez, vinte anos, talvez a gente nem saiba mais como é usar o celular.

De repente os nossos filhos vão falar: “meu Deus, que careta, ele está usando um celular”, quando, de repente, você tem o jogo em óculos ou em gadgets muito mais simples, mais usáveis, por exemplo. Independentemente de qual seja essa plataforma, estaremos nela — e é onde queremos que Pokémon GO esteja.

NB: Quais os maiores desafios para manter os jogadores engajados no jogo, em especial quando olhamos para o cenário da pandemia de Covid-19?

EA: O jogo era bastante diferente do que ele é hoje. Por exemplo, ele só tinha os 150 primeiros Pokémon, não tinha raids nem PVP, você não conseguia fazer muitas das coisas que hoje é possível. Muito disso se deve ao fato de que a tecnologia não permitia essas implementações, mas, com o avanço tecnológico, conseguimos trazer mais conteúdos ao jogo.

Com isso, quero dizer PVP, raids, habilidades diferentes de Pokémon, adição de monstrinhos de novas gerações. A gente sempre busca trazê-los [os Pokémon] de uma forma que eles façam sentido para o jogador. Porque o fã de Pokémon não é fã do anime, do TCG, do videogame ou do Pokémon GO; ele é fã de Pokémon.

Então, para esse fã, precisa fazer sentido a forma como um monstrinho está em Pokémon GO. Um bom exemplo disso foi o Kecleon, que não estava presente quando lançamos outros monstrinhos da sua geração [terceira geração, Ruby/Sapphire/Emerald]. E os jogadores pediam pelo Kecleon, então resolvemos lançá-lo.

Como ele é um camaleãozinho, ele estava oculto nas Poképaradas. Então, você tentava girar para obter os itens, mas você não conseguia, porque tinha alguma coisa impedindo isso. Então, você precisava cutucá-la para o Kecleon aparecer no mapa.

Outro exemplo: Farfetch'd [de Galar] virando o Sirfetch'd. Nas versões para videogame, você precisa acertar golpes críticos para ele evoluir. No Pokémon GO, você precisa fazer jogadas excelentes, que são uma forma de acerto crítico, de certa forma.

Então, as pessoas falaram: “nossa, que legal, faz sentido”. Então, todas essas novas coisas, rotas, jogar em grupo, jogar em raids, habilidades, são um exemplo de como tentamos implementar as novidades no jogo. Mas tem outro ponto muito importante: jogar em comunidade, que o Leo pode explicar melhor.

LW: Essa experiência não é somente um desafio para a Niantic e os jogadores, mas também uma oportunidade. As comunidades do Pokémon GO, tanto no Brasil quanto nos outros países, se reúnem no digital [por meio de grupos de WhatsApp e outras plataformas] e também no mundo real, o que as torna muito únicas em relação aos demais jogos.

Os nossos jogadores, eles gostam e têm essa vontade de sair de casa e jogarem juntos e terem uma experiência comunal mais legal. A única forma de você fazer raids é em grupo. O PVP pode ser jogado presencialmente também.

Então, todos esses recursos do jogo permitem que as pessoas joguem juntas, que os nossos treinadores tenham essa experiência conjunta. E o nosso trabalho também é de identificar essas comunidades, que já existiam até de anos atrás — tem comunidades que jogam juntas desde 2016.

Então, o propósito que temos aqui é identificar as comunidades e empoderá-las, dar a elas recursos para que elas possam crescer ainda mais, para que as pessoas que se unem a esses grupos tenham uma experiência ainda mais divertida no jogo, possam jogar juntas nos parques, shoppings ou nos locais que elas escolherem.

Essa oportunidade é muito representativa da vontade dos jogadores aqui no Brasil também. Nós, brasileiros, somos apaixonados por tudo, por esportes, por cultura pop — e no Pokémon não é diferente. Os treinadores brasileiros são extremamente apaixonados e organizados, e essas comunidades têm feito um trabalho incrível.

Então, isso é algo que a gente tem focado bastante nos últimos nove meses. Enquanto Niantic no Brasil, também focamos no desenvolvimento de um projeto que permita que as comunidades joguem juntas e ocupem esses espaços urbanos, esses espaços públicos e tenham uma experiência de jogo melhor.

Comentando sobre a pandemia especificamente, a gente, claro, teve uma situação complicada. Assim que ela melhorou, assim que se pôde sair de casa novamente, o que a gente viu foi um movimento de muitos dos nossos jogadores e das comunidades em voltar a ocupar esses espaços públicos.

Eles queriam retornar ao jogo presencial, foi uma boa válvula de escape quando a situação ficou um pouco melhor, você poder jogar junto, poder a família inteira sair de casa e curtir o Pokémon GO juntos. Então, o que a gente viu foi uma oportunidade de novo, de empoderar as comunidades, dar a elas ainda mais recursos, criar um projeto novo [em atuação no Brasil e em outros países] para beneficiar as comunidades.

E essa é uma forma de manter o jogo vivo também, de manter o jogo ainda em crescimento, de manter resultados expressivos no Brasil e em outros países. Então, essa paixão do treinador brasileiro, do treinador latino, é algo que é um desafio em alguns momentos, mas na imensa maioria é um recurso incrível que nós temos à nossa disposição.


NB: Vocês têm uma média, mais ou menos, de quantas pessoas hoje ainda estão jogando Pokémon GO, de maneira mais ativa, não tão esporádica? Acredito que aqui também entram os Dias Comunitários.

EA: A gente infelizmente não pode falar sobre números ou números gerais, mas a gente pode dizer que o Brasil é um dos principais mercados da Niantic, com milhões de jogadores jogando mensalmente Pokémon GO. E isso é muito legal, porque a gente consegue trazer coisas mais legais e diferentes [em termos de eventos e ativações] para o Brasil.

Hoje, a forma como o brasileiro abraça essas ações voltadas para o Brasil é muito legal. A gente teve o Carnaval do Amor, que foi muito elogiado pelo público brasileiro. E ele foi moldado de uma forma divertida para o brasileiro, uma mistura do Valentine's Day com o Carnaval. Mas o Dia dos Namorados não acontece aqui em fevereiro, então a gente conseguiu colocar aquele lado carnavalesco no evento.

Para o resto do mundo foi um Valentine's Day mais dançante, mais divertido, mais engraçado. E para a gente foi um Carnaval do Amor, porque é exatamente isso que a gente espera do Carnaval: que as pessoas compartilhem o amor, se divirtam e estejam se divertindo com todo mundo.

E isso foi muito legal para o evento aqui no Brasil. Outro exemplo de como os brasileiros abraçam as ativações e ações aqui para o Brasil foi o filme que a gente acabou de criar, o Redescubra Pokémon GO Brasil.

Foi o primeiro filme de Pokémon GO totalmente criado no Brasil, com uma equipe brasileira, com talentos brasileiros, com influenciadores, criadores de conteúdo, esportistas, casters, todos brasileiros. E, mais importante, com uma história muito brasileira.

Então você tem lá um grupo de bairro que começou a jogar e de repente tinha uma pessoa de 60 anos, 70 anos que sabia mais do que eles. A gente vê muito disso aqui, né? Uma coisa que a gente sempre ouvia [depois de lançar o vídeo] era “Nossa, eu já vi, nós temos uma Dona Lourdes no nosso grupo” ou “Eu sou a Dona Lourdes no nosso grupo”. Isso é muito legal, porque a gente tem um público de 60+ muito grande aqui no Brasil.

E essa campanha estava em dezenas de estações do metrô, em centenas de mobiliários urbanos e também estava em mais de 8 mil superfícies exclusivas do Google. Mas, mais do que em todos esses lugares, ela estava na boca do jogador.

Estava na boca do treinador brasileiro. Os jogadores gostaram tanto da campanha, que eles espalharam isso para todo mundo. Eles curtiram isso, eles comentaram sobre.

E os criadores de conteúdo também faziam toda a divulgação dessa campanha. Então foi muito legal, porque fez com que o jogo se tornasse um dos principais responsáveis por trazer novos jogadores ao GO, mesmo quando comparamos o Brasil com países como Estados Unidos e Japão, que são grandes mercados.

Então, por conta disso, por todo esse sucesso de Pokémon GO, a gente está conseguindo trazer essas coisas todas bacanas.

LW: Para a Niantic, os Dias Comunitários são os principais eventos do mês. Eles são uma oportunidade da gente exercitar os nossos três pilares que permeiam o desenvolvimento de todos os nossos jogos: exercício físico; interação social no mundo real, fazendo do mundo um lugar melhor; e a exploração da nossa cidade, para que a gente conheça mais os espaços que estão ao nosso redor.

Então o Dia Comunitário resume perfeitamente esses três pilares que estão vivos dentro do Pokémon GO. E para amplificar os Dias Comunitários, para torná-los ainda mais relevantes, a gente criou um projeto que se chama Club Campfire. Ele está disponível atualmente no Brasil, em toda a América Latina e foi lançado recentemente [em abril] no Sudeste Asiático.

Então nós já temos cerca de 300 comunidades participando ao redor do mundo, 80 delas aqui no Brasil, em 65 cidades. E com esse projeto, essa é uma forma que a gente tem de nos aproximarmos ainda mais dos jogadores brasileiros e dos jogadores de todas essas regiões.

Esse projeto se pauta em identificar as comunidades que já existiam ou ajudar a formar novas comunidades nesses locais. Então é entender como os jogadores jogaram nesses últimos oito anos, como eles estão celebrando esses eventos, como eles celebram também o Dia Comunitário. Como a gente comentou, empoderar essas comunidades para dar a elas uma experiência de jogo ainda melhor.

Então, por meio do Clube, nós damos suporte para a realização dessas atividades, nós enviamos kits de brindes oficiais para que os jogadores possam ter experiências durante o Dia Comunitário e também os outros eventos, como as horas de raid, dias de raid e tantos outros.

Então os jogadores recebem essa nossa caixinha com brindes superespeciais, exclusivos do Pokémon GO. Eles também recebem um suporte digital dentro do jogo para ter uma experiência com mais Poképaradas e ginásios nos locais em que essas comunidades jogam.

Então nós ajudamos os grupos a não somente jogar o Pokémon GO, mas também ocupar esses espaços urbanos, revitalizar esses espaços quando fizer sentido. Uma característica muito marcante das nossas comunidades é a atuação no impacto social.

A gente teve a tragédia que afetou o Rio Grande do Sul recentemente, foi um momento muito difícil. Algumas das nossas comunidades estão nessas regiões, estão em Porto Alegre, em algumas cidades do Sul do Brasil. Mas o que a gente viu nesse momento de dificuldade foi a união dos nossos jogadores, a união dos líderes de comunidade e como eles puderam se ajudar e contar com um pequeno apoio nosso que faz a diferença para os treinadores dessas regiões.

Então, os líderes de comunidade do Rio Grande do Sul identificaram instituições que poderiam receber donativos e os líderes de todo o restante do Brasil fizeram doações para as cidades afetadas. A gente teve cerca de uma tonelada e meia de alimentos não perecíveis, materiais de limpeza e itens de higiene pessoal doados durante um Dia Comunitário.

A gente aproveitou esse evento, que a gente já saberia que teria milhares de pessoas participando, e incentivamos as doações, mas essa iniciativa partiu dos líderes de comunidade, dos nossos jogadores que são tão engajados. E aí, para falar de números, toda essa atividade, toda essa celebração que a gente cria junto com os jogadores, se traduz em resultados muito significativos para o Brasil.

Todos os meses, durante os Dias Comunitários, são cerca de 20 mil pessoas participando desses eventos. Nas celebrações oficiais, então nessas 65 cidades, com 80 comunidades, são 20 mil participantes no Brasil e mais centenas de milhares no restante do país e incontáveis treinadores em todas essas regiões. Então são eventos muito significativos, com uma participação e uma adesão muito grandes.

Tivemos um recorde agora em junho, durante o Dia Comunitário do Goomy, um Pokémon favorito de muitos fãs, e o que a gente está vendo é essa vontade de cada vez mais grupos se reunirem e participarem do projeto. 

Estamos recebendo inscrições, não temos um número máximo de comunidades, então queremos receber ainda mais treinadores participando — e para o Brasil isso vai ser muito significativo.

Essa é a nossa forma de traduzir a paixão dos jogadores, direcioná-los de uma forma excelente para que eles possam celebrar o jogo ainda mais e criar uma experiência que toda família, que todos os treinadores de todas as origens, de todos os lugares que eles estejam, podem celebrar esses eventos juntos nesses espaços urbanos. Então para a gente isso é muito relevante.

O Dia Comunitário foi e vai continuar sendo um dos principais eventos do mês e vamos continuar incentivando essas celebrações.


NB: Também falando na questão de comunidades e jogadores, como a Niantic se comunica com os jogadores, como a Niantic envolve o feedback dos jogadores? E também fazendo um adendo, que eu vi nas redes sociais que muitas pessoas elogiaram a maior customização do avatar, que agora tem plus size e também tem outros estilos de penteado.

EA: Essa é uma ótima pergunta, porque o público de Pokémon GO é um público extremamente diverso. Nós temos pessoas, como a gente comentou, de todas as origens, de todos os lugares do mundo, e a gente tenta sempre criar uma experiência que vai permitir a inclusão dessas pessoas. Eu acho que o sistema de avatares foi um exemplo disso.

Ainda temos uma série de novos recursos sempre em planejamento, inclusive atualizações para o sistema de avatar, mas a origem desse sistema é um pedido dos próprios jogadores, como “Ah, eu gostaria de customizar mais o meu avatar, de fazer ele ficar um pouquinho mais parecido comigo”. A partir desse feedback, tanto nas redes sociais quanto nos eventos, a gente pôde trabalhar num recurso novo do jogo que trazia essa importância para os jogadores.

Os eventos presenciais também são essenciais para nós conversarmos com os nossos jogadores, e a Niantic está sempre presente nos seus próprios eventos. Se você vai para um GoFest que acontece nos Estados Unidos, na Europa ou no Japão, você vai encontrar dezenas de funcionários da Niantic lá presentes, conversando com os jogadores, entendendo o que pode ser melhorado e entendendo também o que os jogadores querem ver no jogo. Isso ajuda muito no nosso desenvolvimento, é um fator muito importante.

LW: E eu acho que agora o projeto de comunidades com o Clube Campfire é também uma oportunidade de receber feedback dos nossos jogadores, tanto daqueles que jogam de uma maneira mais intensa quanto dos jogadores que estão iniciando agora. O que a gente vê nas comunidades é um movimento de que elas têm jogadores que jogam há oito anos, religiosamente desde o primeiro dia, mas tem novatos que não sabiam nada sobre o jogo e vão para as comunidades para entender como o aplicativo funciona, aprender com os demais, com os mais experientes, e aí eles têm uma oportunidade de ter contato conosco. 

Então nesse programa nós conversamos e dialogamos com os líderes de comunidades, recebemos comentários deles basicamente todos os dias.

EA: Todas as horas. Todos os dias, 24 horas por dia. Mas isso é uma coisa muito legal, eu acho que nem sempre a gente teria essas oportunidades se não fosse com a paixão dos nossos jogadores, se não fosse esse intuito de melhorar.

LW: Então criar esses canais digitais e presenciais para receber o feedback é algo que a gente se orgulha em fazer, é algo que a gente pretende continuar fazendo, especialmente aqui no Brasil, especialmente para ouvir o comentário dos nossos jogadores que estão apaixonados. Mas a gente tem diversas iniciativas que estão impactando atualmente a forma que a gente desenvolve o jogo.

Como o Eric comentou, quando a gente vai trazer novos recursos, novos lançamentos de Pokémon, coisas que têm que ser significativas, a gente vai considerar as nossas prioridades internas da Niantic, como todos os desenvolvedores fazem, mas também, sempre que possível, o feedback dos nossos treinadores no Brasil e em todo o mundo. Mas esse feedback que a gente colhe não é só diretamente, a gente também consegue pegar por meio de números, dados e percepções.

EA: Como o Leo disse, a gente sempre tem muitos membros da Niantic em todos os eventos, e a gente observa muita coisa, a gente conhece muita coisa, a gente ouve, a gente conversa. Muitos desses membros da Niantic estão à paisana, batendo um papo, jogando junto com eles e entendendo mais [o que os jogadores querem]. Algo que a gente notou, por exemplo, aqui no Brasil, é a quantidade de jogadores 60+ que a gente tem.

Batendo também com o número de dados que a gente tem, algo que a gente notou é o fato desses 60+ serem muito assíduos, então eles são uma parcela muito importante para a gente. Eles, de repente, começaram com os netos, aquela história “ah, vô, me leva lá para jogar” e essas coisas.

De repente, hoje [esse avô] já joga melhor do que os filhos, netos e afins. Então, eles estão em nível mais elevado, eles vão a todos os Dias Comunitários, porque eles viram em Pokémon GO algo intuitivo e divertido, e também uma forma de sair de casa e interagir com outras pessoas.

Então, a gente vê durante os Dias Comunitários as bases de jogadores 60+. Eles celebram de uma forma diferente: eles não vão correndo atrás dos Pokémon como acontece, eles criam lá uma mesinha em que eles fazem todo o piquenique, eles juntam todo mundo, colocam o guarda-sol, e para a gente isso é muito importante.

E como é que a gente responde a esse tipo de coisa? A gente tem, no filme que a gente criou, a Dona Lourdes, que é uma pessoa de 60 anos, que joga melhor do que os meninos, que venceu o campeão brasileiro Rargef, então é uma forma da gente celebrar, homenagear esse pessoal dessa forma.

Outro exemplo de feedback que a gente pega por números é a quantidade de pessoas que jogam PVP. Especialmente quando você vem de um cenário de e-Sports, você sabe que o brasileiro é muito competitivo, o brasileiro gosta de demonstrar ao mundo que ele é o melhor, que ele pode, que ele é capaz. Apesar de todos os perrengues, a gente consegue brilhar lá fora. E isso acontece muito em Pokémon GO: o brasileiro e a América Latina são os que mais passam tempo no PVP e em Pokémon GO, mais do que em qualquer outro país no mundo.

E isso se reflete muito nas colocações que a gente tem dos campeonatos oficiais. Um exemplo disso é durante o último, no NAIC [North America International Championships], o campeonato oficial nos Estados Unidos, o top 10 foi povoado de latino-americanos. A gente teve um mexicano em terceiro lugar, a gente teve um brasileiro em terceiro lugar, que era o Steiner, a gente teve o Rargef em sexto lugar, a gente teve chilenos, a gente teve outros latinos lá.

Mesmo sendo um campeonato norte-americano, mais da metade do top 10 era de latinos. E isso é muito legal. Como a gente responde a esse feedback? Por exemplo, a gente está trazendo cada vez mais as transmissões em português.

A gente sabe que, no Brasil, 5% acham que fala inglês e menos de 1% de verdade fala inglês. Então, a gente precisa trazer isso localizado, a gente precisa trazer essas transmissões desses maiores eventos, dos grandes eventos mundiais, traduzidos para o português. E a gente vai chamar os principais especialistas em PVP no Brasil para fazer as narrações, para trazer todas as emoções da competição para o jogador brasileiro.

Vai ser uma transmissão ao vivo, simultânea, em português, para o jogador brasileiro. E a gente tem o Rargef, que é o segundo colocado no PVP no mundo, que é um dos grandes favoritos. Então, de repente, a gente tem aí uma taça para o Brasil, né?


NB: Vocês têm algum projeto ou alguma ideia, de repente já em fase de implementação, de aumentar as frequências desses Dias Comunitários?

LW: A gente está sempre considerando o feedback dos nossos jogadores para modificar um pouco a experiência e melhorá-la durante os Dias Comunitários. Eu acho que uma das coisas que a gente tem feito é tentar variar um pouco no conteúdo e na forma que a gente disponibiliza esse conteúdo, sempre de uma maneira significativa

Os nossos Dias Comunitários têm relação com as mais diversas partes da franquia Pokémon, eles têm relação com o que está acontecendo no Pokémon GO, com tudo aquilo que está disponível. Então, a gente tem tentado variar um pouco o conteúdo disponibilizado para sempre mostrar que todo Pokémon tem a sua base de fãs, tem os seus favoritos, todo Pokémon é amado e a gente quer trazer todos eles para o jogo.

Então, a gente está sempre explorando formas de trazer um conteúdo um pouquinho diferente em cada Dia Comunitário. A gente pode falar, também, sobre essas experiências do Dia Comunitário através dos programas de suporte de comunidades que estão ativos no mundo inteiro.

Nós temos programas, não somente na América Latina e no Sudeste Asiático, mas a nível global, cujo principal elemento é uma experiência melhorada durante o Dia Comunitário no jogo também. Então, os treinadores podem receber vouchers de itens gratuitos para que eles possam ter uma experiência ainda mais bacana durante os Dias Comunitários.

A gente adiciona Poképaradas e ginásios extras durante os eventos. Ou seja, você tem mais Pokébolas gratuitas, você pode participar de raids e também estamos experimentando alguns recursos novos. A gente não pode falar muito, mas posso até dar um exemplo. Estamos trazendo um elemento de raids para o dia comunitário.

Mas a gente está sempre explorando formas de trazer conteúdo novo, baseado nos comentários dos nossos jogadores, para esses eventos também. Outra coisa que você vai falar são os vouchers do check-in.

Além do Pokémon GO, nós temos também um aplicativo que se chama Campfire. Ele é o nosso aplicativo de chat e de desenvolvimento de comunidades da Niantic e parte integral do nosso programa Clube Campfire.

Por meio desse aplicativo, os jogadores podem dizer que foram a um evento presencial, marcar a presença, fazer check-in. Então, esse recurso permite que os nossos jogadores confirmem que estavam naquele parque, naquele dia, naquele local.

E ao fazer o check-in, os nossos jogadores recebem um código de itens gratuito. Então, todo Dia Comunitário, nós temos uma pesquisa especial do evento, aquela que custa o valor de R$ 1,99 ou equivalente na moeda local, mas ela está sendo distribuída gratuitamente para todos os treinadores que participam do programa.

Então, os treinadores podem ver uma comunidade [no site de Pokémon GO] pertinho deles, ir ao evento e utilizar o Campfire para fazer um check-in. Uma vez feito o check-in, eles recebem esse código direto no aplicativo e podem ativar o código na loja online do Pokémon GO. Essa experiência traz um item pago do jogo de maneira gratuita para os nossos treinadores; com isso, eles podem ter uma experiência ainda melhor durante o Dia Comunitário com mais conteúdo do que eles teriam ao jogarem sozinhos ou não participarem nesses eventos.

Então, está muito atrativo você não somente jogar de casa, jogar um pouco mais isolado, mas aproveitar o Pokémon GO ao máximo. Presencialmente nos parques, nos eventos e em comunidade para ter uma experiência melhor com todos, mas também no seu jogo.

NB: Também a respeito de jogadores e comunidades, você comentou que são 65 cidades. Como a Niantic pretende ampliar essas cidades? Por exemplo, levar o Pokémon GO para cidades menores do interior, que nem sempre têm esse acesso, mas você vê jogadores dessas cidades menores que querem fazer parte da comunidade?

LW: A gente já tem em um certo ponto isso acontecendo atualmente. O programa Clube Campfire está disponível em todo o Brasil, então não há qualquer limitação de cidades participantes. A gente tem cidades de grande porte, as capitais estão quase todas participando do projeto com comunidades locais, mas temos também comunidades de cidades muito pequenas que já participam do projeto e que fazem um trabalho super bacana.

Então, temos cidades do interior de São Paulo e também acabamos de adicionar Manacapuru, que fica no Amazonas, e Sobral, no Ceará. São cidades um pouco menores, mas que têm uma base de jogadores muito engajada e muito participativa.

A gente tem uma série de cidades menores que já estão participando e já fazem parte desse programa, ganhando os mesmos benefícios das demais. É uma coisa muito legal para trazer essa experiência, mas a gente está escalando o nosso projeto e aumentando o seu alcance.

As inscrições são feitas de maneira online, então basta que o grupo tenha um canal no WhatsApp ou em qualquer plataforma digital e faça a inscrição no site do nosso projeto. Então, fazendo essa inscrição, ele [o grupo] já pode começar a participar, já recebe alguns benefícios iniciais e já pode ingressar nesse programa [Clube Campfire].

Atualmente, estamos estudando maneiras de integrá-lo ainda mais no jogo, para que os nossos jogadores fiquem por dentro dessas novidades em qualquer local, saibam ainda mais sobre o programa. Nós estamos também trabalhando com indicações dos nossos líderes de comunidades existentes.

O pessoal de diversas cidades no Brasil, principalmente de cidades como Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, Recife, trabalha junto com grupos locais que estão em cidades vizinhas. Em Recife mesmo, nós temos o grupo de Recife, que é a cidade principal, mas o pessoal de Olinda, que também queria fazer parte do projeto. E aí a gente recebe essa indicação e consegue também incluir essas comunidades das cidades vizinhas como parte do programa.

O nosso programa tenta sempre ser muito inclusivo, nós tentamos não estabelecer critérios difíceis, basta você ter um grupo de jogadores que se reúne no mundo real e você já pode fazer parte do projeto e jogar nas nossas cidades. A melhor forma de expressar isso é que os principais eventos, como o GoFest e os eventos de comunidade com o suporte da Niantic, não acontecem somente nas capitais do Sudeste, que é onde costuma ficar a nossa bolha; a gente tenta sempre expandir para as demais capitais.

Por exemplo, o nosso primeiro evento de Dia Comunitário com o suporte oficial da Niantic aconteceu no ano passado, em Fortaleza. A comunidade [de Fortaleza] é uma das mais engajadas do Brasil, tem mais de mil membros participantes e por isso nós identificamos que esse grupo organizado merecia um evento de grande porte.

Então nós preparamos uma ativação presencial lá, nós levamos a estrutura da Niantic, levamos a Poképarada física para lá e fizemos junto com a comunidade um dia incrível, em que mais de 1.500 pessoas participaram dessa celebração.

A primeira de todas não foi em São Paulo, não foi no Rio, foi em Fortaleza. Desde então, nós já fizemos atividades em Fortaleza, Belo Horizonte, em Recife, em Brasília, em São Paulo e no Rio também, e estamos sempre tentando trazer as nossas atividades para qualquer região do Brasil.

EA: Não importa onde os nossos jogadores estejam, nós estamos tentando estar presentes nesses locais. A gente quer realizar atividades nesses locais também e temos sempre muitas oportunidades com o Dia Comunitário para fazer isso. E mesmo dentro das cidades, né

Por exemplo, em São Paulo, a gente tem uma grande comunidade no Ibirapuera, mas a gente sabe que chegar ao Ibirapuera não é uma opção para muita gente, especialmente quando você mora na Zona Leste. De São Mateus até o Ibirapuera é um rolê, então a gente sempre procura em grandes cidades mais de uma comunidade que eles possam celebrar em diferentes parques, em diferentes regiões da cidade para ser acessível a todo mundo e é isso.


NB: Para terminar essa parte de jogadores, como vocês consideram o Pokémon GO atual para novos jogadores? Como dá para deixar um novo jogador mais confortável com o jogo? Por exemplo, se eu quisesse começar o Pokémon GO hoje com todas essas novidades, como vocês consideram essa questão de ele ser amigável para novos jogadores?

EA: Essa é uma boa pergunta, e a gente sempre se pergunta isso. A principal dificuldade para um primeiro contato com o Pokémon GO é explicar para o jogador que não existe um joystick. Você não mexe o seu personagem com o joystick, você não direciona ele com o direcional no celular, você precisa andar. A partir do momento que a pessoa entende isso, então tudo se desenrola.

O Brasil é um dos países que mais traz novos jogadores no mundo. Eles se divertem bastante, eles evoluem muito rapidamente, eles gostam do quão o jogo é simples e ele apresenta cada uma dessas possibilidades, mesmo tendo N possibilidades, PVP, Raids, jogar em grupo, trocas e afins. Todas essas possibilidades são apresentadas de acordo com o nível do personagem.

Então, à medida que você vai evoluindo, à medida que você vai fazendo coisas, conquistando mais Pokémon, juntando mais experiências, chegando a níveis maiores, você vai habilitando essas coisas de forma gradual. É algo bastante amigável, simples, intuitivo.

E também para ajudar aqueles que têm um pouco mais de dificuldade, a gente tem trabalhado muito junto ao pessoal de Pokémon TCG, que tem o programa Primeiros Passos [First Steps]. Nele, eles ensinam os primeiros passos para você jogar Pokémon TCG, e agora a gente tem exatamente a mesma coisa para o Pokémon GO.

As pessoas aprendem com instrutores, com professores, a como começar a jogar, a ter o seu inicial, a jogar a Pokébola, a fazer a jogada curva, como você faz um grupo, como você faz PVP, como você faz raid, as vantagens disso, de você batalhar em Ginásio. Então todas essas coisas ele aprende no First Steps e, assim que o jogador conclui esse curso, que são 15 minutos, ele ganha alguns itens muito legais que para um jogador inicial vão ser muito úteis, como Pokébolas, poções, itens de reviver e outras coisas.

NB: Para fechar a entrevista, vocês querem falar mais alguma coisa?

EA: Claro! A principal novidade que a gente trouxe para a gamescom foi um teaser do grande evento que vai acontecer aqui em São Paulo, na cidade inteira, mas a gente infelizmente não pode soltar mais informações sobre isso, mas desde já convida todo mundo, porque será uma experiência incrível. E antes desse evento que vai acontecer em dezembro, nós também temos o Pokémon GO Fest, tanto em São Paulo quanto em todo o Brasil.

No restante do Brasil, são 70 cidades que receberão celebrações de comunidade, organizadas pelos participantes do Clube Campfire. Nessas celebrações, nós teremos ainda mais Poképaradas e ginásios adicionais, distribuição de vouchers gratuitos com itens do Pokémon GO, atividades e dinâmicas organizadas por essas comunidades.

Aqui em São Paulo, nós vamos ter uma ativação super bacana no Shopping Cidade de São Paulo. Ambas as atividades ocorrem nos dias 13 e 14 de julho. Nós teremos, pela primeira vez aqui em São Paulo, um ginásio em tamanho real, com mais de oito metros de altura, com telas de LED, que vai estar presente no shopping e vai ser integrado com o jogo.

Então, quando algum treinador derrubar aquele ginásio, isso vai estar refletido no ginásio no mundo real. Então a realização dessa nossa integração do mundo virtual com o mundo real vai estar expressa através desse ginásio no mundo real.

E além disso vamos ter a participação de criadores de conteúdo, membros das comunidades locais também estarão presentes, teremos distribuição de brindes oficiais, dinâmicas, sorteios.

Então vai ser um fim de semana muito legal com o Pokémon GO, com o melhor evento do ano [Pokémon GO Fest], mas também com as comunidades, com os criadores de conteúdo e com os jogadores de todos os lugares vindo celebrar junto com a gente.

Estejam lá! É isso!


Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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