Quem foi criança nos anos 1980 e 1990 com certeza se lembra das peripécias de Tom e Jerry, uma das duplas mais icônicas dos desenhos animados. O gato cinza e o ratinho marrom foram criados pela Hanna-Barbera em 1940, a chamada “era de ouro da animação”, e, desde então, várias gerações tiveram contato com esses atrapalhados protagonistas — curiosidade: no Brasil, o desenho animado foi reprisado por mais de 20 anos na TV aberta, além de ter sido transmitido nos canais por assinatura TNT, Cartoon Network, Boomerang e Tooncast.
A dupla também foi protagonista de diversos jogos, sendo um deles Tom and Jerry: Mouse Hunt, lançado em 2001 para o Game Boy Color. Embora não tenha sido o primeiro título dos dois para o portátil colorido da Nintendo, ele é um dos que mais chama a atenção no catálogo por, apesar de sua simplicidade, trazer uma gameplay divertida e que capta bem a essência da criação da Hanna-Barbera.
Quando o gato não está, os ratos fazem a festa — ou algo assim?
A trama de Mouse Hunt não tem nenhum segredo: certo dia, Jerry convida seus familiares (incluindo o icônico Espeto, originalmente chamado de Tuffy ou Nibbles) para uma festa na casa dos donos de Tom. No entanto, o gato, ao saber disso, não fica nada feliz e decide colocar um fim na reunião dos ratinhos.
Sendo assim, na pele de Tom ou Jerry, devemos capturar — ou resgatar — primeiro o número de roedores estipulado dentro de um tempo-limite. Ao todo, são 25 cenários diferentes, cada qual representando locais diferentes, incluindo os cômodos da casa em que Tom e Jerry vivem.
A dificuldade, independentemente do modo de jogo escolhido, escala à medida que passamos de níveis, como todo bom jogo no estilo arcade. Além disso, encontramos diversos power-ups e “armas”, como tacos de beisebol, frigideiras e bombas (sim, Tom e Jerry era um desenho violento); em alguns momentos, outros personagens, como o cão Spike e a dona de Tom, também aparecem como obstáculos na algazarra toda.
A parte mais divertida, contudo, é usar queijo para atrair os ratinhos para nossa base ou jogar uma bomba para explodir o QG do adversário e tomar para si todos os alvos coletados por ele. Ou seja, até o contador chegar ao fim, vale tudo nessa festa muito louca.
Fora a ação estilo battle royale, Mouse Hunt conta ainda com dois minijogos que ajudam a aumentar nossa pontuação: Plate Panic e Whack-a-Mouse, que se revezam a cada cinco fases concluídas. O meu favorito até hoje é o simpático Whack-a-Mouse, no qual devemos martelar os ratinhos que aparecem na tela; porém, impedir que os pratos se quebrem em Plate Panic também tem seu charme.
A essência de Tom e Jerry no portátil colorido da Nintendo
Como comentei, Tom and Jerry: Mouse Hunt traz, de forma simples, mas eficiente, o cerne do clássico desenho animado. Isso se traduz especialmente nos sprites charmosos da quinta geração de consoles, ainda na era 8-bits. A jogabilidade é bastante fluida, ainda mais quando contamos com rolagem de tela automática, e os efeitos especiais, como os inúmeros galos provenientes de marteladas e personagens tostados por explosivos, são um charme à parte — isto é, se você não se importa com a violência clássica desses dois rivais.
No entanto, mesmo com uma jogabilidade divertida e envolvente — acredite em mim, você nem vê a hora passar —, o jogo peca por não contar com um modo multiplayer para jogar via cabo Game Link. Outro ponto negativo é a falta de diversidade de músicas e efeitos sonoros. Com o passar do tempo, por mais que eles remetam à série animada, logo se tornam enjoativos e esquecíveis. Porém, levando em conta as limitações da época, ainda considero Mouse Hunt uma das melhores adaptações de clássicos para o Game Boy Color.
Seja como for, o jogo vale a pena ser revisitado nos dias atuais. Afinal, quem não gosta de caos e confusão em meio a personagens icônicos que marcaram a infância de várias pessoas no mundo todo?
Revisão: Davi Sousa
Capa: Juliana Paiva Zapparoli
Screenshots: MobyGames