Dragon Quest V: Hand of the Heavenly Bride (DS) — a chegada de um RPG extraordinário ao Ocidente

O quinto título da série levou mais de uma década para ser lançado no nosso lado do globo.

em 24/07/2024
Em 1992, após quatro jogos lançados para o Nintendinho, a imortal franquia de RPGs concebida por Yuji Horii estreou no Super Nintendo com Dragon Quest V: Hand of the Heavenly Bride. No entanto, o Ocidente só veria essa incrível obra em 2009, com a chegada de um remake para o Nintendo DS.

Tendo alcançado grande sucesso comercial e de crítica, podemos afirmar sem nenhum receio que DQV é um dos melhores jogos de toda a franquia e um dos RPGs mais impressionantes que já tive a oportunidade de conhecer.

A construção de um herói

A história de Dragon Quest V começa mostrando o nascimento do nosso protagonista, filho do rei Pankraz e da rainha Madalena, soberanos da cidade de Ghota. Alguns anos se passam e, sem sabermos exatamente o que aconteceu e o que o antigo monarca está buscando, vemos nosso herói e seu pai partindo em uma jornada.

Semelhantemente a Dragon Quest IV: Chapters of The Chosen, Hand of the Heavenly Bride possui uma narrativa fragmentada em arcos, também denominados de gerações. No entanto, ao invés de cada capítulo mostrar a perspectiva e a jornada inicial de cada pessoa que se unirá ao grupo futuramente, DQV foca somente no personagem principal, mostrando diferentes momentos de sua vida.

Na primeira geração, controlamos o herói ainda criança, vivendo algumas pequenas aventuras e conhecendo alguns indivíduos que serão importantes no seu futuro. O segundo segmento se inicia cerca de dez anos mais tarde, nos colocando na pele de um protagonista mais maduro e nos dando a possibilidade de escolher uma dentre três garotas para casar. 

Finalmente, o terceiro e último arco avança no tempo novamente e nos apresenta uma família consolidada, com o casal possuindo dois filhos em idades próximas às que tínhamos no primeiro capítulo.

A estrutura narrativa de Dragon Quest V é, sem sombra de dúvidas, uma das mais sólidas e satisfatórias que já vi em um RPG. Ao invés de simplesmente assumirmos o papel de um indivíduo que de repente se torna um herói, vemos toda a sua jornada até se tornar um de fato, passando não apenas por suas vitórias, mas também acompanhando os seus fracassos e perdas.

Ainda nesse sentido, a história de Hand of the Heavenly Bride traz algumas reviravoltas interessantes e muitos momentos emocionantes (inclusive com uma pitadinha de viagem no tempo), fazendo com que o sentimento de estarmos em uma grande aventura, uma das principais características da série, seja mais palpável do que nunca.

Dragon Quest V não apresenta um vilão fascinante que desperta em nós o desejo de conhecer tudo sobre ele, como ocorre com Psaro em DQIV, e também não traz um grupo de personagens tão extraordinariamente cativantes que cria uma dificuldade grandiosa de escolhermos quem deixar na equipe, como ocorre em Dragon Quest XI. Ao invés disso, essa entrada traz uma jornada mais pessoal, cujo grande mérito é a evolução do protagonista e a formação de sua família.

Remake de um RPG clássico

Em linhas gerais, Dragon Quest V possui uma jogabilidade semelhante à dos demais jogos 2D da franquia, na qual nos aventuramos por um grande mapa externo e adentramos ambientes internos, como cidades, masmorras, castelos e cavernas, para dar seguimento à campanha.

Os combates baseados em turnos contam com uma perspectiva em primeira pessoa e se iniciam aleatoriamente, fornecendo, além dos ataques padrão, diversas opções de habilidades que causam dano, restauram saúde e efeitos negativos ou aplicam buffs e debuffs. Por pertencer à trilogia Zenithia (Dragon Quest IV, V e VI), temos alguns aspectos que ligam esse título aos outros dois, mas nada que impeça sua apreciação isolada ou fora de ordem.

Como não poderia deixar de ser, a presença do extraordinário traço de Akira Toriyama coloca muita identidade e carisma no jogo, fazendo com que ele seja reconhecível de longe. Nesse sentido, o remake para Nintendo DS foi muito beneficiado pela capacidade do console, com os sprites dos personagens e monstros sendo maravilhosamente belos, especialmente os dos inimigos, que apresentam boa movimentação durante seus ataques.

É importante mencionar que essa entrada é muito baseada no remake que Dragon Quest V recebeu para PlayStation 2 em 2004, o qual foi lançado apenas no Japão. Em razão disso, temos na versão de Nintendo DS diversas melhorias que essa edição aprimorada de PS2 trouxe em comparação com a original de Super Nintendo.

Para citar algumas, podemos destacar a expansão do grupo de três para quatro personagens, alguns ambientes redesenhados, maior número de monstros para recrutar (veremos essa mecânica mais adiante), possibilidade de conversar com os aliados durante a aventura e aumento da inteligência artificial dos membros da equipe. 

Como acréscimo exclusivo da versão lançada para o saudoso portátil da Nintendo, destaca-se a introdução de uma garota chamada Debora como opção de casamento; originalmente, eram apenas duas alternativas: Bianca e Nera.



Recrutando monstros pela primeira vez

Em razão de Dragon Quest V possuir uma estrutura narrativa completamente focada no protagonista, não temos a introdução permanente de outros aliados como membros da equipe, mas sim alguns indivíduos que ingressam no time em momentos pontuais da jornada.

No entanto, nossa aventura nunca é solitária, pois Hand of the Heavenly Bride foi o primeiro título da franquia (e um dos primeiros do gênero, ao lado de Megami Tensei) a introduzir o conceito de recrutar monstros adversários para utilizarmos como aliados durante os combates.

Aqui, quando derrotamos uma criatura, há uma chance de que ela queira se unir ao nosso grupo. Nesse sentido, cada besta evolui de nível como um personagem padrão e conta com diferentes habilidades e atributos, além da possibilidade de equipar armas e armaduras distintas.

Como já mencionamos em outras oportunidades, essa mecânica, somada à de definição de comportamentos automáticos (herdada de Dragon Quest IV), foi posteriormente aprimorada e deu origem à sub-série Dragon Quest Monsters, que atualmente conta com sete entradas (sem contar os remakes e um jogo lançado apenas para celulares), todas disponíveis em diferentes plataformas portáteis da Nintendo

Além de ser extremamente divertido e viciante, e conceder variedade e profundidade aos combates, esse sistema ajuda a dar mais utilidade ao grinding, já que, além dos pontos de experiência e do dinheiro, a repetição das batalhas pode recompensar o jogador com a “captura” da criatura que ele deseja.

Uma obra atemporal 

Dragon Quest V: Hand of the Heavenly Bride é um jogo atemporal e um dos melhores produtos do gênero RPG, brilhando não apenas pela sua jogabilidade sólida e viciante, mas principalmente pela profundidade emocional que entrega em sua narrativa. Acompanhar a jornada do protagonista, desde a infância até a formação de sua própria família, é uma experiência simplesmente inesquecível.

Revisão: Davi Sousa 
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