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Análise: Radiant Tale -Fanfare- (Switch) é uma experiência carismática para quem quer voltar aos palcos da fantasia

Fandisk do otome game nos leva de volta ao mundo do espetáculo.

Radiant Tale é uma das obras recentes da Otomate que chegou ao Ocidente em 2023. O título contava a história de Tiffalia, uma jovem garota que se junta a um grupo circense especial que tinha a tarefa de coletar os sorrisos dos cidadãos de várias regiões do reino de Escholtia para que o príncipe se recuperasse de uma grave situação.

Com Radiant Tale -Fanfare-, voltamos a esse universo encantador para ver epílogos do que aconteceu no original e rotas alternativas. Fanfare é o que se chama de fandisk, uma expansão vendida de forma independente e que costuma ser feita para as visual novels populares.

Três modos de história

Logo de cara, devemos escolher o nome para a protagonista, sendo Tifalia o original e, caso o jogador mantenha essa versão, poderá escutar os personagens falarem o seu nome. Após uma rápida introdução em que a personagem demonstra insegurança de voltar aos palcos, somos apresentados ao menu de opções.

A lista de “modos” inclui If Story, After Story, e Interlude. A If Story traz um breve resumo dos eventos do jogo original, explicando a jornada de Tifalia junto com a CIRCUS, mas a personagem não consegue se aproximar de um dos rapazes. Como resultado, ela se torna secretária de Jinnia e tem a oportunidade de ficar mais íntima dele ou de  se envolver com Liyan, outro personagem que não estava disponível no original.

Além dos dois, podemos interagir um pouco mais com o príncipe Colivus e com Alest, conselheiro obcecado com o jovem membro da família real. As histórias de ambos são tratadas mais como finais extras em vez de rotas próprias, o que é uma pena tendo em mente que era uma ótima oportunidade para explorar mais a fundo as condições psicológicas pelas quais Colivus e Tifalia passaram.

Já a opção After Story nos leva a um outro menu no qual selecionamos um dos rapazes disponíveis no original. Cada final bom do original leva a um epílogo aqui que traz novos desafios para o novo casal. Em especial, são explorados novamente os elementos de construção de mundo do original, que envolvem aspectos sociais e mágicos, embora a obra não traga mais profundidade para eles.

Para poder aproveitar essas histórias, é fundamental ter feito as rotas do jogo original. A obra até oferece breves resumos dos eventos anteriores, mas eles são mais uma forma de refrescar as memórias do jogador em vez de algo que realmente substitua a experiência completa.

Por fim, temos também histórias adicionais chamadas Interlude. Elas são momentos bem menos relevantes para a trama, servindo como um conteúdo adicional opcional para fãs que querem ver um pouco mais das interações entre os personagens.

Os aspectos técnicos

De forma geral, Radiant Tale: Fanfare é uma expansão adequada para o jogo original, levando os personagens a enfrentarem novas situações. A tradução para o inglês conta com alguns erros de digitação pequenos, mas nada que chame a atenção em particular.

Em comparação com o jogo original, as novas histórias são mais curtas, mas isso não chega a ser um problema. Pessoalmente, considero cada trama satisfatoriamente desenvolvida, exceto pelo final de Colivus, que poderia trazer uma resolução definitiva para as circunstâncias do príncipe.

A obra mantém, de forma geral, as opções de qualidade de vida típicas da Otomate, que incluem log, skip, auto, um dicionário de termos e a possibilidade de pular todo o texto até a próxima escolha ou evento não lido. Porém, nos epílogos da After Story, não existe o menu Status. Embora haja a indicação visual e sonora de que nossa escolha foi correta para obter o melhor final, não temos nenhuma forma de conferir as condições atuais durante a jogatina, uma ausência que não faz sentido.

Nos aspectos visuais e sonoros, a obra continua sendo bem colorida e chamando a atenção. A interface é bem próxima à do jogo original, com alguns ajustes de cor nos menus. Como comentei na análise do Radiant Tale, o que vemos aqui lembra pinturas medievais que brincam com relevo de forma estilosa. Felizmente, no fandisk não notei mais os problemas de aliasing do original.

Uma performance para clientes VIP

Radiant Tale -Fanfare- é uma obra claramente feita para fãs do jogo original. A obra expande a narrativa e mantém as qualidades de Radiant Tale, mas não consegue ir mais fundo na experiência. O resultado é agradável, mas não vale a pena para quem não tiver se encantado pelo original.

Prós

  • As novas opções de romance são interessantes;
  • As rotas de cada personagem expandem de forma interessante a construção de mundo;
  • Os aspectos visuais e sonoros do jogo chamam a atenção com seu estilo focado em cor e performance circense;
  • Típicos elementos de qualidadade de vida das obras da Otomate mantém a experiência agradável.

Contras

  • Ausência do menu Status para os epílogos;
  • Como usual de um fandisk, boa parte da experiência só vale a pena se o jogador já tiver jogado o original;
  • A história de Colivus poderia ter sido explorada mais a fundo
  • Pequenos erros de digitação.

Radiant Tale -Fanfare- — Switch — Nota: 7.0

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Aksys Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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