Metroid Prime Trilogy: 15 anos da coletânea para o Wii

A coletânea é uma das melhores formas de experienciar a série Prime até hoje.

em 18/07/2024

Comemorando os 15 anos do lançamento de Metroid Prime Trilogy para o Nintendo Wii, relembramos o impacto duradouro desta coletânea na franquia Metroid. Ela não apenas consolidou os três jogos Prime como um marco na transição do universo 2D para o 3D, mas também elevou a série a novos patamares de imersão e narrativa na franquia. Ao revisitarmos essa obra-prima, exploramos como cada título contribuiu para o legado de Metroid e como as melhorias implementadas na trilogia continuam a influenciar o design de jogos até hoje.


Expandindo a série


Embora Metroid Prime 4: Beyond esteja aí para fazer a franquia ir além e se tornar uma saga ainda maior, o lançamento de Metroid Prime Trilogy define bem o que essa compilação é: um ciclo completo. Metroid Prime veio para se tornar uma das melhores transposições de jogos 2D para o 3D até hoje, não apenas inserindo uma nova perspectiva visual com o formato de FPS moderno, mas também traduzindo perfeitamente o universo de Metroid e o expandindo de forma considerável.

No universo 2D da série, a estética obscura, o enclausuramento e a solidão ditavam a jornada por ambientes misteriosos, com segredos narrativos acessíveis apenas por meio de manuais e obras complementares, como histórias em quadrinhos curtas. Prime veio para tornar o universo da série ainda mais rico, com mais conhecimento e exposição de sua narrativa, mas sem ser intrusivo.

Enquanto a maioria dos jogos de sua época (e até hoje) com narrativas expressivas nos obriga a encarar textos ou cutscenes extensas para criar imersão, a série Prime seguiu um caminho diferente e mais interessante. Através de um level design inteligente, competente e rico, os jogos conseguem traçar uma narrativa coesa com a situação e o clima propostos em cada um dos games da série. Estações espaciais destruídas, com corpos de membros da tripulação espalhados, destroços e caos; planetas abandonados, com crateras, ruínas e instalações de pesquisa deixadas às pressas, com infecções e mutações de seres previamente vistos; conflitos bélicos, infecção e corrupção de antigos aliados que devemos enfrentar — tudo está ali, construído para contar de forma coerente a jornada de Samus através dos cenários, situações e da própria personagem.


Para aqueles que desejavam uma imersão maior na lore das aventuras, o sistema de escaneamento dava acesso a vários detalhes sobre absolutamente tudo ao redor, desde o funcionamento de maquinários até os inimigos, chefes, objetos e mensagens de civilizações quase extintas. Apesar do sistema de scanner ser uma das mecânicas mais presentes e marcantes da série, ele não obriga os jogadores a nada além de seu uso para abrir certas estruturas. O jogo jamais força leituras obrigatórias.

Embora a história seja contada principalmente através do ambiente e dos registros encontrados no jogo, Metroid Prime consegue narrar uma história profunda e envolvente que complementa os jogos anteriores da série.

Três jogos com objetivos diferentes


Metroid Prime faz uma transição quase perfeita da série para o universo 3D, mantendo o sentido de exploração, isolamento e fortalecimento gradual tradicionais da franquia. Os adversários são velhos conhecidos e os objetivos retomam elementos familiares, com os lacaios space pirates, seu líder Ridley e os Metroids presentes para garantir que, apesar da nova estética, o jogo mantenha suas raízes. Mas Prime logo mostra que não ficará preso a isso, trazendo transformações e processos narrativos que só culminariam em Metroid Prime 3: Corruption.

Apesar de Prime ser revolucionário e se tornar um dos jogos mais bem avaliados até hoje, ele ainda era conciso e direto ao ponto, sendo puro Metroid transposto para o mundo tridimensional. Prime 2: Echoes pega tudo o que foi feito em seu antecessor e lhe dá um ar ainda mais sombrio e dramático. A inclusão dos soldados da federação, dos Luminoth (uma raça tão antiga e avançada quanto os Chozo) e mesmo a entidade Metroid Prime transformada em Dark Samus enriquecem ainda mais o universo tanto da franquia original quanto da série Prime.


Prime 3: Corruption, por sua vez, se afasta de algumas características marcantes da franquia, como a extensiva exploração de ambientes, e segue um caminho mais linear. No entanto, é um dos jogos com maior peso narrativo dentro da franquia, mostrando a relação entre Samus, a federação e outros caçadores de recompensa. 

Os momentos iniciais de Prime 3 destacam a beleza dos visuais que o Wii poderia oferecer, com um combate espacial entre a federação e os piratas espaciais. Corruption usou habilmente os controles de movimento do Wii em diversos momentos, sendo claramente um dos pontos principais para os desenvolvedores. Embora os controles funcionem de forma agradável na maior parte das vezes, alguns momentos se tornam repetitivos, principalmente na resolução de puzzles e certas tarefas. Ainda assim, Prime 3: Corruption soube terminar habilmente a trilogia.

Melhorando o que já era (quase) perfeito


Embora Metroid Prime e Prime 2 sejam reconhecidamente grandes jogos, Corruption, com seus visuais atualizados e o uso do controle de movimentos, mostrou como a série poderia ser ainda melhor. Metroid Prime Trilogy, lançada apenas dois anos após o terceiro jogo, trouxe mudanças significativas, especialmente nos dois primeiros títulos.

As melhorias vistas em Trilogy parecem se basear em três pontos: melhoria visual, aprimoramento da jogabilidade e acessibilidade à série. O Wii tinha acesso a uma melhor resolução, permitindo trazer um visual mais belo, polido e com texturas aprimoradas para Prime e Echoes, deixando jogos já visualmente incríveis ainda mais belos e com acesso à widescreen.


A inclusão da mecânica de controles de movimento nos dois primeiros títulos funcionou de forma natural, como se já tivessem sido concebidos para esse tipo de esquema de controle. O ponto de vista do capacete da Samus, com seus dados e detalhes e sua Arm Cannon sempre à frente, mas que só permitiam uma movimentação relativamente limitada com o analógico e os lock-ons com dash laterais, sugeria uma liberdade de movimentação que só chegou graças ao Wii. Curiosamente, o esquema de movimentação de Corruption também parece ter recebido alguma calibragem ou melhoria em relação ao original.

Mas há também o terceiro ponto: Prime e Echoes são jogos originais de GameCube, console que não foi um dos mais populares. Ao contrário, o Wii era o console mais vendido de sua geração. Manter Prime e Echoes presos, jogos tão relevantes e dos melhores não só da biblioteca do GameCube, mas da geração, enquanto Corruption saía isoladamente no Wii seria um erro. Prime Trilogy acabou consolidando o acesso aos dois primeiros jogos, consagrando a trilogia de uma das franquias mais influentes até hoje.

Relevância e influência

Além dos méritos individuais de cada jogo e dos aspectos técnicos da versão da trilogia, Trilogy tem seus próprios méritos. Embora não possa ser chamado de remasterização como conhecemos hoje, as versões de Prime e Echoes da compilação trazem uma evidente melhoria em relação aos seus originais, influenciando como as desenvolvedoras veem e trabalham em coletâneas de jogos e franquias de longa data. A forma como os três jogos estão inseridos na trilogia também é um ponto forte; não há longos loadings e cada game pode ser acessado rapidamente. Trilogy teve uma ótima recepção, não ficando aquém das altas notas que cada jogo da franquia havia recebido até então.

15 anos de Trilogy


Quinze anos após seu lançamento, Metroid Prime Trilogy permanece um marco indelével na história dos videogames. A coletânea não só ofereceu uma experiência aprimorada dos primeiros jogos, mas também estabeleceu um padrão elevado para relançamentos e compilações. Ao integrar melhorias visuais, jogabilidade refinada e acessibilidade, Trilogy não apenas homenageou o passado da franquia Metroid, mas também a consolidou. 

Revisão: Cristiane Amarante
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Fernando Paixão Rosa, normalmente referenciado por Lorde, está escrevendo pela internet afora há mais de dez anos e com alguns livros publicados. Escutando música 24h/dia, fã de cultura pop em suas muitas manifestações e mais fã ainda das IP's da Nintendo. Registrando as aventuras nos games no Instagram (@lordeverse) e Twitch (@lordeverso).
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